Que dizer
aos que negam o Umbral e as Colônias Espirituais?
Um leitor de Minas
Gerais enviou-nos uma carta contendo questionamentos
feitos por um amigo a propósito de informações contidas
em obras mediúnicas que, na opinião do amigo, não teriam
suporte nos livros de Allan Kardec. Ele refere-se
especificamente ao Umbral e às Colônias Espirituais,
cuja existência não aceita. Além de
negar a existência do Umbral e das Colônias, ele
apresentou-nos outros questionamentos pertinentes ao
mesmo tema.
Vamos ater-nos neste texto à questão do Umbral e das
Colônias Espirituais, que o amigo em foco e muitos
espíritas – por incrível que isso pareça – negam porque
Allan Kardec não os menciona. Os demais questionamentos
serão examinados oportunamente.
Em primeiro lugar, lembremos que Allan Kardec não pôde,
por razões inúmeras, aprofundar-se em determinados
assuntos que estariam reservados para as gerações
futuras, porque a revelação espírita é progressiva e
deve seguir, conforme proposto pelo próprio Codificador,
o avanço das pesquisas, dos fatos e da ciência.
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Cabe-nos, contudo, reconhecer que Allan Kardec, embora
sem os pormenores que outros autores nos
trouxeram posteriormente, aludiu ao assunto em
alguns momentos do seu livro O Céu e o
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Inferno, obra recheada de depoimentos
dados por Espíritos de categorias evolutivas
diversas. |
Assim é que no cap. VII da 1ª Parte da obra citada, no
tópico 25º, Kardec diz que no plano espiritual existem
Espíritos mergulhados em densa treva; outros se
encontram em absoluto insulamento no Espaço,
atormentados pela ignorância da própria posição,
como da sorte que os aguarda. Os mais culpados
padecem torturas muito mais pungentes por não
lhes entreverem um termo. Alguns são privados de
ver os seres queridos, e todos, geralmente, passam com
intensidade relativa pelos males, pelas dores e privações que
a outrem ocasionaram. Esta situação perdura até que o
desejo de reparação pelo arrependimento lhes traga a
calma para entrever a possibilidade de, por eles mesmos,
pôr um termo à sua situação. [O
negrito é de nossa autoria.]
Comparemos o texto acima, de autoria de Allan Kardec,
com a descrição que André Luiz fez, no livro Nosso
Lar, acerca de sua situação no Umbral. Há neles
alguma diferença?
Em outro trecho do mesmo livro, no cap. IV da 2ª Parte,
Kardec reproduz uma comunicação do Espírito de Claire,
que se refere ao marido, que muito a martirizara, e à
posição em que ele se encontrava no mundo espiritual.
Eis o trecho: “Queres saber qual a situação do pobre
Félix? Erra nas trevas entregue à profunda nudez de
sua alma. Superficial e leviano, aviltado pelo
sensualismo, nunca soube o que eram o amor e a amizade.
Nem mesmo a paixão esclareceu suas sombrias luzes. Seu
estado presente é comparável ao da criança inapta para
as funções da vida e privada de todo o amparo. Félix vaga aterrorizado
nesse mundo estranho onde tudo fulgura ao brilho desse
Deus por ele negado.” [Negritamos.]
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Quando surgiu o livro Nosso Lar, a primeira obra
escrita por André Luiz, dúvidas inúmeras foram
levantadas por personalidades importantes, a exemplo de
Leopoldo Machado, que |
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tiveram inicialmente dificuldade em aceitar
parte das informações que o livro apresentava.
Sabemos, porém, que tais dúvidas não tinham
fundamento nenhum porque, a rigor, André Luiz
não trouxe novidades sobre o tema, que já fora
examinado anteriormente por inúmeros autores. |
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Se os que pensam como o amigo do leitor que nos escreveu
tivessem lido o livro A Vida no Outro Mundo, obra
de Cairbar Schutel publicada antes do surgimento do
médium Chico |
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Xavier, saberiam disso, o que implica dizer que
negar a existência do Umbral e das Colônias
Espirituais mencionadas por André Luiz significa
refutar a contribuição inestimável de autores
consagrados como, por exemplo, Conan Doyle,
Oliver Lodge, Carl du Prel, Swedenborg, Winifred
Moyes, Ernesto Bozzano, Cairbar Schutel e Lilian
Walbrook, dentre muitos outros. |
Eis, a propósito, algumas informações que colhemos no
livro A Vida no Outro Mundo, de Cairbar Schutel:
1. Há no Outro Mundo diversos planos de existência, e
não poderia ser de outro modo, porque os Espíritos,
revestidos de seu corpo espiritual, não podem viver num
meio que não esteja de acordo com sua vestimenta
espiritual, que vibra sempre ao ritmo da elevação de
cada um, em sabedoria e moralidade. Uma região isenta de
oxigênio seria hostil a Espíritos ainda necessitados de
oxigênio. Os círculos que envolvem a Terra se
diferenciam pela fluidez da matéria que os compõe. (A
Vida no Outro Mundo, 5ª. edição, pp. 82, 83, 85 e
107.)
2. O primeiro plano do Mundo Espiritual é bem parecido
com o plano terráqueo. Pode-se dizer que o nosso plano
aqui na Terra é uma cópia materializada desse plano, o
que explica a existência ali de habitações semelhantes
às nossas. (Obra citada, pp. 87 a 89.)
3. Muitas obras e estudiosos falam sobre a existência de
cidades, casas, hospitais, templos e palácios no Outro
Mundo e Conan Doyle menciona em seu livro História do
Espiritismo vários casos, a exemplo de sir Oliver
Lodge, Carl du Prel, Swedenborg, Winifred Moyes e Lilian
Walbrook. (Obra citada, pp. 54, 56, 57, 78, 92, 95, 96,
97, 102 e 103.)
4. Nas mensagens transcritas por Conan Doyle, além da
referência à existência de casas lindas e flores, um dos
comunicantes fala do alimento utilizado no plano em que
vivia, o qual não se parece com o nosso porque é muito
mais agradável e delicado. (Obra citada, pp. 95 a 97.)
5. Nas obras de Swedenborg faz-se menção a casas,
templos, salões, palácios. As crianças são bem recebidas
no Outro Mundo, sejam ou não batizadas, e ali elas
crescem cuidadas por mulheres jovens, até que lhes
apareçam suas mães verdadeiras. (Obra citada, pp. 98 a
100.)
6. No livro O Caso de Lester Coltman, de Lilian
Walbrook, Coltman (Espírito) dá-nos a seguinte
informação: “Meu trabalho continua aqui como se iniciou
na Terra, ou seja, no terreno científico. Para progredir
em meus estudos, visito frequentemente um laboratório,
onde encontro facilidades tão completas como
extraordinárias para a realização de experiências. Tenho
casa própria, verdadeiramente bela, com uma grande
biblioteca, na qual existe toda a classe de livros de
consulta: históricos, científicos, de Medicina, e de
todos os gêneros da Literatura. Para nós, estes livros
são tão interessantes como para vós, os da Terra. Tenho
uma sala de música com toda a sorte de instrumentos.
Tenho quadros de rara beleza e móveis de gosto apurado.”
Na sequência, Lester Coltman refere-se a uma paisagem
extraordinariamente bela que ele podia descortinar de
suas janelas e diz haver ali magníficas escolas para
instrução dos Espíritos de crianças. (Obra citada, pp.
93 a 95.)
As informações de Cairbar Schutel não são diferentes das
que Ernesto Bozzano nos trouxe em seu livro A Crise
da Morte, obra publicada em 1926 pela Federação
Espírita Brasileira.
Eis trechos da referida obra:
1. Segundo esclarecimentos ditados pelo Espírito de
Celfra: a) existem esferas espirituais de transição, em
que os Espíritos guardam a forma humana e se veem num
meio análogo ao terrestre; b) o peso do Espírito
recém-chegado ao mundo espiritual provém das condições
de pecado em que toda gente aí chega; c) enquanto a alma
do recém-vindo estiver ligada, de alguma sorte, ao mundo
dos vivos, o Espírito não pode deixar de existir numa
condição quase terrena; d) após a morte do corpo físico,
nas altas esferas espirituais a faculdade de pensar
experimenta uma transformação e uma expansão
prodigiosas. (A Crise da Morte, pp. 159 a 161.)
2. Jim Nolan disse que, ao entrar no mundo espiritual,
parecia-lhe caminhar sobre um terreno sólido, quando
encontrou sua avó, que o levou para longe dali, para sua
morada. A morada da avó, onde ele repousou e dormiu
naquela noite, tinha o aspecto de uma casa. “No mundo
dos Espíritos – explicou ele –, há a força do
pensamento, por meio do qual se podem criar todas as
comodidades desejáveis...” (Obra citada, p. 32.)
3. O Espírito, pensando na forma humana, se veria de
novo em forma humana; pensando em estar vestido,
achar-se-ia coberto de roupas que, sendo tão etéreas
como o seu próprio corpo, lhe pareceriam tão
substanciais como as vestes terrenas. É assim que ele
encontra, no mundo espiritual, um meio e uma morada
correspondentes a seus hábitos terrestres, morada que
lhe preparariam os seus familiares, tornados antes dele
à existência espiritual. (Obra citada, p. 36.)
4. Felicia Scatcherd diz ter sido conduzida a uma
maravilhosa morada que os próprios Espíritos haviam
criado pela força do pensamento. (Obra citada, pp. 117 a
121.)
5. A mensagem do Espírito trouxe notícias sobre as
habitações existentes no mundo espiritual, construídas
por Espíritos que se especializaram em modelar, pelo
pensamento, a matéria espiritual. (Obra citada, pp. 137
a 143.)
6. Os Espíritos se encontram novamente, na vida
espiritual, com a forma humana. Todos se acham num meio
espiritual radioso e maravilhoso (no caso de mortos
moralmente normais) e num meio tenebroso e opressivo (no
caso de mortos moralmente depravados). Todos reconhecem
que o meio espiritual é um novo mundo objetivo, real,
análogo ao meio terrestre espiritualizado. Eles aprendem
que isso se deve ao fato de que, no mundo espiritual, o
pensamento constitui uma força criadora, por meio da
qual o Espírito existente no “plano astral” pode
reproduzir em torno de si o meio de suas recordações. Os
Espíritos dos mortos gravitam fatalmente e
automaticamente para a esfera espiritual que lhes
convém, por virtude da “lei de afinidade”. (Obra citada,
pp. 164 a 166.)
Sobre a região chamada Umbral e as esferas espirituais
que circundam a Crosta terrestre recomendamos ao leitor
que leia o texto que escrevemos e publicamos na edição
226 da revista O Consolador. Para acessá-lo,
clique aqui: UMBRAL