Brasil
por Astolfo O. de Oliveira Filho

Ano 19 - N° 923 - 18 de Maio de 2025

 

 
Divaldo Franco, depois de uma existência profícua, retorna à pátria espiritual

 

Faleceu na última terça-feira, dia 13, o médium e líder espírita Divaldo Franco. Nascido em 5 de maio de 1927 na cidade baiana de Feira de Santana, ele havia comemorado dias antes 98 anos de idade, uma longa existência em que proferiu mais de 20 mil conferências em cerca de 2.500 cidades de 71 países.

 

O homem e a obra

Havendo psicografado mais de 270 livros nos mais diversos gêneros literários, vários deles traduzidos para 17 idiomas, Divaldo serviu como médium a mais de 200 autores desencarnados, com

destaque para sua mentora Joanna de Ângelis, pseudônimo usado pelo espírito de madre Joana Angélica de Jesus, abnegada e
valorosa freira baiana que dedicou sua vida a Deus e à glória maior do convento que dirigia, à porta do qual desencarnou heroicamente em 1822, vitimada pelas baionetas inimigas.

Além da intensa divulgação espírita por meio da palavra e dos livros que psicografou, ele fundou em 1947, ao lado de Nilson de Souza Pereira, desencarnado em 2013, o Centro Espírita Caminho da Redenção e em 1952 a Mansão do Caminho, que formam um complexo educacional e assistencial com 44 edificações, distribuídas em ruas, bosques e lago, em que são atendidas diariamente mais de 5.000 pessoas que procuram ajuda material, educacional e espiritual.

Outro trabalho de larga repercussão foi o movimento Você e a paz, de caráter ecumênico, que, lançado por ele em Salvador no ano de 1998, espalhou-se por inúmeras cidades, atraindo sempre em todos os lugares um público numeroso.

 

A história gravada de uma vida

A Rede Globo, por sua afiliada na Bahia, produziu uma excelente matéria sobre a trajetória e as atividades que marcaram a presença de Divaldo nesta sua recente passagem pelo mundo. A reportagem, que vale a pena ser vista, pode ser acessada clicando-se em Divaldo e sua trajetória

Orador amplamente conhecido no Brasil e no exterior, a história de vida do  estimado amigo foi registrada no filme Divaldo, o Mensageiro da Paz, lançado em 2019, que pode ser visto, bastando para isso clicar em A vida de Divaldo

 

Uma campanha injusta e sem sentido

Quanto aos contatos frequentes que mantivemos com o grande médium mesmo antes do surgimento desta revista, que ele incentivou e apoiou desde o primeiro momento, só temos a agradecer, lembrando a todos que em julho de 2007 escrevemos e publicamos no jornal O Imortal uma matéria intitulada “Volta à cena uma infeliz campanha contra Divaldo Franco” que muito o comoveu, porquanto até aquela data poucas vozes se ergueram na imprensa espírita para reparar a injustiça daquela que chamamos de “infeliz campanha”, uma reedição de algo que acontecera 45 anos antes, quando Chico Xavier contava 52 anos de idade e Divaldo Franco, 35.

A campanha então reeditada tinha dois objetivos e conseguiu, sim, parte do seu intento, que era afastar os dois grandes médiuns, até aquele momento amigos próximos, o que acabou ocorrendo por um prazo aproximadamente de dez anos.

 

Nada como um dia depois do outro

Em homenagem à verdade e ao estimado médium, e também para conhecimento de quem não a leu, reproduzimos a parte final da matéria que publicamos há quase 18 anos, quando Divaldo já ultrapassara os 80 outonos de idade:


“O outro objetivo, que foi sepultar a tarefa mediúnica de Divaldo, eles não conseguiram lograr, como o tempo acabou demonstrando. De fato, os estudiosos do Espiritismo sabem que bastam a obra de Joanna de Ângelis e os extraordinários livros de Manoel Philomeno de Miranda para justificar a decisão correta, tomada por Divaldo, de dedicar-se também à psicografia.

Por que o assunto voltou agora à baila? Fazemos esta pergunta porque são inúmeras as razões pelas quais ele jamais poderia ter voltado à cena:

1ª. A tola acusação de plágio ficou superada pela obra extraordinária que Divaldo P. Franco passou a realizar no campo da psicografia menos de dois anos depois quando,

em 1º de fevereiro de 1964, Joanna de Ângelis assinou o prefácio do livro Messe de amor, cuja qualidade literária e doutrinária não se discute.

2ª. Com o passar dos anos e atenuada a influência perniciosa que envolveu aquele episódio, Chico Xavier superou as próprias dúvidas e voltou a relacionar-se com Divaldo e até mesmo a psicografar ao lado dele, como ocorreu quando Osmar Freitas Filho, o Osmarzinho, de Londrina, enviou uma linda mensagem a seus pais por meio de Divaldo, no Grupo Espírita da Prece, após tê-lo feito inúmeras vezes por intermédio de Chico Xavier.

3ª. No dia 7/2/1976, em Uberaba, o jornalista e escritor Fernando Worm perguntou a Chico Xavier o que ele achava da opinião de alguns que diziam que Divaldo ficava mediunizado quando pregava, mas não quando psicografava. Chico Xavier lhe respondeu: ‘Por qual razão Divaldo estaria mediunizado enquanto fala e não enquanto psicografa? Por que a distinção?’.

4ª. Em 22/2/1976, em carta constante do livro Moldando o Terceiro Milênio, de Fernando Worm, que contém o diálogo acima transcrito, Chico Xavier escreveu: ‘Divaldo é bem o semeador que tomou as sementes sublimes da palavra e saiu a semear. Deus o abençoe nas tarefas a que se dedicou.’

5ª. Divaldo tem psicografado em público mensagens grafadas em idiomas desconhecidos, como prova o livro Hacia las estrellas, todo ele escrito em espanhol, ditado por Espíritos de diferentes países, primeira obra no gênero em que alguém que não conhece o idioma escreve mediunicamente um trabalho desse porte.

6ª. A recepção de mensagens especulares, que para serem lidas é preciso o concurso de um espelho. A primeira delas foi grafada por Joanna de Ângelis no programa da TV Uberaba intitulado ‘A Bigorna’, depois de uma entrevista de duas horas com várias personagens. O fato voltou a se repetir por duas vezes nos Estados Unidos, bem como na França por ocasião do Congresso Espírita Mundial realizado em Paris e no último Congresso Espírita Brasileiro realizado em Brasília, perante um grande público e emissoras de televisão, salientando-se que em alguns casos a mensagem foi psicografada em inglês ou alemão.

7ª. O próprio Chico Xavier participaria mais tarde de duas conhecidas obras de Manoel Philomeno de Miranda psicografadas por Divaldo. A primeira vez em 15/5/1982, quando André Luiz, por

seu intermédio, prefaciou o livro Nas Fronteiras da Loucura, e a segunda em 30/7/1983, quando Dr. Bezerra de Menezes, pelas
mãos de Chico Xavier, prefaciou a obra Painéis da Obsessão.

Além disso, Chico Xavier recebeu mais cinco prefácios dos amigos espirituais para livros psicografados por Divaldo e dentre essas obras figura ... E o amor continua, psicografada por Chico e Divaldo no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.

Acresce ainda dizer que as pessoas que reeditam essa campanha não deveriam ater-se à opinião de uma única pessoa, mas ouvir também, sobre o tema, outros como, por exemplo, os dirigentes da Federação Espírita Brasileira, cujos esclarecimentos não poderiam ter sido sonegados ao povo brasileiro na reportagem veiculada pela TV, e muito menos agora, embora Divaldo Franco não necessite de quem o defenda, visto que sua obra extraordinária, inclusive na área do livro, fala por si mesma.”


Com o pensamento voltado a Deus, só nos cabe agora expressar ao valoroso companheiro e amigo a nossa gratidão por todo o bem que fez a todos nós, enviando-lhe o nosso abraço carinhoso e as nossas melhores vibrações.

Que Deus o abençoe sempre, este é o nosso singelo pedido.


 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita