A presidente do centro pedia silêncio, meditação, prece. Chico
Xavier fechava os olhos, segurava o lápis e as frases se
espalhavam pelo papel. Waldo Vieira em geral o acompanhava no
dueto do além. Às vezes, quando um parava, o outro começava, e
os dois produziam textos complementares assinados pelo mesmo
"autor". O espetáculo atingia o clímax quando Chico preenchia as
páginas em branco com as esperadas "mensagens particulares".
Nessas longas noites mais produtivas o ritual costumava
prolongar-se até as 3h. Era a hora de a multidão se aglomerar em
volta de Chico. Risonho, de pé, com uma paciência indestrutível,
ele atendia a centenas de pessoas, autografava livros, contava
casos, ouvia histórias, ria, orientava. Era rara a noite em que
não precisava recorrer à velha frase: O telefone só toca de
lá pra cá.
Do livro As vidas de Chico Xavier,
de Marcel Souto Maior.
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