Qual o caminho?
As histórias orientais sempre trazem material
para boas reflexões direcionadas à evolução do
ser imortal, principalmente enquanto mergulhado
em novas existências que se manifestam como
sendo a misericórdia do Pai ao filho pródigo
frequentemente convidado ao retorno à Casa de
origem.
Recordo-me de uma delas em que um homem
encontrou um monge responsável pela limpeza do
mosteiro a varrer o pátio do local.
Perguntou, então, a ele onde estava o caminho
correto.
A resposta primeira foi a de que o caminho
procurado com rota previamente traçada estava
logo depois do muro do local que estava
limpando.
O viajor não satisfeito com essa orientação
esclareceu que o caminho que procurava não era
aquele ao alcance de ambos, mas outro bem
diferente.
O monge aprofundando sua orientação apontou para
si mesmo dizendo que esse outro caminho ficava
dentro de cada ser levando as pessoas aos
lugares de sua livre escolha.
O caminho além do muro conduzia a locais
comprometedores da segurança de quem o
trilhasse.
O caminho de dentro, se bem conduzido, traria
farta colheita de paz e de amor.
Joanna de Ângelis através da psicografia de
Divaldo Franco no belíssimo livro Sendas
Luminosas, LEAL editora, nos ensina, na
página intitulada Caminhos, que a existência
é assinalada por diversos caminhos que conduzem
o Espírito por várias faixas do processo de
evolução.
Há uma quase ilimitada possibilidade de escolha
de roteiros para seguir; no entanto, selecionada
a estrada, os resultados se tornam inevitável
efeito da opção.
Por isso mesmo, todos são livres para
selecioná-los e segui-los, não obstante se
apresentem as consequências correspondentes como
fenômeno natural, facultando o progresso ou
criando-lhe embaraços que devem ser removidos em
futuras decisões.
A imensa maioria da humanidade deseja dias
melhores. Um mundo sem guerras. Um planeta com
mais amor e menos indiferença pelas dores do
outro. Um orbe onde possamos assistir a um
progressivo aumento de justiça social e um menor
índice de pessoas que perecem a fome.
É de concepção e desejo da maioria a existência
de um lar onde o barco da nossa existência possa
aportar de forma segura para o refazimento das
forças do marinheiro cansado das ondas
tempestuosas e ameaçadoras da navegação.
A alma em seu trânsito pelo planeta de provas e
expiações deseja ardentemente pelo perdão do
outro aos seus enganos, enquanto se nega à
reciprocidade dessa ação.
O ser imortal tem ânsia de amor no recôndito de
sua intimidade, desse mesmo amor que oculta do
companheiro de jornada que lhe estende as mãos
súplices por um abraço de bem vinda.
O leque de ofertas dos prazeres do mundo se abre
em opções perigosas ao viajor incauto que se
afasta das Leis de Amor que preenchem o
Universo.
Na lavoura da Providência Divina onde a Terra é
simplesmente um capítulo muito pequeno e breve,
ninguém que semeie espinhos colherá a fartura de
rosas.
O princípio do dar-se a cada um segundo as suas
obras manifesta-se em nome da Justiça perfeita
providenciando para que assim ocorra.
São muitos os caminhos fartos e variados que
atendem à solicitação do orgulho, da vaidade e
do egoísmo daquele que mergulha na existência
física como se apoderasse de um tesouro do qual
jamais tivesse que abrir mão.
No livro mencionado nas linhas anteriores,
Joanna nos ensina que muitos são os caminhos
da loucura, da paixão desenfreada, dos arroubos
permanentemente juvenis a que se entregam as
criaturas desajuizadas que ainda não
experimentaram os encantos da autorrealização,
da harmonia interior, do abandono de tudo quanto
se dilui com facilidade, deixando profundas
marcas de ressentimento e tédio, de amargura e
remorso.
Sendo Jesus o psicoterapeuta por excelência, Ele
apresentou-se como o Caminho que levará o
Espírito reencarnado em direção da felicidade e
da paz que tanto almeja, mas que procura por
sendas tortuosas além do muro de si mesmo,
orientado pelos sentimentos do orgulho, da
vaidade e do egoísmo.
Ao se apontar como o Caminho, jamais o fez com a
intenção de nos prometer facilidades. Pelo
contrário, esclareceu que as vias largas da
existência não conduziriam a boas colheitas. O
percurso recomendável na estrada da existência
era o estreito, repleto de obstáculos
desafiadores para a vitória da consciência
diante de si mesma.
Informou também que no mundo teríamos aflições,
mas que confiássemos porque Ele havia vencido o
mundo.
Talvez estejamos confundindo-nos na situação
atual do planeta onde o joio está em processo
lento, porém progressivo, de separação do trigo,
procurando aflitivamente vencer no mundo.
A recompensa dessa atitude é praticamente
imediata, em que os prazeres transitórios nos
chamam como um canto de sereia a ludibriar o
marinheiro incauto que passa a orientar a
embarcação de sua existência em direções
perigosas, onde irá colidir com os icebergs dos
valores pequenos e velozes em sua dissipação.
O conhece-te a ti mesmo é o caminho
árduo, porém seguro, para alcançarmos o abrigo
da consciência pacificada e pronta para
continuar a trabalhar na construção de um mundo
melhor que se inicia dentro de cada trabalhador
da vinha do Senhor.