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por Marcus De Mario

 

A evangelização e o futuro


Quando fazemos uma parada nas tarefas diárias de nossa vida movimentada, e estendemos nosso olhar, nossa percepção, para o futuro, percebemos que a humanidade deve tomar um novo rumo, pois não é mais possível assistirmos diariamente a levas de indivíduos adentrarem a sociedade desprovidos de um sentido espiritual para o viver, desligados dos ensinos morais encontrados no Evangelho, pois são os indivíduos egoístas, imediatistas e materialistas que estão mantendo a injustiça social, a corrupção, a violência e demais males que desafiam o viver social. As paixões desarvoradas e os vícios de toda ordem, engendram problemas incontáveis, favorecendo o alcoolismo, o consumo das drogas, a sexualidade irresponsável, a criminalidade e tantas outras coisas que continuam a preencher o conteúdo das mídias de comunicação, tendo por base o egoísmo e o orgulho que, por sua vez, nos remetem à indiferença e ao vazio existencial, lotando os consultórios médicos e terapêuticos com graves casos de melancolia, depressão, transtornos os mais diversos, e tendência ao suicídio. Diante disso, precisamos trabalhar para que o futuro seja melhor, mas o que devemos fazer, qual é o caminho?

A ciência, por demais materialista, não nos apresenta esse caminho; a religião tradicional, por ser dogmática, não esclarece convenientemente o caminho a seguir; a filosofia, por se perder em teorias sem fim, não nos oferta um porto seguro; então temos que buscar esse caminho, esse novo sentido de viver, numa doutrina que renove a esperança, que remeta o ser humano para o bem, que alicerce sua fé na razão, que explique a transcendência da vida, e essa doutrina está no Espiritismo, ao nos informar, e comprovar, que somos almas imortais, que a reencarnação existe, que a morte é apenas a passagem para a vida espiritual, que estar neste mundo é oportunidade evolutiva, e que cada ser recebe de acordo com o que faz, de acordo com o uso do livre arbítrio. E o que indica o Espiritismo para que o nosso futuro seja melhor? Ele nos diz que somente encontraremos a felicidade quando realizarmos a transformação moral nossa e da coletividade, e isso somente acontecerá com a aplicação da educação, mas não somente a educação intelectual, como hoje assistimos, e sim a educação moral.

A educação que forma o caráter é mais importante que a educação que fornece conhecimentos. A educação que corrige as más tendências e cria bons hábitos, é mais importante que a educação que realiza formação técnica. Que adianta termos indivíduos que saem dos bancos escolares diplomados, se são desonestos? Hoje aprendemos mil coisas nas escolas, mas nem todas são úteis. Se não trabalharmos o desenvolvimento de valores, da ética e do sentimento, continuaremos a assistir agindo na sociedade pessoas egoístas, insensíveis, indiferentes, deixando-se levar pelo amor próprio, por um individualismo exagerado, rasteiro, que prioriza ganhos materiais, mesmo que em prejuízo da coletividade humana e da natureza, afinal o pensamento materialista enxerga apenas o aqui e agora, considerando que é necessário gozar todo o possível antes que a morte, considerada o fim de tudo, anuncie sua presença.

O Espiritismo, lançando luz sobre as questões mais intrincadas da existência humana, respondendo às mais diversas questões com lógica e fatos observados e estudados, conclama o ser humano para uma nova visão sobre a vida, dando sentido pleno à solidariedade, à fraternidade e à caridade. Faz com que pensemos não apenas em nós, mas em todos, visando o bem que seja bom para todos, e não apenas para um grupo mesquinho que quer apenas se locupletar, açambarcar aquilo que deve ser do coletivo. Então, compreendemos que somente a educação moral na luz da imortalidade pode transformar a humanidade. Mas essa educação não é possível de acontecer sem a base segura do Evangelho, aqui entendendo que falamos dos ensinos morais trazidos por Jesus, pois esses ensinos morais são universais e atemporais, são o elo de ligação de todas as religiões e também de todas as filosofias espiritualistas, possuindo origem divina, sendo, pois, o roteiro seguro a seguir para a implantação de um futuro muito diferente do presente, um futuro de paz e harmonia entre os homens.

É nesse sentido profundo que Francisco Spinelli, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco, em mensagem publicada no livro Crestomatia da Imortalidade, nos adverte:

A criança ainda é o sorriso do futuro na face do presente. Evangelizá-la é, pois, espiritualizar o porvir, legando-lhe a lição clara e pura do ensinamento cristão, a fim de que, verdadeiramente, viva o Cristo nas gerações de amanhã. A tarefa de edificar o Reino de Deus no coração juvenil é a nossa atual gloriosa tarefa: salvar o futuro!

Nossa responsabilidade, como adeptos do Espiritismo, é imensa, pois sabemos a verdade sobre a vida imortal; sabemos que temos pela frente novas encarnações; somos conscientes que sempre colheremos, amanhã, de acordo com o que semeamos hoje. É por tudo isso que devemos encarar a Evangelização Espírita como missão, preparando as crianças, que são espíritos reencarnados, para serem os homens e mulheres de bem que a humanidade tanto necessita, e que, no futuro, haverão de nos acolher no processo da reencarnação, do nascer de novo. É através da evangelização espírita, que engloba a educação moral, que salvaremos o futuro, não há outro caminho.

Jesus é nosso mestre, nosso guia e modelo, como nos revelam as vozes que vem dos céus através da mediunidade. O que estamos esperando para evangelizar? O que estamos esperando para ligar as novas gerações ao Evangelho, revivido em espírito e verdade pelo Espiritismo? Salvemos o futuro, lembrando que esse futuro é o nosso próprio amanhã!

 

Marcus De Mario é escritor, educador, palestrante; coordena o Seara de Luz, grupo online de estudo espírita; edita o canal Orientação Espírita no YouTube; possui mais de 35 livros publicados; é editor-chefe da Revista Educação Espírita.


 

 

     
     

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