Neiva Gonçalves Barbosa (foto)nasceu em
Barreiras (BA) e reside no Núcleo Bandeirante,
em Brasília (DF). Pedagoga, fez Magistério,
Artes Plásticas e trabalhou como professora.
Espírita desde 1977, realizou inúmeros trabalhos
na seara espírita, como médium nos trabalhos
mediúnicos de desobsessão e do Grupo Arte Cura
Antonio Francisco Lisboa, tendo também
ministrado cursos de passes e palestras e
exercido a coordenação do Departamento de
Infância e Juventude e do Estudo Sistematizado
da Doutrina Espírita por algum tempo. Durante
alguns anos, foi membro da Diretoria Colegiada
do Centro Espírita Sebastião O Mártir (CESOM),
instituição à qual se vincula. Atualmente
coordena o grupo de teatro SOMA, tendo
participado de eventos federativos, como ela nos
conta na seguinte entrevista:
Fale-nos sobre sua história na seara espírita.
Minha história no Espiritismo tem início em
janeiro de 1977, quando viajava para Barreiras.
Houve um acidente fatal: quatro mortos, dentre
eles, duas crianças. Que Deus é este que
permitia tal horror?! Naquele dia, o senhor
Rincão, amigo de meu marido, falou-me sobre a
imortalidade da alma e a reencarnação. Parecia
que eu tinha esperado a vida toda por aquelas
informações! Ao final da conversa, ele me
presenteou com O Livro dos Espíritos.
Passei dois anos lendo, relendo e estudando a
obra, encontrando respostas às minhas indagações
até chegar ao Centro Espírita Sebastião O Mártir
(CESOM).
De onde lhe veio a inclinação para a arte?
Veio da minha infância, no convívio em família
com meus pais e avós maternos.
Minha avó cuidava da jardinagem, flores e ervas
medicinais. Meu avô era flandeiro, artesão de
peças utilitárias com folhas de flandres. Minha
mãe era modista e costureira, e meu pai, oleiro,
lavrador, músico e contador de “causos”.
Eu, meus irmãos e as crianças vizinhas tínhamos
brincadeiras cantadas e dramatizadas. Usávamos
torrões de tabatinga (barro colorido em várias
cores) e pedras de cal para desenhar e pintar
onde houvesse um espaço livre e permitido.
Na sua percepção, qual é a importância da arte e
sua relação com o Espiritismo?
Eu acredito que a importância da arte é a
importância da vida. Veja onde Deus colocou a
humanidade! No cenário magnífico do planeta
Terra, com luz, sombras, cores, flores, melodias
e sinfonias! Arte divina! O Espiritismo é a
revelação de Deus que nos comunica que tudo vive
para além da nossa finitude corpórea e que é
vital fazermos o Bem, amar e respeitar toda a
criação d'Ele. Através dessas energias saturadas
de luz, a arte se faz em preces e vibrações, em
fluidos balsâmicos tocados de melodias nas
pinturas, nas partituras, na poesia, onde
artistas que viveram unem-se a pessoas sensíveis
que vivem sonhando com arte (médiuns).
Fale-nos sobre seus trabalhos mediúnicos com a
arte, com o Grupo Antônio Francisco Lisboa.
Lembro-me de quando iniciamos os trabalhos da
arte cura em 1987. Éramos um grupo de umas oito
pessoas: quatro médiuns da pintura e os outros
de sustentação, com Elvécio Diniz na direção do
trabalho. O mentor do grupo, Antônio Francisco
Lisboa, orientava, tirava dúvidas e nos dizia
que o Grupo Arte Cura era composto por espíritos
de pintores, músicos, botânicos, médicos e
terapeutas, pois a essência da atividade é a
terapia espiritual. Não havia, portanto,
necessidade de grafar nomes dos artistas nas
pinturas, e sim mensagens: saúde, fé, amor,
harmonia, equilíbrio, dentre outras.
Qual a proposta e como funciona o trabalho do
Arte Cura?
Segundo o mentor espiritual, Arte Cura é um
conjunto de procedimentos envolvendo a pintura,
a música, a prece, o passe e os fluidos
especiais retirados dos laboratórios da natureza
física e espiritual, que são manipulados pelos
médicos e terapeutas, conforme a necessidade de
quem vai receber. Arte Cura é um tratamento
fisiopsicoespiritual, uma excelente terapia para
encarnados e desencarnados. Funciona no CESOM às
quintas-feiras, de 20h às 21h. As pessoas são
encaminhadas pelo atendimento fraterno da
instituição. (1)
Como são mantidos os recursos que viabilizam
esse trabalho?
Por orientação espiritual, desde o início, cada
médium é responsável pela aquisição do próprio
material. Não há custos para a Casa, já que ela
mesma tem muitas despesas. Acreditem, até hoje
nunca foi oneroso adquirirmos o necessário para
o trabalho: pastéis a óleo, papel, telas e
tintas.
Como você vê o papel da arte, em particular da
pintura mediúnica, na sociedade, na vida e no
bem-estar dos seres humanos?
A arte ajuda no bem-estar das pessoas, pois
permite a livre expressão de suas várias
necessidades, como emoções, visões de mundo,
apresentação de ideias, favorecendo o equilíbrio
intelectual, social, orgânico, emocional,
psicológico, mental e espiritual. A pintura
mediúnica hoje, mais do que nunca, favorece a
saúde integral do ser humano e traz um aditivo
energético altamente benéfico para encarnados e
desencarnados.
Como você vê a arte nas palestras, nos estudos e
nos tratamentos espirituais nas Casas Espíritas
e na sociedade em geral?
A arte sempre traz um tônus de vivacidade e
alegria nas palestras e nos estudos.
Os tratamentos espirituais ganham uma dinâmica
diferenciada utilizando os recursos da arte:
musicoterapia, teatro, dança, pintura, exibição
de filmes... Tenho observado, ao longo destes
anos, nos tratamentos com arte cura, que as
pessoas chegam tristes, caladas, e já na
primeira reunião saem até sorrindo. Quando
encerram o tratamento, muitos querem continuar
porque gostaram, porque se sentem bem. Vale
observar que a maioria não é espírita, o que
mostra que um tratamento assim vale a pena,
sobretudo nestes momentos que estamos vivendo.
E qual a importância da arte na evangelização
espírita?
A arte, em seus vários desdobramentos, é também
de fundamental importância na evangelização
espírita.
De suas lembranças espíritas na pintura
mediúnica, o que mais a marcou?
Alguns eventos me marcaram profundamente.:
quando Lisboa me apareceu para traçar as
diretrizes da Arte Cura no CESOM; uma pintura
para Chico Xavier e, finalmente, nas últimas
semanas de janeiro de 2020, quando surgiu em
nossa reunião mediúnica uma modalidade
diferenciada nos trabalhos: as pinturas de gaze.
Essas pinturas chegaram às pessoas através da
internet, num atendimento coletivo. Era a
pandemia de COVID-19 que chegava. Elas estão em
circulação pelo planeta desde o final de março
de 2020.
Quais as facilidades encontradas em sua tarefa?
A proteção espiritual sempre está presente em
nossa vida. Exemplo disso é a orientação firme e
segura, paciente e amorosa de Antônio Francisco
Lisboa e dos demais trabalhadores do Grupo Arte
Cura.
E quanto às principais dificuldades a superar,
quais são?
As dificuldades a superar estão em mim mesma:
medo, receio, dúvidas. Trabalho constantemente
para superar tudo isso. Graças a Jesus e aos
Amigos Espirituais, estou conseguindo me
autoeducar. Assim, estarei facilitando o
desenvolvimento das atividades mediúnicas que a
Misericórdia Divina nos facultou nesta
existência, para nossa própria redenção.
Quais os planos para o futuro em relação à arte
espírita e à produção mediúnica?
Estamos retornando com as atividades do Grupo de
Teatro SOMA. Quanto ao trabalho mediúnico da
Arte Cura, que teve início em 1987 e nunca
parou, nossos propósitos são de mais e mais nos
dedicarmos às tarefas com bastante disciplina e
vigilância, até o dia que Deus nos permitir.
Quais são as suas recomendações e palavras de
encerramento para os nossos leitores?
Rogamos a Jesus, o Divino Mestre, que nos
favoreça com as bênçãos do bom ânimo e da
esperança, da resiliência e do equilíbrio, da
harmonia e da paz, para atravessarmos estes dias
de grande transição planetária, caminhando
destemidos e confiantes na luz da fraternidade.
Gratidão profunda a cada um, especialmente. Fé e
saúde integral!
(1) Em
2020 Neiva Gonçalves, com o espírito de Antônio
Francisco Lisboa, lançou o livro Arte Cura –
Relato pessoal de trabalho e aprendizagem com a
arte mediúnica, que pode ser obtido
gratuitamente. Para isso, basta clicar neste LINK
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