Diante das tribulações
“Sabendo que a tribulação produz fortaleza.” –
Paulo (Romanos, 5:3)
Retirando das ocorrências cotidianas as reflexões para
este pequeno texto, considerei oportuno salientar a
importância de termos a compreensão dos momentos
difíceis que vez ou outra assolam o nosso viver.
Poderíamos afirmar que não são pequenos acidentes de
percurso, mas embates que se traduzem como verdadeiras
batalhas que se desenrolam no campo íntimo de cada um de
nós.
De todas as intempéries vivenciadas, a mais tortuosa se
apresenta no campo dos sentimentos, principalmente
aqueles que tocam as fibras mais íntimas de nosso ser,
como as carências afetivas.
Quem, diariamente, não tem uma queixa a fazer com
relação ao comportamento do outro, principalmente
daqueles de quem esperamos alguma coisa?
Esperamos muito dos pais, dos irmãos, dos filhos, dos
parentes. Queremos ser reconhecidos, apreciados, enfim
sentir o reconhecimento e a gratidão pelos nossos
feitos.
Infelizmente, o primeiro equívoco já cometemos quando
esperamos algo de alguém, pois cada um vive neste mundo,
ainda de tantas imperfeições e pouca evolução, olhando
para as suas próprias necessidades, tão sedento de tudo,
que nem é capaz de um olhar caridoso para as
necessidades dos outros.
E assim, em meio às tempestades rumorosas que
alimentamos por essas carências, vamos igualmente
distribuindo ingratidões, indiferenças, gerando
conflitos que parecem, por sua vez, que nunca terão fim.
Emmanuel, em sua obra Vinha de Luz, referindo-se
às tribulações, orienta-nos dizendo que ela, a
tribulação, “é a tormenta das almas, porém não
poderíamos esquecer-lhe os benefícios. Que seria da
criança sem a experiência? Que será do espírito sem a
necessidade?”.
A superfície do mundo é, inegavelmente, a grande escola
dos espíritos encarnados, sendo impossível recolher o
ensinamento fugindo à lição. Ninguém sabe sem aprender.
Por mais dolorosas que sejam essas lições, devemos
buscar reconhecer o ensinamento, aproveitando a
oportunidade para ampliarmos a nossa capacidade de
sermos melhores, buscando a paz que tanto ansiamos.
Quando Pedro, o Apóstolo, recomendou: “Aparte-se do mal,
e faça o bem; busque a paz, e siga-a”, parece
indicar-nos com tão poucas palavras o caminho para que
tenhamos dias felizes, como se isso fosse fácil, ainda
mais considerando-se as nocivas paixões pessoais que nos
empolgam a personalidade, envolvidos que estamos nas
túnicas de nossos velhos caprichos.
O egoísmo ainda é nosso maior espinho, filho dileto do
orgulho. Como ceder? Como dar a outra face?
No entanto, as palavras de Pedro valem como desafios
incitando nossa vontade para a grande realização. Embora
dilacerados no ideal ou feridos na alma, apartemo-nos do
mal e pratiquemos o bem possível, identificando nesses
arremedos de melhora a verdadeira paz.
E, sobre o assunto, mais uma preciosa lição de Emmanuel:
“E tão logo alcancemos as primeiras expressões do
sublime serviço, referente à própria edificação,
lembremo-nos de que não basta evitar o mal e, sim, nos
afastarmos dele, semeando sempre o bem, e que não vale
somente desejar a paz, mas buscá-la e segui-la com toda
a persistência de nossa fé”.
Que sofreremos tentações, que cairemos muitas vezes, que
nos afligiremos com decepções e desânimos, disso não
tenhamos dúvida; entretanto, é imprescindível que
marchemos de alma desperta na posição de reerguimento e
de reedificação, sempre que necessário, pois as
tribulações se prestam, inegavelmente, ao nosso
aprendizado.
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