A ajuda que Bezerra de Menezes recebeu

	Querido personagem da história do Espiritismo, Bezerra de Menezes, que
nasceu no Ceará, mas viveu no Rio de Janeiro de 1851 a 1900, dedicou a sua vida toda às pessoas, como médico, político, escritor e expoente da doutrina espírita.

Também a ele nunca faltou a boa assistência, em momentos cruciais em sua vida.

Um deles, narrado pelo historiador e biógrafo Luciano Klein,¹ aconteceu em 1851, quando foi para o Rio de Janeiro matricular-se no curso de medicina. 

Depois de dezoito dias de viagem, saindo de Fortaleza, ele chega à capital imperial no dia de sua inscrição e se dirige ao local, mas encontra as portas do casarão da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro fechadas. Desolado, Bezerra senta-se na escadaria e observa uma linda menina brincando com sua boneca de porcelana, a correr pela praça, acompanhada por sua ama. 

A graciosa criança, de 9 a 10 anos, moveu-se instintivamente, indo até ele e lhe perguntou:

– Moço, por que você está triste?

– Não estou triste. Só estou pensando um pouco – disse Bezerra, completando que havia vindo de muito longe.

– De longe onde? – pergunta a criança.

– Eu vim do Ceará. Já ouviu falar?

– Não, nunca ouvi falar.

– O meu sonho era cursar a faculdade de medicina, para o que minha família tanto me ajuda, mas cheguei atrasado e perdi a matrícula. 

A menina o segurou pelas mãos e lhe disse: 

– Você não vai perder a matrícula. Venha comigo!

Sem entender, ele a segue um tanto resistente, subindo as escadas, pela porta lateral do casarão. Prossegue atrás da criança, quando estaca assustado, ao ver o nome do diretor da instituição indicado na porta. E diz:

– Eu não vou entrar. Sei de quem se trata.

Ela insiste, empurra a porta e diz:

– Papai! 

Bezerra sabia que aquele nome, dr. Cruz Jobim, era de proeminente cirurgião, conhecido nacionalmente, e um dos fundadores da faculdade, em 1832. 

Ruborizado, sem saber o que falar, vê a bela menina interceder:

 – Papai, eu trouxe um amigo meu que está muito triste, porque chegou de muito longe, do Ceará... O senhor sabe onde fica o Ceará? 

 E o pai sinalizou afirmativamente.

– Ele chegou um pouco atrasado e eu disse que o senhor não o deixaria perder a matrícula. Não é mesmo, papai?

Dr. Jobim pede e obtém de Bezerra as justificativas pelo atraso e em seguida o orienta:

– Dê-me cá sua documentação. Você está matriculado. Amanhã, inicie o seu curso. E brilhe!

Adolfo Bezerra de Menezes brilhará não somente no curso, mas por toda a sua vida na Terra. E continuará sempre luz, como espírito que trabalha e se doa à humanidade.

¹ No programa Esquina do Célia, em 12/03/2022.

Este texto foi publicado originalmente no jornal Correio Fraterno, de São Bernardo do Campo-SP.