Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Pais e filhos sem telas


Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu
. Rubem Alves


Não é nenhum segredo que usar telas é prejudicial para as crianças.  Contudo, muitas vezes os adultos não consideram o seguinte fato: quanto mais a mãe e o pai se entregam às telas, mais seus filhos se tornam viciados.

Crianças são altamente sensíveis ao ambiente ao seu redor, especialmente ao comportamento dos adultos próximos. Nós, pais e cuidadores, somos modelos de comportamento, de habilidades e de competências. Ao nos observar, o cérebro das crianças decide o que é importante e o que tem propósito; ou seja, nossos filhos se desenvolvem para ser o que nós somos…

Nossos filhos precisam de contato direto, olho no olho, o que chamamos de jogo da troca, uma ação de bebê e reação dos pais para estimular o desenvolvimento adequado ao seu cérebro.

Desse modo, ao aumentar o tempo nas telas, os pais deixam de dar atenção correta para os bebês e isso leva a prejuízos muitas vezes irreversíveis na arquitetura de um cérebro em formação. Quando os pais não dão atenção para os filhos, isso os estimula a passar ainda mais tempo nas telas, o que é mais prejudicial nos primeiros anos de vida. Ou seja, ter essa exposição excessiva a telas na infância é especialmente preocupante porque o cérebro está em uma fase de extrema plasticidade e consolidação. Mudar esse hábito depois é muito mais difícil e exige um esforço significativo…

O uso excessivo de telas durante a infância e adolescência pode trazer vários impactos para os filhos. O excesso de estímulos digitais pode sobrecarregar o cérebro infantil, levando a dificuldades de concentração, dificuldade de aprendizagem, aumento da chance de irritabilidade, alterações de sono e de postura, visão, sedentarismo etc.

É um aspecto importante e não deve ser negligenciado durante a passagem da infância: as crianças aprendem trabalhando com as mãos e explorando o mundo com os cinco sentidos. Quando passam tempo demais em telas, perdem essas oportunidades. A longo prazo, isso pode impactar a integração sensorial e o desenvolvimento motor, algo essencial para a aprendizagem e o equilíbrio emocional, afetando também a interação social.

Construir vínculos fortes exige convivência genuína, pais presentes, rotina analógica, sábado no quintal, domingo no parque com cachorro, bola ou bicicleta.

Tempo de qualidade com os filhos pequenos é tempo sem telas. Estar fisicamente no mesmo ambiente, mas cada um olhando para uma tela, não é estar junto de verdade… Você concorda?

 

Notinhas

Em casa, limite o tempo de uso, estabeleça locais sem telas, como refeições e quarto, evite telas duas horas antes do sono para toda a família.

Ao chegar a casa, tenha dedicação exclusiva para os seus filhos. Sim, o trabalho online pode esperar algumas poucas horas na sua tarefa mais importante que é o cuidar do seu bem mais precioso.

Para os filhos pequenos, desenhar, pintar, montar quebra-cabeças e fazer artesanato ajudam na coordenação motora e na criatividade.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita