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por Cláudio Bueno da Silva

 

O sonho de Allan Kardec


Allan Kardec conta na edição de junho de 1866 da Revista Espírita um sonho que teve e que lhe causou forte impressão. Nele viu reunido um grupo de pessoas, no que parecia ser uma rua, as quais lhe eram estranhas na sua maioria e, tentando perceber o assunto de que tratavam, notou surgir num muro próximo uma inscrição brilhante que enunciava: Descobrimos que a borracha rolada sob a roda faz uma légua em dez minutos... Sem conseguir enxergar mais detalhes, a frase apagou-se, deixando-o bastante intrigado.

Já acordado, pressentiu que o enunciado escondia um objetivo, mas não atinava qual seria.

Sua saúde nesse período carecia de cuidados, e tendo consultado o Espírito do Dr. Demeure, que fora médico na Terra, aproveitou para ouvi-lo sobre o enigmático sonho.

O Espírito, depois de algumas explicações preliminares, numa honesta demonstração de humildade, pede um prazo a Kardec para inteirar-se do assunto e marca novo contato para o dia seguinte, o que confirma que os Espíritos, ainda que bons, não conhecem tudo e, em muitas questões, precisam preparar-se para responder ou discorrer sobre um assunto, conforme se lê em Kardec.

O fato é que as pessoas que Kardec viu durante o sono eram reais e trocavam informações e impressões para a descoberta daquilo que viria a ser, em breve, o pneu, artefato à base de borracha que facilitaria a locomoção dos veículos de transporte, poupando tempo e despesas.

Dr. Demeure, na resposta a Kardec, informou que os encarnados dedicados às causas do progresso humano, livrando-se parcialmente do corpo durante o sono, encontram-se em Espírito e confabulam sobre seus trabalhos individuais na Terra.

Segundo o Dr. Demeure, o sonho representava uma assembleia de encarnados que estudavam formas de aperfeiçoar os meios de locomoção e “quiseram chamar a atenção como assunto de estudos psicológicos, sobre a reunião, num mesmo lugar, dos Espíritos de diversos homens perseguindo o mesmo objetivo”.

Assim como essa, dão-se tantas outras descobertas e invenções em que os encarnados aprimoram sua inteligência, não sendo poupados pelos Espíritos no que lhes compete pesquisar e desenvolver em prol do progresso geral, realizando atividades também durante o sono do corpo. Esses encontros no espaço explicam ainda o fato do surgimento de ideias semelhantes, em vários pontos do globo, praticamente ao mesmo tempo, e que acabam dando origem a grandes feitos que têm por fim promover o avanço da humanidade.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita