Na hora que passa
Irmãos, a paz de Jesus reine soberana entre nós.
O Espiritismo, no dia laborioso dos pioneiros, poderia
ser uma fonte de consolações e surpresas, à frente de
nossos olhos deslumbrados…
Era natural que assim fosse.
A sabedoria antiga voltava a felicitar-nos, no
intercâmbio entre as duas Esferas, abrindo-nos
horizontes diferentes no país das grandes revelações.
Infantis no conhecimento de ordem superior, éramos
tolerados na indagação infindável e na curiosidade
enfermiça que nos centralizavam a mente e o coração no
verbalismo sem obras.
O tempo, no entanto, assinalou novas portas evolutivas
em nossa jornada para diante.
A responsabilidade lançou raízes profundas em nossa
vida, convertendo-nos a fé em abençoados compromissos de
trabalho e a confortadora Doutrina que nos enriquece de
bênçãos passou, de manancial do consolo isolado, à
bendita construção espiritual, em que todos somos peças
integrantes do serviço, em favor do progresso geral.
Antigamente perguntávamos. Hoje é necessário fazer.
Em outro tempo experimentávamos. Agora devemos ser
experimentados no engrandecimento da vida na Terra.
Outrora, éramos exigentes no “receber”. Atualmente, é
imprescindível a nossa diligência para “dar”.
No princípio eram justos a expectação e o êxtase. Na
hora que passa, entretanto, somos obreiros convocados à
edificação da fraternidade e da elevação entre os
homens.
Grandes são as nossas oportunidades nos tempos modernos,
em que a nossa instrumentação se mostra tão rica de dons
para a vida eterna.
Nós, os espíritas cristãos, na segunda metade do século
XX, somos servos conscritos à atividade incessante, com
a aplicação dos imensos recursos recebidos do Alto.
Assemelhamo-nos a senhores abastados do ideal, com a
obrigação de fugir à secura e à avareza, se quisermos
encontrar, mais tarde, as compensações da verdade e do
amor.
Nossas convicções são valores reais que precisamos
distribuir, a benefício de todos; não somente, porém,
com as palavras brilhantes, com as páginas inspiradas,
com as promessas sublimes ou com os votos risonhos, mas,
acima de tudo, com a demonstração prática de nossas
experiências, de vez que apenas o orientador adequado
produz roteiros adequados.
Ninguém nos conhece pelo que falamos e sim pelo que
operamos.
Não somos amados pelo que ensinamos com a boca, mas sim
pelo que realizamos com o coração.
Não somos conhecidos pelas teorias que esposamos e sim
pelos bens ou pelos males de que somos portadores, na
estrada em que seguimos, na companhia de quantos nos
foram confiados pelo Senhor.
Façamos assim, do Espiritismo, a carta de nossos deveres
pessoais, à frente de Deus e da Humanidade, e não a
mensagem que nos lisonjeie a expressão particularista de
crentes, aprendizes ou simpatizantes da Grande Causa que
cogita da redenção terrestre.
O nosso caminho está descerrado ao sol do Cristo.
Seguiremos para diante com a ação evangélica ou seremos
esmagados pelo carro do progresso comum.
Agiremos com o bem ou perderemos tempo no mal.
Materializaremos o amor que o Mestre nos legou ou
permaneceremos indefinidamente materializados no Círculo
carnal, por séculos infindos.
Avancemos meus amigos.
Nosso ideal é serviço constante, nossa fé representa
claridade divina e nossa esperança é caridade em ação.
Sigamos com Jesus, afastando-nos da retaguarda, e Jesus
estará conosco na vanguarda de luz.
Do livro Comandos do amor, comunicação
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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