Páscoa e Pentecostes na visão espírita
Buscai o reino de Deus e o restante vos será dado em
acréscimo.
Jesus
As datas comemorativas religiosas possuem um profundo
simbolismo espiritual que transcende rituais e dogmas,
sendo fontes de reflexão sobre nossa jornada evolutiva.
No Espiritismo, a Páscoa e o Pentecostes são
compreendidos à luz da imortalidade da alma, do
progresso moral e da presença constante dos Espíritos
benfeitores que auxiliam a humanidade.
Embora essas celebrações estejam ligadas à tradição
judaico-cristã, sua essência encontra ressonância nos
princípios espíritas, pois tratam de libertação,
renovação e sintonia com planos superiores.
A Páscoa tem sua origem na tradição judaica, celebrando
a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, um
evento narrado no Antigo Testamento. Com o advento do
cristianismo, a Páscoa ganhou um novo significado:
tornou-se a celebração da ressurreição de Jesus Cristo,
considerada a vitória da vida sobre a morte.
No entanto no Espiritismo não interpretamos esse evento
de maneira literal. Para o Espiritismo, Jesus não
ressuscitou em um corpo físico, pois a morte biológica é
um processo irreversível. O que ocorreu foi a
manifestação de Jesus em Espírito, comprovando a
imortalidade da alma e a continuidade da existência no
plano espiritual. Esse entendimento encontra respaldo
nas manifestações de Espíritos que, ao longo da
história, comunicam-se com os encarnados, demonstrando
que a vida prossegue além do túmulo.
A Páscoa, assim, simboliza a libertação não apenas do
jugo material, mas também das amarras do egoísmo, do
orgulho e das paixões inferiores. Assim como o povo
hebreu deixou a escravidão física, cada ser humano é
chamado a se libertar das escravidões internas que
impedem seu crescimento espiritual. O Espiritismo nos
convida a enxergar a Páscoa como um convite à
transformação interior, à renovação de valores e à
vivência do amor ensinado por Jesus.
No processo evolutivo, a ressurreição espiritual ocorre
todas as vezes que alguém consegue vencer suas próprias
limitações, aprende a perdoar, cultiva a paciência e
exercita a caridade desinteressada. Jesus foi o maior
exemplo desse renascimento constante, dedicando sua vida
ao bem, sem jamais se deter diante das dificuldades.
O Pentecostes, celebrado 50 dias após a Páscoa, tem sua
origem na tradição judaica, marcando a Festa das
Colheitas. No cristianismo, tornou-se o momento em que
os apóstolos de Jesus receberam o Espírito Santo,
fortalecendo-se para divulgar a Boa Nova ao mundo.
Na visão espírita, esse evento pode ser compreendido
como um fenômeno mediúnico de inspiração e sintonia com
os Espíritos superiores. O Livro dos Espíritos e O
Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, ensinam que a
comunicação com o plano espiritual sempre ocorreu e que
os Espíritos benfeitores influenciam e inspiram aqueles
que estão abertos a receber sua orientação.
Os apóstolos, tomados por um profundo entusiasmo e
clareza de ideias, foram sensibilizados por Espíritos
elevados, que os ajudaram a transmitir os ensinamentos
de Jesus com mais firmeza e discernimento. Essa
experiência não foi um evento isolado, mas sim um
fenômeno que ocorre constantemente com todos aqueles que
se dedicam ao bem e sintonizam com vibrações superiores.
O Espiritismo ensina que os Espíritos influenciam nossos
pensamentos e ações muito mais do que imaginamos. Se
conseguirmos manter em sintonia com sentimentos
elevados, como o amor, a humildade e a caridade,
recebemos o amparo e a inspiração dos Espíritos
superiores. Porém, se cultivamos sentimentos inferiores,
como o ódio, a inveja e o egoísmo, atraímos influências
espirituais menos elevadas dificultando o nosso
equilíbrio, saúde e paz.
Portanto, o Pentecostes pode ser visto como um símbolo
da necessidade de nos tornarmos receptivos à assistência
espiritual que está sempre ao nosso redor. A verdadeira
conexão com o divino ocorre quando abrimos nosso coração
ao bem, à fraternidade e principalmente à nossa reforma
íntima.
A vida espiritual é um caminho de aprendizado contínuo.
A Páscoa e o Pentecostes, na perspectiva espírita,
representam momentos importantes dessa jornada:
• A Páscoa nos ensina a superar as dificuldades,
libertar-nos de velhos padrões e renascer
espiritualmente. Assim como Jesus exemplificou o amor e
a resiliência, também somos chamados a transformar
nossas dores em oportunidades de crescimento.
• O Pentecostes nos lembra que nunca estamos
sozinhos e que a espiritualidade superior nos ampara
constantemente. Para receber essa assistência, devemos
estar receptivos, manter a sintonia com o bem e agir de
acordo com os ensinamentos de amor e caridade.
Ambas as celebrações reforçam que o Espírito é imortal e
está em constante evolução. A verdadeira Páscoa acontece
dentro de nós quando perdoamos, quando nos desapegamos
do passado e quando seguimos confiantes no futuro. O
verdadeiro Pentecostes se manifesta quando nos tornamos
instrumentos da paz, da harmonia e do progresso
espiritual.
Assim sendo, o Espiritismo nos ensina que a Páscoa e o
Pentecostes não são apenas datas comemorativas, mas
oportunidades para refletirmos sobre nossa caminhada
evolutiva.
A ressurreição de Jesus simboliza a certeza da vida após
a morte e a necessidade de transformação moral de todos
nós. O Pentecostes representa a influência dos Espíritos
superiores e a importância de mantermos sintonia com os
valores do Evangelho.
Que possamos viver esses ensinamentos diariamente,
buscando sempre aprimorar nosso espírito, fortalecer
nossa fé e agir com bondade e compreensão para com o
próximo. Assim, vivenciaremos o verdadeiro significado
dessas celebrações e nos aproximando cada vez mais do
reino de Deus dentro do nosso coração, como nos
recomenda Jesus.