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por Wagner Ideali

 

Cidades espirituais


A casa do meu Pai tem muitas moradas
. Jesus


Muito se escreve sobre o plano espiritual ou mundo extrafísico. E isso desde as épocas remotas quando ainda se acreditava no Céu bucólico, com anjos tocando harpa, entre outras formas de viver a vida depois da vida. Esperava-se um Céu sem nada para fazer e apenas desfrutar do ócio pela eternidade.

Mesmo nos dias de hoje, muitos são levados a pensar assim, em função das lutas cotidianas, dificuldades e provações difíceis, buscando assim um escape.

Por outro lado, se não tiver correspondência por parte de nós aos comportamentos éticos e moralmente corretos, de acordo com o senso antigo isso nos levaria ao fogo eterno, numa análise equivocada sobre Deus, que, nessa concepção, condenaria seus filhos a um sofrimento eterno, que não condiz com o Deus de amor que estudamos no Evangelho, consoante as palavras de Jesus.

Gostaria de tecer algumas considerações sobre a “outra vida”, baseando-me na fé espírita, que nos ensina sobre um Deus de amor, “inteligência suprema e causa primaria de todas as coisas” (resposta dada à primeira pergunta d’ O Livro dos Espíritos).

Na evolução do mundo material, partindo dos seres microscópios como nos apresenta André Luiz no livro Evolução em dois mundos, até chegar ao que conhecemos no momento que é o corpo físico do homem, ocorreram muitas mudanças e o princípio inteligente tem acompanhado essas mudanças, pois é nelas o principal agente. Acontece que paralelamente ocorre a evolução do espírito, que no começo é chamado de princípio inteligente até formar o pensamento lógico racional, base do espírito já estruturado em sentimentos, raciocínio lógico e percepções extrassensoriais.

Nessa escalada, a evolução ocorre grande parte das vezes no mundo físico. Dentro de uma análise evolucionista precisaríamos ter um outro “mundo” para a continuação desse processo. No mundo físico o espírito experimenta, através do corpo físico, as sensações, relacionamentos, atitudes e tudo mais para sentir, despertar e acima de tudo evoluir. Nesse outro mundo, o espiritual, poderemos desde trabalhar a nossa culpa, nos preparar para a próxima jornada no corpo físico, como vivenciar novos rumos em busca de novos trabalhos, oportunidades, novos valores e desfrutar das maravilhas dos comportamentos nobres desenvolvidos por nós.

Assim as cidades na espiritualidade vão sendo construídas, agora não com o suor da carne, mas com a capacidade que têm os Espíritos de movimentar energias, com vontade de servir à causa nobre de Jesus, expor nossas profundas vontades de ajudar a evolução do irmão em dificuldades, colaborar para a melhoria do planeta e de todos os espíritos. Assim, passo a passo, vão sendo construídas as cidades na espiritualidade. O mundo espiritual em seus diferentes níveis de evolução, objetivos e trabalhos, evolui, assim como o mundo físico. Tudo no universo é dinâmico e tende à perfeição.

O mundo espiritual não tem como ser bucólico, como pretendem alguns, pois estando o espírito livre, tem ele toda a possibilidade de vivenciar novas formas de ação. Da mesma forma que Deus trabalha sempre. como nos ensina Jesus, o Espírito deverá também seguir trabalhando, não mais preso às limitações físicas.

As cidades espirituais vão refletir a condição de seus moradores, por assimilação energética, sintonia e ressonância do que pensamos e somos. Teremos cidades de estudos, trabalhos em prol da ciência, aos valores da alma, de assistência aos encarnados e desencarnados, bem como cidades moldadas em uma vibração densa, pesada, levando-nos a pensar no “inferno” das religiões tradicionais, pois muitos estagiam nesses locais por muito tempo, levando-os a pensar numa eternidade de sofrimentos.

Ao lermos as obras de André Luiz, poderemos constatar o dinamismo desses locais espirituais, dentro dos milhões de espíritos que lá vivem, trabalham, amam, como também os que sofrem as consequências de suas realidades interiores, fruto de suas ações infelizes.

Quando o Mestre Jesus fala das moradas do nosso Pai, podemos entender claramente que ele fala do plano espiritual com todo o seu dinamismo, mas também dos outros orbes espalhados no universo, e assim teremos outros planetas com vida física e, portanto, com vida espiritual, sendo alguns mais e outros menos evoluídos que a Terra, nosso lar no momento.

As cidades espirituais podemos entender facilmente que têm especialidades em suas atividades, bem como o grau de evolução, sendo que cada um de nós seremos conduzidos ao local apropriado após a desencarnação.

Importante que tenhamos consciência que tudo depende da forma como identificamos a nossa vida física. Se vivemos apegados aos valores materiais, a realidade transitória do mundo físico, sem dúvida que ao partirmos do mundo físico vamos sentir necessidade desses valores, tais como posse, poder, ódio, orgulho, vaidade, entre outros.

Se vivemos a vida, usando as estruturas materiais, mas procurando a cada dia reduzir e até eliminar o apego a esses valores, consagrando nossa alma aos profundos valores do conhecimento, do amor, da fraternidade, da paz, da caridade, e, portanto, do desprendimento, como nos ensina nosso Mestre Jesus, sem dúvida nossa partida será suave, tranquila e vamos despertar numa outra condição espiritual.

Isso tudo que estamos escrevendo sobre a dor e sofrimento na espiritualidade não tem nada a ver com castigo de Deus, pois Ele ama a todos, mas sim decorre de nossa condição na espiritualidade. que é o reflexo da nossa condição interior, o que está respirando o nosso Espírito nos seus importantes valores vivenciados.

Disse Jesus: “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por Mim”, ficando clara a nossa necessidade urgente de mudança interior, para os valores profundos da alma.

Ele também afirmou: “Buscai o reino de Deus e tudo mais vos será dado por acréscimo”. Temos nossas preocupações com a vida, isso é certo e louvável, mas que no nosso pensando tenhamos fé, coragem, determinação para a mudança necessária, pois assim construiremos esse reino de Deus, e, portanto, caminharemos para uma felicidade duradoura desde agora... (1)

 

(1) Texto inspirado por um Amigo espiritual.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita