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por Rogério Coelho

 

O altruísmo nos aproxima de Jesus 


A ética da generosidade centraliza suas atenções na lei de amor

“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.” 
- Jesus

 

Quando a mídia mostra cenas de caridade desinteressada, a reação é de perplexidade!...  Imediatista por excelência, a grande mole humana vê com desconfiança os gestos de abnegação, e busca sempre localizar a segunda intenção ou os ocultos interesses subalternos.

A vida de Jesus, nosso modelo e guia, é a própria materialização do altruísmo em sua expressão máxima.

“Sede perfeitos como perfeito é o Pai Celestial!” Só nos aproximaremos dessa conclamação de Jesus se lograrmos atravessar a ponte do altruísmo que é a antítese do egoísmo.  Ele nos permite alçar vistas para a nobreza da emancipação espiritual, com a consequente alteração do status quo tormentoso das cogitações chãs. O altruísmo torna feliz não só a quem se beneficia de suas benesses, mas em especial a quem o promove.

Todo o capítulo VI do livro “Plenitude” psicografado por Divaldo Pereira Franco, da lavra de Joanna de Ângelis, (Ed. Arte & Cultura – Niterói-RJ) é dedicado ao altruísmo. Ali, entre outras coisas, a nobre Mentora ensina o seguinte: “(...) o altruísmo é o próprio amor ensinado por Jesus, que esquece de Si mesmo para concentrar-se no bem do Seu próximo. Antítese do egoísmo cicatriza as lesões da alma, que este produz, fomentando a vigência da saúde integral; irradia paz envolvente, que alcança e vence as grandes distâncias emocionais e preconceituosas que separam os homens.

O desejo de posse, de gozo, de superioridade, que tipifica o egoísmo, na área libertadora do altruísmo, se converte em anelo de doação, de felicidade, de fraternidade...

“(...) A paciência é o passo seguro na execução do programa altruístico. Há um inter-relacionamento entre os vários requisitos para a integral vivência do altruísmo, que erradica as causas dos sofri­mentos. Um fator depende do outro, que são conquistas do espírito na sua busca de perfeição. Tornando-se saudável exercício de elevação moral, cada um promove a área do sentimento, desenvolvendo o intelecto na arte de compreender para servir, de crescer para libertar-se, de entesourar conhecimentos para distribuí-los. A paciência, em razão disso, é relevante, pelo significado de criar condições no tempo próprio para cada realização. Ela harmoniza as aspirações humanas, elucidando sobre o valor da ação contínua, bem elaborada, que atende a cada tarefa no momento oportuno; faculta repetir qualquer labor malogrado com o mesmo entusiasmo, ensinando como realizá-lo da maneira mais eficiente, sem o cansaço que induz ao abandono da realiza­ção. 

A paciência estimula a coragem, que se esforça para colimar os resultados. Essa coragem é fruto do conhecimento das leis que propiciam a insistência no programa do altruísmo.

(...) Insistir, portanto, com seriedade, pela conquista do altruís­mo, encetando atividades que devem ser concluídas etapa a etapa, constitui passo de segurança para a libertação do sofrimento.

Mede-se, desse modo, o caráter de um homem, pelo esforço que empreende para crescer, para melhorar-se, a fim de enfrentar as reações que o seu ideal e empreendimento provocam.  

O altruísmo não vige sem o esforço para a sua manifestação, considerando-se que parece haver uma conspiração por parte do egoísmo, a fim de impedir-lhe a presença e o predomínio na área da emoção.

Outro fator essencial ao altruísmo é a concentração nele, sem cujo contributo a mente se desvia, abrindo brechas para que se instalem ideias desanimadoras. A concentração amplia os horizontes enquanto fortalece o íntimo, por facultar o intercâmbio de energias superiores que passam a vitalizar o indivíduo, renovando-lhe as forças quando em exaurimento.

Desacostumados aos gestos de elevação, os homens reagem contra eles, tornando-se agressivos e ingratos, para reconhecerem os resultados positivos só posteriormente.  Essa atitude não poucas vezes desanima as pessoas abnegadas e menos preparadas, que recuam ou desistem, porque não buscaram o apoio da meditação e deixaram-se intoxicar pelo bafio pestilento.

Meditando-se, percebe-se a necessidade de maior contribuição altruística e sacrificial, compreendendo-se que a imensa carência de amor responde pela dureza dos sentimentos, e a agressividade predominante atesta a gravidade das doenças morais em desenvolvimento nas criaturas. A meditação amplia a visão a respeito do mal, ao tempo em que equipa o homem de lucidez, fornecendo-lhe os instrumentos próprios para cuidar desse adversário cruel. A arte da concentração é uma conquista valiosa e demorada, que exige cultivo e exercício, a fim de responder de maneira eficiente às necessidades emocionais do homem.   Sem o contributo da concentração quaisquer atividades perdem o brilho e são mal executadas.  É ela que propicia o enriquecimento dos detalhes, a visão particular e geral do empreendimento, revigorando o indivíduo, concedendo-lhe lucidez e inspiração.

Todos os grandes realizadores devem à concentração, ao esforço e à paciência o êxito que alcançaram. Esqueciam-se de tudo, quando fixados no propósito de algo realizar.

(...) Por fim, após a vivência desses variados itens, a sabedoria se instala na mente e no coração do homem, libertando-o da ignorância, apontando-lhe o objetivo real da existência corporal, impulsionando-o para novos tentames.

Confunde-se a sabedoria com o conhecimento intelectual, o burilamento da mente, a fixação da cultura que, apesar de valiosos, são uma conquista horizontal. Torna-se indispensável que, ao lado dessa importante aqui­sição, o sentimento lúcido e profundo do amor se torne a grande vertical do processo evolutivo. Essa conquista vertical é a responsável pelo discernimento de como agir, facultando os recursos lógicos para tal.

A sabedoria faz que o amor seja prudente e um sentimento generoso, doador, altruístico, evitando que se entorpeça com as manifestações do pieguismo, que disfarça os esquemas do ego enfermo. Simultaneamente, proporciona ao intelecto a serena percepção de que à razão se deve unir o sentimento humano, sereno e afável, responsável pelo arrastamento das pessoas.

Quando são desenvolvidos os passos que contribuem para o altruísmo e se adquire sabedoria, ilumina-se o Espírito, e a vida ganha sentido. Os sofrimentos cedem, então, lugar à paz, porque desaparecem os fatores cármicos, vencidos pelas novas ações libertadoras, e, porque não sejam geradas causas atuais negativas, o futuro não se desenha sombrio nem ameaçador.

Assim, o altruísmo viceja na mente e no coração, já não sendo mais o homem quem vive e sim o Cristo que nele passa a viver, conforme acentuou Paulo e o sentiram outros mártires, heróis e sábios de todos os tempos, que se entregaram ao altruísmo em favor da humanidade”.         


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita