Desapego
A cobrança é um problema realmente aflitivo, à maneira
de nuvem, eclipsando a beleza e o brilho do serviço
cristão.
É imperioso anotar, porém, que não somente o dinheiro
vem a ser o objeto disputado nos processos de
retribuição na lavoura do espírito.
Há quem exija dos outros variadas formas de pagamento,
reclamando pesados impostos de reconhecimento, de apreço
afetivo, de considerações sociais…
Apregoa-se, então, a caridade, como quem abraça um
negócio qualquer, em que a velha filosofia do “dou para
que me dês” constitui a mola viva de toda e qualquer
manifestação.
Contudo, ao sol do Evangelho, se efetivamente nos
propomos alcançar a comunhão com Jesus, o desinteresse
pessoal deve representar o selo de nossa boa vontade e a
garantia de nossa fé.
Não importa que os outros te menoscabem as ações, com
evidente desrespeito ao teu modo de atuar ou de ser.
Vale o amor com que te empenhas ao dever retamente
cumprido, de vez que todas as possibilidades da vida
pertencem originariamente a Deus.
A criatura que ao bem se consagra, sem a preocupação de
avocar para si a autoria dos pensamentos enobrecidos e
das obras edificantes, recebe do Alto infinita
capacidade de estender esse mesmo bem.
Recorda que o charco de hoje, se ajudado, pode ser
amanhã o campo bendito para a colheita farta e não te
esqueças de que o fruto, agora verde, se respeitado,
pode ser depois o reconforto de tua mesa.
Jesus não estabeleceu qualquer mercado para a
distribuição dos dons divinos. Afeiçoemo-nos, pois, a
Ele que tudo deu de si sem pensar em si, confiando-se à
suprema renúncia, a benefício de todos, e, longe das
prisões forjadas pelos tributos terrestres, nossas almas
ascenderão, em voos sempre mais altos e sempre mais
livres, no rumo certo da gloriosa imortalidade.
Do livro Intervalos, mensagem
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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