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por Wagner Ideali

 

Como as vidas passadas influenciam a existência atual


Em verdade vos digo, se não nascer de novo não poderá ver o reino de Deus. 
Jesus


No estudo da Doutrina Espírita aprendemos que a vida presente é profundamente influenciada por nossas existências anteriores. A lei da reencarnação, princípio fundamental do Espiritismo, explica que cada espírito percorre uma trajetória evolutiva, passando por múltiplas vidas para aperfeiçoar-se moral e intelectualmente. A cada existência vamos adquirindo valores que serão usados na próxima, armazenados no nosso inconsciente profundo, como nos ensina Joanna de Ângelis no seu magnífico trabalho de natureza psicológica, em que, baseando-se no trabalho de Jung, Joanna apresenta os arquétipos como estruturas psíquicas que carregam os valores conquistados em vidas passadas.

As experiências vividas no passado deixam marcas no espírito, refletindo-se na personalidade, nos talentos inatos, nas dificuldades enfrentadas e até mesmo em certos traços do destino de cada um. De acordo com O Livro dos Espíritos, os sofrimentos e desafios da vida atual podem ser consequências de ações passadas, representando oportunidades de aprendizado e de reparação de erros cometidos anteriormente.

A reencarnação também explica as tendências e aptidões naturais de cada ser. Crianças-prodígios, por exemplo, demonstram habilidades notáveis desde cedo porque trazem consigo conhecimentos adquiridos em vidas anteriores. Da mesma forma, inclinações morais e dificuldades emocionais podem ter raízes em experiências pregressas, exigindo esforço e reforma íntima para sua superação. A nossa contínua busca dos valores da vida material, em detrimento aos valores profundos da alma, geram frustrações, dor, perturbações, entre outros sintomas que somente com novas reencarnações vamos modificar, aprendendo muitas vezes com a dor, para conseguirmos um estado de equilíbrio, com base nos valores morais alicerçados no conhecimento.

Outro aspecto essencial é a lei de causa e efeito, que rege a justiça divina. Os espíritos colhem o fruto do que semearam em vidas passadas, seja pelo bem ou pelas ações equivocadas que, neste caso, agravam seu estado espiritual. Isso não deve ser entendido como um castigo, mas como um mecanismo de aprendizado e evolução espiritual. O sofrimento, quando compreendido sob essa ótica, é um meio de crescimento que permite ao espírito avançar em sua jornada.

Além disso, os encontros e desencontros da vida são explicados por nosso passado espiritual. Laços familiares e afetivos muitas vezes resultam de reencontros entre espíritos que compartilham histórias anteriores. Desafios nas relações podem ser formas de reajuste, enquanto fortes laços de amor são frutos de afinidades cultivadas ao longo de sucessivas existências.

Dessa maneira, a Doutrina Espírita nos ensina que o presente é consequência do passado e, ao mesmo tempo, a base para um futuro melhor. Compreender essa interconexão permite viver com mais responsabilidade, resignação e amor, buscando sempre o progresso espiritual e a construção de um destino mais iluminado.

Nos ensinos de Joanna vamos verificar que temos uma consciência, que é a menor parte da psique humana, mas também temos o inconsciente chamado de individual, que tudo armazena do nosso dia a dia, seja bom ou não. Existe em nós, segundo Joanna e Jung, um outro inconsciente, chamado de profundo ou coletivo. Nesse inconsciente temos marcada toda a nossa bagagem espiritual, através de complexos, traumas, neuroses, virtudes e os arquétipos que explicam o nosso desenvolvimento cognitivo, emocional e espiritual ao longo das diferentes reencarnações. Nesse inconsciente profundo estão todas as nossas marcas básicas, os arquétipos, que vão definir nossa forma de ver a vida e vivê-la.

Assim as encarnações sucessivas são fundamentais para o nosso desenvolvimento na vida atual.

O Evangelho de Jesus, ao ser lido e praticado, nos oferece um manual prático de como nos machucarmos menos. O estudo do Espiritismo e sua vivência vai nos oferecer bagagem, estrutura e condições para atravessar melhor a vida. Ele nos permite desenvolver potencialidades profundas do Espírito imortal, gerar dentro de nós paz, equilíbrio e assim evoluir, construindo o reino de Deus dentro de nós.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita