Amigos e Jesus
Amigo, palavra
que ao ser proferida pode aplacar qualquer reação
adversa. A palavra amigo é aconchego, encurtamento de
distância entre pessoas. Mas quem realmente é amigo?
Quantos temos? Será que todas as pessoas que
consideramos amigos nos consideram? A falta de contato
em razão da distância faz com que a amizade termine? Até
que ponto pode ir uma amizade? Temos centenas e até
milhares nas redes sociais! Será?
São situações de difícil análise, mas quando brigamos
com uma pessoa que temos como amigo é muito dolorida a
energia que nos toma conta. Acreditamos que o maior amor
que pode existir é o de amigo, pois a partir deste todos
os outros matizes de amor se desdobram. Ser amigo é ser
fiel, não importando o momento. É algo sublime. Mas a
amizade só será verdadeira mesmo quando colocada à
prova, mas mesmo assim não podemos exigir de nossos
amigos uma perfeição nesse sentimento, pois, sendo nós
passageiros de um planeta expiatório, temos obviamente
muitos defeitos, e um deles é confundir amizade com
outros adjetivos.
A amizade sincera transcende o plano físico, e na
espiritualidade permanece, já que temos muitos amigos
espirituais que nos acompanham durante a trajetória aqui
na Terra, a começar pelo nosso Anjo Protetor, Anjo de
Guarda, Espírito Guardião, Mentor Espiritual, como
queiramos chamar. O importante é a fidelidade.
Quando Jesus entrou, vitorioso em Jerusalém, houve um
instante em que parou para respirar livremente. Com ele,
apenas Bartolomeu apagado e discreto. O discípulo
exultava. Até eles chegavam os ecos do
grande êxito. Hosanas ao Messias. Cânticos. Algazarra.
Perfumes no ar. Não longe, Simão Pedro, que negaria o
Senhor; Judas, que o negociara; Tomé, que o abandonaria;
Tiago e João, que dormiriam descuidados, sem lhe
perceberem a angústia. E toda uma legião de admiradores
que, no dia seguinte, se transformariam em adversários.
Bartolomeu observou a atmosfera festiva e disse
contente: Oh! Mestre, quanta felicidade! Afinal! Afinal
a glória, apesar dos perseguidores!
Notando que Jesus continuava em grave silêncio, o
aprendiz perguntou: Por que a tristeza, Senhor, se
estamos triunfando de tantos inimigos?
O Cristo, porém, meneou a cabeça e, fitando a turba
próxima, falou sereno: Bartolomeu, Bartolomeu, vencer,
mesmo tendo inimigos, é sempre fácil, porque os inimigos
se colocam a distância, por si mesmos. E
profundamente desencantado: A batalha mais árdua é
vencer com os amigos.