Artigos

por Roque Roberto Pires de Carvalho

 

Povo assustado


Nos últimos meses zanzando pela internet o que mais se vê são notícias ou pseudonotícias de que o ano de 2024 irá marcar o fim dos tempos, segundo profecias, para regeneração da humanidade. Nossa época está designada para a realização de certos prognósticos, ou seja, o cumprimento das leis da natureza.

Para entender um pouco das preocupações que tomam conta da sociedade, fui buscar na Doutrina Espírita os ensinamentos de Allan Kardec sobre as causas e o porquê dos acontecimentos que todos nós constatamos diariamente – uma tragédia e resgates coletivos aqui, um terremoto acolá, um vulcão mais adiante, tsunamis e mar revolto, invasão de alienígenas, anomalia magnética, cauda de cometa...

Profetas, acreditados ou não, antecipam fatos bíblicos e, convenhamos, é de assustar mesmo. Um fato, porém, é positivo em situações assim: o despertar da solidariedade humana, que se ajusta numa lei universal da natureza.

Apesar de o ser humano sempre achar que é forte e poderoso por ter recebido o título de racional perante os demais seres vivos, é notória a sua fragilidade diante dos problemas da vida e do mundo. A destruição da natureza, a invenção das máquinas de guerra, a desigualdade social, o ateísmo e muitos outros males causados pelo próprio homem tornam-no um ser muito pequeno e pobre, mais que um ser poderoso, dono da situação, em que ele, desastradamente, pretende acreditar.

Desde o momento da concepção, Deus concede ao Espírito que vai encarnar, além do livre-arbítrio, a consciência moral de que o Bem é tudo que está conforme a Lei de Deus, e o Mal, tudo o que lhe é contrário. Qualquer que sejam as ações praticadas contra a Lei de Deus o autor será responsável por seus atos, tendo que reparar, em oportunidades futuras, o mal que cometeu, devendo repetir em piores condições experiências relacionadas àquelas nas quais errou, o que é chamado de expiação.

Seria isso por acaso uma vingança de Deus?

Claro que não! Trata-se da Justiça Divina, cujas leis estão insculpidas na consciência de cada homem, das quais ninguém se exime, visto que Deus é bom, absolutamente misericordioso e essencialmente justo. “A cada um segundo as suas obras”, já ensinara Jesus.

Um exame mais acurado das Leis divinas e em especial da Lei Natural, eterna e imutável como o próprio Deus, nos permite entender que o nosso planeta “precisa que tudo se destrua para renascer e se regenerar, passando por uma transformação que tem por finalidade a renovação e melhoria dos seres vivos”. 

Allan Kardec em respostas recebidas de Espíritos Superiores registra em sua obra que na primeira linha dos flagelos destruidores naturais e independentes do homem devem ser colocadas a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra e as guerras, cuja causa é a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e o transbordamento das paixões. De duas maneiras se executa esse duplo progresso: uma é lenta, gradual e insensível; a outra é caracterizada por mudanças bruscas, mas a cada uma delas corresponde um movimento ascensional que assinala, mediante impressões bem acentuadas, os períodos progressivos da humanidade, em cumprimento assim da Lei do Progresso.

São plataformas do Evangelho redentor:

“Amar a Deus sobre todas as coisas com o coração e entendimento; amar o próximo como a nós mesmos; cessar o egoísmo da animalidade primitiva; fazer o bem aos que nos fazem o mal; abençoar os que nos perseguem e caluniam; orar pela paz dos que sofrem; repartir as alegrias do nosso espírito e os dons de nossa vida com os menos afortunados e mais pobres do caminho; manter viva a chama da esperança onde soprar o frio do desalento; amar, compreender e perdoar sempre sem perder jamais a esperança”. 

Para encerrar, uma sugestão: - Lembremos que os administradores do mundo são, na maioria das vezes, veneráveis prepostos da sabedoria imortal, amparando os potenciais econômicos, passageiros e perecíveis do mundo. E lembremos também as recomendações traçadas no Código da Vida eterna na edificação do Reino divino dentro de nós mesmos, relendo as plataformas acima indicadas.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita