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por Martha Triandafelides Capelotto

 

Diante das tribulações

 

“Sabendo que a tribulação produz fortaleza.” – Paulo (Romanos, 5:3)

 

Retirando das ocorrências cotidianas as reflexões para este pequeno texto, considerei oportuno salientar a importância de termos a compreensão dos momentos difíceis que vez ou outra assolam o nosso viver.

Poderíamos afirmar que não são pequenos acidentes de percurso, mas embates que se traduzem como verdadeiras batalhas que se desenrolam no campo íntimo de cada um de nós.

De todas as intempéries vivenciadas, a mais tortuosa se apresenta no campo dos sentimentos, principalmente aqueles que tocam as fibras mais íntimas de nosso ser, como as carências afetivas.

Quem, diariamente, não tem uma queixa a fazer com relação ao comportamento do outro, principalmente daqueles de quem esperamos alguma coisa?

Esperamos muito dos pais, dos irmãos, dos filhos, dos parentes. Queremos ser reconhecidos, apreciados, enfim sentir o reconhecimento e a gratidão pelos nossos feitos.

Infelizmente, o primeiro equívoco já cometemos quando esperamos algo de alguém, pois cada um vive neste mundo, ainda de tantas imperfeições e pouca evolução, olhando para as suas próprias necessidades, tão sedento de tudo, que nem é capaz de um olhar caridoso para as necessidades dos outros.

E assim, em meio às tempestades rumorosas que alimentamos por essas carências, vamos igualmente distribuindo ingratidões, indiferenças, gerando conflitos que parecem, por sua vez, que nunca terão fim.

Emmanuel, em sua obra Vinha de Luz, referindo-se às tribulações, orienta-nos dizendo que ela, a tribulação, “é a tormenta das almas, porém não poderíamos esquecer-lhe os benefícios. Que seria da criança sem a experiência? Que será do espírito sem a necessidade?”.

A superfície do mundo é, inegavelmente, a grande escola dos espíritos encarnados, sendo impossível recolher o ensinamento fugindo à lição. Ninguém sabe sem aprender.

Por mais dolorosas que sejam essas lições, devemos buscar reconhecer o ensinamento, aproveitando a oportunidade para ampliarmos a nossa capacidade de sermos melhores, buscando a paz que tanto ansiamos.

Quando Pedro, o Apóstolo, recomendou: “Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a”, parece indicar-nos com tão poucas palavras o caminho para que tenhamos dias felizes, como se isso fosse fácil, ainda mais considerando-se as nocivas paixões pessoais que nos empolgam a personalidade, envolvidos que estamos nas túnicas de nossos velhos caprichos.

O egoísmo ainda é nosso maior espinho, filho dileto do orgulho. Como ceder? Como dar a outra face?

No entanto, as palavras de Pedro valem como desafios incitando nossa vontade para a grande realização. Embora dilacerados no ideal ou feridos na alma, apartemo-nos do mal e pratiquemos o bem possível, identificando nesses arremedos de melhora a verdadeira paz.

E, sobre o assunto, mais uma preciosa lição de Emmanuel: “E tão logo alcancemos as primeiras expressões do sublime serviço, referente à própria edificação, lembremo-nos de que não basta evitar o mal e, sim, nos afastarmos dele, semeando sempre o bem, e que não vale somente desejar a paz, mas buscá-la e segui-la com toda a persistência de nossa fé”.

Que sofreremos tentações, que cairemos muitas vezes, que nos afligiremos com decepções e desânimos, disso não tenhamos dúvida; entretanto, é imprescindível que marchemos de alma desperta na posição de reerguimento e de reedificação, sempre que necessário, pois as tribulações se prestam, inegavelmente, ao nosso aprendizado.
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita