Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Um amigo de Chico Xavier o abordou com o seguinte caso:

“Eu sinto, Chico, que a juventude de hoje não aceita assim uma espécie de imposição dos pais. Ainda recentemente, vi um casal muito amigo meu, que tem um casalzinho de filhos, e o pai, assim muito discretamente, disse:

– Meu filho, eu acho que você deveria fazer uma visita para fulano de tal.

Então, ele virou-se, muito petulantezinho, com o nariz arrebitado, e respondeu assim:

– Esse negócio de ‘deveria’ não é comigo, pai. Eu acho que devo ir quando eu achar que devo.

Quer dizer que eles não aceitam mais a palavra dos pais, não aceitam mais um caminho que o pai está mostrando.

Por que será isso, Chico? Será que eles acham que têm que ter o seu mundo próprio, as suas deliberações e seus encaminhamentos? Será que eles estão no caminho certo?”

Chico Xavier, com a calma de sempre, respondeu:

– Não podemos esquecer que os nossos amigos da juventude guardam o direito de serem eles mesmos e de se realizarem por si. Admitimos desse modo que estamos numa época de muito diálogo e de muito entendimento fora daqueles momentos em que acontecem os grandes desastres sentimentais. Dizemos isso porque quase que de modo absoluto, os pais – isso em nos referindo aos pais, no sentido de pais-homens – se dedicam e só têm entrada num entendimento mais longo com os filhos, numa ocasião de acidentes do coração. Precisamos dialogar com os nossos companheiros de juventude, para que se sintam responsáveis por eles mesmos, façam as suas próprias escolhas, tornando-se criaturas úteis ao campo que vieram para servir, que é o campo da humanidade, dentro do qual eles nasceram ou renasceram. Atualmente, nesse sentido, vemos muitas dificuldades e distúrbios, porque o momento, obviamente, é de grandes transformações. Os próprios jovens estão vendo quantos desastres estão surgindo para todos aqueles que se sentem ainda não livres, mas que querem ser demasiadamente livres do lar, dos pais, da família, da influência doméstica, antes de algum amadurecimento do raciocínio. Os jornais estão repletos de informações em que tantos jovens-meninos têm caído em ciladas lastimáveis, por haverem abandonado a influência doméstica, sem maior consideração. Esperemos que nossos rapazes e meninas-moças pensem por si, porque não desejamos retirar deles a liberdade de serem eles mesmos.


Do livro A Terra e o Semeador – Entrevistas, de Chico Xavier e Emmanuel.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita