Natural de Figueira da Foz, de Portugal,
Beneditto Ferreira Marques (foto) reside
atualmente em Ribeirão Preto (SP). Graduado em
Administração de Empresas e atuando como
consultor e mentor de negócios, Benê (como é
mais conhecido) vincula-se ao Centro Espírita
Vicente de Paulo – Depto. Espírita Vó
Estephânia, ne sua cidade. Na instituição atua
na coordenação das palestras dominicais, além de
palestrar em diversas instituições da cidade e
região.
Como e quando se tornou espírita?
Eu me tornei espírita quando não encontrei
respostas aos meus questionamentos íntimos e por
não ter clareza quanto a vários aspectos
abordados na doutrina católica, além de não
aprovar a ritualística e os paramentos das
celebrações ecumênicas (missas). Foi por volta
de 1984, quando morava em São Paulo.
Como se vinculou ao Centro Espírita Vicente de
Paulo, em Ribeirão Preto?
Um amigo, pertencente ao quadro diretivo da
casa, me convidou para participar dos estudos
espíritas (evangelho e mediunidade). A seguir,
pediu que eu coordenasse o estudo das
quintas-feiras. No campo das comunicações, da
casa com os frequentadores e voluntários, fiz
algumas sugestões e fui integrado à coordenação
do planejamento e agendamento de palestrantes
(locais e do Brasil) nas reuniões dominicais.
Atualmente fazemos parte do quadro de
voluntários da casa, auxiliando em várias áreas
e tarefas.
Como surgiu seu interesse pela música?
Ah, desde meus 14 anos que tive paixão por tocar
um instrumento. Dos 15 aos 19 formei as
primeiras bandas com vizinhos, amigos e
conhecidos. Depois passei a “trabalhar com
música” em bares e casas de shows. Aos 19 anos
participei do III Festival de Jovens
Compositores, alcançando 3º lugar. No ano
seguinte, obtivemos medalha de “Melhor
Apresentação”, sempre com músicas autorais.
Passei por vários projetos como músico e
arranjador de cordas, para gravação de CD e
apresentações em grandes shows. Mas a profissão
me chamou para responsabilidades maiores, então
dei “um tempo” na música. Hoje crio músicas
(letras e arranjos) para músicas autorais que
exprimem nossa alegria com o encontro com a
Doutrina dos Espíritos. Este ano de 2025
montamos o Grupo Musical Espírita “Notas de
Luz”, em Ribeirão Preto.
O que percebe do movimento espírita em sua área
de vivência espírita?
O movimento espírita tem passado por situações
adversas, principalmente depois do advento da
pandemia de Covid 19, que impediu a “reunião dos
espiritistas” em torno de seu ideal de
divulgação e atendimento ao público necessitado
das palavras consoladoras da doutrina. Recuperar
a abrangência anterior (principalmente
presencial) tem sido um grande desafio para o
movimento espírita, pois as opções virtuais são
em maior número, mais confortáveis e chegam até
quem as deseja ver/ouvir. É preciso cuidar para
que as opções virtuais não trafeguem em terrenos
de dúvida, misticismo ou fraude, criando
distorções nas crenças dos desavisados.
O que gostaria de falar da experiência de
palestrar?
Em 2006, um ano após mudar para Ribeirão Preto,
me identifiquei com uma casa espírita (Caritas),
onde me vinculei e lá estive trabalhando por
mais de 10 anos. Lá comecei meus primeiros
ensaios como palestrante até que, em 2013 meu
grande incentivador Murillo R. Alves me convidou
a fazer parte do grupo de oradores da USE
Intermunicipal de Ribeirão Preto e Região, onde
permaneço até o presente, com muita alegria e
fervor. Hoje, graças a Deus e à ajuda incansável
de meus mentores espirituais, realizamos mais de
15 palestras por mês, em várias casas da cidade
e na região.
Qual seu foco preferido de abordagens nas
palestras?
Tenho um olhar muito atento para aprofundar os
estudos, tentando entender todo o “planejamento
comunicativo” nas mensagens, mandamentos,
parábolas e na Doutrina do Cristo, para obter
visões que nos levem à compreensão de seus
ensinamentos. Para tanto, respeito e sigo
rigorosamente os Evangelhos, o Pentateuco
Kardequiano e a Literatura Espírita creditada
para trazer reforço às reflexões e considerações
que apresento nas palestras, sem criar
misticismo ou identidade duvidosa.
A respeito do trabalho de divulgação virtual,
como tem sentido os efeitos?
Como já disse, o virtual de boa qualidade, sério
e confiável veio acrescentar opções aos
espíritas de forma geral, mas acabou por formar
um grupo de ex-frequentadores das casas que
agora, por comodidade, preferem dedicar-se ao
estudo passivo das palestras e programas
espíritas pelos canais de comunicação. Mas não
podemos esquecer que boa parte do aprendizado
está na convivência, na presença física que
recebe os influxos divinos (fluidos e passes) e
nas oportunidades de esclarecer dúvidas e
complementar seu conhecimento, com auxílio dos
irmãos que se prepararam para ajudar nesse
sentido.
Quanto à Doutrina Espírita, o que mais lhe chama
atenção?
Encanta-me e me felicita ver como a Doutrina tem
respostas claras, objetivas e confiáveis para
nos esclarecer dúvidas frequentes quanto aos
resquícios do passado a ser aperfeiçoado,
elucidando eventuais desdobramentos do passado à
nossa existência presente, ligando tudo isso ao
nosso empenho de mudanças e melhorias para nossa
vida futura. Assim se esclarece quem somos, de
onde viemos, o que estamos fazendo aqui e para
onde vamos.
Relembre um fato comovente de sua trajetória
espírita.
Acredito que são muito marcantes nossa atuação
como dialogador e depois como coordenador de
diálogos em reuniões mediúnicas e de
desobsessão, onde tivemos o auxílio precioso e
prestimoso das equipes espirituais, para
resolver intrincados casos de espíritos muito
revoltados, obscurecidos e dominados pelo ódio e
vingança, alcançando uma compreensão de seu
“estado” naquela situação, levando-os a
concordarem com sua internação de atendimento
espiritual, porque se sentiram bem melhores com
os efeitos das orações e vibrações” a eles
direcionadas durante sua comunicação. Ao final
de cada êxito, chorávamos de alegria e alívio.
Fale-nos sobre sua experiência nos cursos de
formação para oradores espíritas.
Pouco antes da pandemia, em 2019, realizamos um
curso de formação para novos oradores espíritas,
dado que havia uma demanda reprimida em nossas
casas. Conseguimos formar 18 palestrantes, a
maioria já em exercício junto às suas casas e
até mesmo à USE. Num período de 15 horas/aula
abordamos aspectos desde o “garimpo” de
conteúdos espíritas confiáveis, a leitura
aprofundada, identificação de dados históricos,
efemérides e detalhes importantes, à
interpretação de textos, comparação entre
conteúdos congêneres, tudo isso aplicando as
técnicas de oratória, postura, organização
pessoal e temática, e comportamentos desejáveis
a um orador espírita. Agora em 2024 repetimos o
curso e formamos mais 20 oradores, dos quais
cerca de 60% já aplicam seus conhecimentos e
técnicas em palestras nas casas
ribeirão-pretanas.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Sim, nesta atividade de divulgação e firmação da
Doutrina Espírita Cristã, temos desenvolvido
muito irmãos/amigos que nos impulsionam e
motivam continuamente a manter essa chama da
oratória doutrinária consciente, oferecendo-nos
seu apoio, suas tribunas e indicações para que
mais instituições espíritas nos conheçam e nossa
maneira de levar “as sementes”, a “Palavra de
Deus” ao público sequioso de consolo e
conhecimento das verdades espirituais de nosso
Pai Criador. Sou muito grato a todo esse
incentivo e ajuda que nos encoraja e motiva cada
vez mais a abraçar esta atividade bendita.
Suas palavras finais.
Gratidão pelo convite a esta entrevista e por
tudo que ela possa acrescentar aos leitores de
nosso movimento espiritual, assim como ao apoio
que tenho recebido de nossos queridos irmão de
ideal espírita. Nossos sinceros agradecimentos.

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