Entrevista

por Orson Peter Carrara

Tarefeira espírita encontrou no Espiritismo sua  motivação

Natural de Ribeirão Preto e residente em Bauru, ambos municípios paulistas, Luciana Cruz Ribeiro Soares Saad (foto) tem formação em tradução com pós-graduação em Língua Inglesa e vem exercendo a profissão de professora de inglês há 31 anos. É vinculada aos Centros Espíritas Vicente de Paulo e Alvorada Nova (ambos em Bauru). No primeiro participa do Conselho Fiscal e também dos estudos doutrinários; no segundo, atua como aplicadora de passes magnéticos, auxiliando no tratamento espiritual de pacientes junto à equipe ABE (Associação Beneficente Esperança). Conhecida palestrante, ela nos fala nesta entrevista sobre sua vivência nas lides espíritas:

 

Como se tornou espírita?

Na pré-adolescência, eu comecei a me questionar sobre a razão de eu não ter tido a chance de conhecer meus pais biológicos, que partiram quando eu era ainda um bebê. Mesmo eu continuando na mesma família, sendo criada com todo amor e atenção, certas indagações se faziam presentes a este respeito. Na adolescência, uma conhecida me apresentou o livro Laços Eternos e foi esse o primeiro momento em que tive contato com algo vinculado à Doutrina Espírita. Depois desta leitura, eu comecei a frequentar o Centro Espírita Eterna Amizade em Pederneiras - SP (onde eu morava na época) para aprender mais. Lá participei do estudo de O Livro dos Espíritos e d’ O Evangelho Segundo o Espiritismo, trabalhei como evangelizadora, palestrante e aplicadora de passe magnético por mais de 10 anos.    

O que mais lhe chama atenção nesse conhecimento?

O fato de que existe uma razão lógica e justa em tudo o que nos acontece, em situações boas ou ruins e também que, pelo estudo, nós descobrimos a força que temos para enfrentar as dificuldades e aflições ao aplicar este conhecimento no nosso dia-a-dia, tendo a total confiança de que amigos do Alto nos amparam frequentemente. E o conjunto de tudo isso nos permite mais condições de estender as mãos a quem necessita. 

E como tem sido a experiência de palestrante?

Ah, esta experiência tem sido algo muito gratificante em minha vida. Talvez por ser professora há muitos anos, acredito que facilita minha forma de expor ideias e minhas reflexões. Primeiramente, porque tenho a chance de revisar conhecimentos, pesquisar diferentes autores, mentores espirituais e várias obras que tratam do tema escolhido. E o que gosto muito também é de conhecer novos Centros Espíritas, fazer novas amizades, conversar com pessoas que estavam assistindo à palestra e que depois querem um abraço ou falar algo que os emocionaram. Todo o carinho e acolhimento recebidos me deixam muito feliz e com a sensação de dever cumprido por ter tocado corações para algo edificante. Mas reforço que primeiro a lição é para mim! 

Quais os caminhos mais usados no preparo de uma palestra, em termos de roteiro mesmo?

Muitos podem pensar que ser palestrante é somente ir na frente do salão e ler uma mensagem, mas para mim vai muito além disso. Sempre que me proponho a preparar uma nova palestra, recebo intuições de um possível assunto e a partir disso, eu pesquiso diferentes mensagens e informações dentro das obras de Kardec e de outros mentores espirituais deixados para nós por médiuns que foram e são apóstolos de Jesus. Passo dias e semanas organizando a melhor sequência para a apresentação para que faça sentido para quem está ouvindo, preparo slides com frases e imagens para ajudar na parte visual e sempre tento incluir alguma experiência pessoal ou alguma história relacionada ao tema que sempre enriquece a palestra. O segredo é falar com o coração, sempre. 

No contato com o público ouvinte, qual sua percepção mais expressiva?

Como mencionei anteriormente, a conexão com o público ouvinte é muito importante, pois quem está no Centro para ouvir a palestra na maioria das vezes está passando por angústias, dores, sofrimentos de diversos tipos e trazendo uma história ou um acontecimento pessoal, acaba gerando um impacto maior. Eu me emociono muito facilmente quando estou palestrando, e se vejo ouvintes que estão chorando na hora, eu acabo derramando algumas lágrimas também por conta de toda a energia presente no ambiente. Me recordo uma vez, após eu encerrar uma palestra, um moço que não conhecia veio falar comigo e pediu um abraço. Ao abraçá-lo, ele começou a chorar copiosamente como um desabafo e isso me marcou muito porque acabei chorando junto mesmo sem saber a razão da sua tristeza. Em outros momentos, algumas pessoas me encontram tempos depois da palestra e relatam frases muito específicas que eu havia dito que nunca esqueceram e que buscaram se melhorar baseado nelas. 

De suas atividades espíritas, além de palestrante, o que também lhe traz muita satisfação interior? Por quê?

Eu diria que ministrar cursos com meus companheiros de trabalho Anderson Lins e Orlando Dias, onde os participantes estão interessados em aprender sobre a Doutrina Espírita e como facilitadora, há uma troca riquíssima de experiências de vida. Outra atividade eu diria que é o trabalho voluntário. Antes da pandemia eu ajudei no albergue noturno servindo jantar e essa atividade me ajudou a ver a vida por outra perspectiva, pois foi uma oportunidade de vivência da caridade. Não importa qual seja o trabalho voluntário, ele sempre nos cura! Posso afirmar isso principalmente quando eu frequentava o Centro Alvorada Nova como paciente do doutor da espiritualidade e no dia que ele mesmo me convidou a se juntar à equipe da ABE, chorei de emoção. E há mais de 6 anos neste grupo de trabalho de amor, pude notar o quanto ajudar os pacientes que por ali passam e internalizar os ensinamentos trazidos pelos mentores da Casa e pelo doutor, me curaram de muitas feridas emocionais que ainda trazia comigo. 

Algum livro publicado ou planejamento para publicação futura?

Nunca publiquei nenhum livro, mas confesso que alguns amigos já me incentivaram a escrever um. 

E, por falar em literatura espírita, alguma recomendação especial que gostaria de deixar ao leitor? De seu agrado e grande aproveitamento, que pode ser muito útil nos dias atuais. 

É difícil selecionar apenas um livro que recomendaria, mas deixo aqui duas sugestões que me ajudaram muito nos momentos mais desafiadores da minha vida. Eu indicaria o livro Na Luz da Vitória, escrito por José Carlos De Lucca, que tem como objetivo ajudar o leitor a atravessar o deserto da vida, a encarar as provas, a ter coragem de iniciar sua reforma íntima se olhando com mais amor para sairmos desta existência vitoriosos. E minha segunda recomendação é o livro Jesus no Lar, pelo espírito Neio Lúcio, psicografado por Francisco Cândido Xavier que contem histórias narradas por Jesus juntos aos seus discípulos acerca de diversos assuntos que até hoje temos dificuldade em assimilar como a fé, a caridade, o perdão, a humildade e tantos outros. 

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Gostaria imensamente de agradecer o convite de poder participar desta entrevista e que graças a esta Doutrina tão consoladora e esclarecedora que temos em mãos, posso dizer que olhando para o passado, aquela adolescente que teve tantas perdas de entes queridos e que sentia solitária por dentro, conseguiu se transformar em professora, mãe, palestrante e assídua trabalhadora para Jesus. 

Suas palavras finais.

Finalizo minha entrevista com palavras do querido Dr. Bezerra de Menezes trazidas pelas mãos de José Carlos De Lucca no livro Recados do meu coraçãoTenhamos coragem para amar. Jesus precisa de corações valentes no bem. Foi para isso que Ele autorizou nossa reencarnação. Para que transformássemos a Terra a partir da transformação do nosso coração. Essa é a nossa missão. Jesus continua confiando em cada um de nós. Coragem, filhos, o Mestre aguarda o nosso testemunho.

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita