Rogativa paternal
Deixem-me o corpo assim na cova rasa,
Sem símbolos, sem lousa, sem legenda…
Amados filhos meus, ninguém se ofenda,
Embora o imenso adeus de pranto em brasa.
Parto, revendo a infância e a velha casa,
As paredes de barro, o pão da venda,
E a pobreza que sofre sem contenda
No lar onde o carinho se extravasa.
Nem coroa, nem manto, nem adorno,
Nem o luto que a lágrima entretece,
Nada que de mim mesmo, em vão, me forre!
Sentindo o sol de Deus vibrando em torno,
Quero somente os júbilos da prece
Na alegria do amor que nunca morre…