Amizade e infância
A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade
cultivando algumas pessoas.
Carlos Drummond de Andrade
Ter amigos no começo da vida é fonte de alegria e
aprendizado rico. As relações de amizade fazem bem para
a saúde e ajudam no desenvolvimento afetivo e social das
crianças.
Na infância, Iolinda foi uma amiga muito especial.
Colega de classe, logo descobrimos coisas em comum: amor
pelos livros, gosto pela bicicleta, patins, pular corda,
cantar e desenhar. Pouco a pouco nos tornamos
inseparáveis e leais amigas.
Desde cedo podemos, como pais, incentivar o valor da
amizade para nossos filhos. Como seres sociais, sentimos
necessidade de compartilhar afetos e uma autêntica
amizade ensina lealdade, confiança, cumplicidade,
cooperação… Além disso, é com nossos amigos que também
experimentamos frustração, decepção, a importância da
negociação e também da constância do perdão.
Como os vínculos são construídos com base na interação e
na identificação, com os amigos temos a oportunidade de
lidar com afetos e conflitos, o que ajuda muito no
desenvolvimento das percepções de si mesmo e dos outros,
ampliando nossas habilidades à medida que precisamos do
olhar do outro para construir quem somos.
Como pais, se de um lado incentivamos o convívio de
nossos filhos com outras crianças e para que interajam e
desenvolvam vínculos saudáveis, de outro lado devemos
ter clareza de que nem todos os amigos de infância dos
nossos filhos irão permanecer para sempre na vida deles,
pois, com o passar dos anos, a vida, muitas vezes, tende
a tomar naturalmente outros rumos.
Convivi com a Iolinda, minha amiga de infância, até os 9
anos. Depois, minha família mudou de cidade e perdemos o
contato. Tenho-a no coração, no entanto, e como uma
lembrança cara, recheada de amor e ternura.
Notinhas
Nas amizades infantis a criança testa força e limites,
aprende a resolver conflitos e situações que não ocorrem
com os pais e entende mais sobre ela própria.
Desde cedo, é a partir da presença de seus pares, da
convivência com colegas e amigos, que a criança trabalha
o egocentrismo e aprende a viver no mundo real, que não
tem sempre o adulto que a protege.
Os pais podem envolver-se e ajudar com a socialização.
Para isso, eis algumas ações práticas que facilitam o
processo: prestar atenção na rotina da criança; dar
oportunidades para o filho conhecer outras crianças;
marcar encontros com outros pais e filhos; proporcionar
momentos fora da escola, como em casa, passeios e
viagens; estimular brincadeiras entre vizinhos;
frequentar parquinhos infantis.