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por Rogério Coelho

 

Nos rumos da perfeição


Nossa inteligência não se modifica sem a aflitiva visitação da dificuldade e da dor.


"A lâmina dos problemas inquietantes como que nos tortura, dia a dia, constrangendo-nos à compreensão mais justa da vida." - Meimei [1]


Com muita propriedade, asseverou Lázaro[2]"(...) em todos os pontos, a Doutrina de Jesus ensina a obediência e a resignação, virtudes essas companheiras inseparáveis da doçura e, ao contrário do que possa parecer, são ambas muito ativas e não   raro   confundidas erradamente com a negação do sentimento e da vontade”.  

Aos que não possuem essas virtudes, resta a alternativa da revolta... e, aí, entram em cena os dolorosos componentes corretores da rota desviada do fanal assinado pelo Pai Celestial para todas as Suas criaturas, fanal esse que é, nada mais nada menos que a perfeição relativa que nos compete lograr.

Através da mediunidade singular de Chico Xavier, a doce Meimei1 estabelece um esclarecedor paralelo que nos leva a profundas reflexões sobre os abendiçoados   e   imarcescíveis mecanismos das Leis Divinas.  Diz a Mentora Espiritual: "(...) nos círculos da Natureza, observamos o arado rasgando o solo e ferindo-o, e se a grande massa rochosa surge de improviso, impedindo o esforço do lavrador, notamos que a dinamite comparece, estilhaçando os obstáculos... Assim também, nossa inteligência não se modifica sem a aflitiva visitação da dificuldade e da dor.

A lâmina dos problemas inquietantes como que nos tortura, dia a dia, constrangendo-nos à compreensão mais justa da vida, e, se o endurecimento espiritual é a nota de nossas reações ante a passagem da máquina purificadora do sofrimento, surgem os impactos diretos da aflição sobre a nossa experiência pessoal, desintegrando-nos antigas cristalizações no egoísmo e no orgulho.

Ofereçamos, assim, nosso coração ao Divino Lapidário que é Jesus. Digne-se o Mestre fazer de nossa existência o que Lhe aprouver.  Os golpes sublimes da Sua Vontade sobre os nossos desejos serão recursos de aperfeiçoamento da maior importância para o nosso grande futuro...

Se a dor nos procura, em forma de incompreensão do meio ou na máscara de tristes desilusões da Terra, abençoemo-la, acentuando a nossa fé viva em Nosso Senhor, e continuemos servindo ao próximo, na medida de nossas possibilidades, porque a dor é realmente Divina Instrutora, capaz de elevar-nos da Terra para o Céu."

Nosso "Modelo e Guia Mais Perfeito” é JESUS...  Só Ele oferece o roteiro seguro para atingirmos a meta comum a todas as criaturas do Pai:  a perfeição relativa! Tão somente o Amigo Divino poderá corrigir nossos rumos libertadores em regime de "jugo suave e fardos leves".   

Recalcitrando, acionamos com a nossa revolta os dispositivos corretores representados pelos sofrimentos e aflições sem nome. A escolha é pessoal e intransferível, de acordo com o livre-arbítrio de cada um, sendo livres para optar, mas, inapelavelmente submetidos ao compulsório da colheita.

Obediência e resignação ou "a revolta insensata que deixa cair o fardo da provação"2; eis a questão!

 


[1] - XAVIER, F. Cândido. Meimei, Vida e mensagem. 3.ed. Matão: O CLARIM, 2001.

[2] - KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 125.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. IX, item 8.


    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita