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por Wellington Balbo

 

Apenas 1 hora e nada mais...


Já faz algum tempo que realizava palestra numa determinada casa espírita quando um aparelho celular soa alto no meio do salão. Uma pessoa abre a bolsa, retira o celular e eu penso: ela vai desligar... Engano de minha parte, a pessoa atende e começa a conversar... Eu a falar de um lado, ela do outro, palestra e conversa no celular confundem-se, todos começam a olhar para a pessoa que, de forma muito tranquila continua a sua prosa. Eu ali, entre parar ou não parar a palestra, por fim, subi um pouco o tom de voz e prossegui, até que a pessoa decidiu despedir-se de seu interlocutor e desligar.

Este não foi o primeiro caso que acompanhei deste tipo, já presenciei outros tantos. Uma pena, pois o tempo que ficamos no centro espírita é tão pequeno que vale a pena, sem dúvida, desligar-se um pouco do mundo lá fora para conectar-se ao mundo que se passa dentro do centro espírita e também em nosso próprio mundo íntimo, afinal, a atividade espírita é propícia para essa conexão com nós mesmos e a transcendência.

A situação exposta acima fez-me recordar de uma questão que envolve duas condições essenciais para uma reunião espírita séria: silêncio e recolhimento. Aliás, chamam atenção as vezes em que Kardec, em sua obra, refere-se ao silêncio e ao recolhimento como essenciais para uma sessão espírita com bons resultados.

Há um ponto interessante: a distinção entre silêncio e recolhimento.

Quando você não emite sons ou faz barulho está em silêncio, porém, recolhimento é outro patamar. Quem se recolhe está em concentração, atento, focado no trabalho.

O recolhimento mostra que estamos ali de corpo e alma, nem sempre o mesmo ocorre quando estamos em silêncio. Pode ser que estejamos em silêncio, mas com a alma a pensar na rodada do campeonato brasileiro. Aí de nada adianta. E não adianta porque a comunhão de pensamentos, que caminha junto com o silêncio e o recolhimento, é fundamental para uma sessão espírita eficaz.

O pensamento é o material com o qual os Espíritos trabalham, portanto, quanto mais a assembleia estiver em comunhão, remando para o mesmo lado, melhor será a atuação dos Espíritos e, por consequência, melhores os resultados para todos: encarnados e desencarnados.

Tenho percorrido muitos centros espíritas e visto casos curiosos: celulares tocando em alto volume em plena palestra, conforme dito no início, dirigentes entrando e saindo da sala o tempo todo a cochichar com este ou aquele colega da plateia, pessoas completamente desatentas.

Claro que não me compete fiscalizar comportamentos e ações dos outros, entretanto, como observador e estudioso da obra de Kardec vale a pena, e muito, trazer este lembrete para que possamos atentar para a importância do trabalho que é realizado no centro espírita e as diretrizes deixadas por Kardec e pelos próprios Espíritos.

Silêncio e recolhimento, meus amigos...

Afinal, convenhamos: é possível desligar o celular e ficar sem cochichar por 1 hora apenas... apenas 1 hora e nada mais... Vale a pena, podem apostar que vale muito a pena...


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita