Ainda a lei de
ação e reação
Quando pensamos
na Lei de Ação e
Reação, que
impõe que cada
um colha de
acordo com a
sementeira, ou
seja, receba
segundo os seus
atos,
pensamentos e
atitudes,
vem-nos, quase
de imediato, a
justificação
para dores e
sofrimentos que
nos acometem ao
longo do
percurso
terreno.
A vida de todos
nós é assolada
pelas mais
diversas
dificuldades,
seja de que teor
for. Sejam as
doenças, os
desgostos, as
dificuldades
financeiras, as
desavenças
familiares, o
desemprego, os
problemas no
local de
trabalho, a
ingratidão, o
desânimo, os
problemas do
foro
psicológico,
como por
exemplo, a
depressão ou a
ansiedade,
muitos são os
motivos de dor e
nenhum encarnado
escapa, por
enquanto, à sua
dose de
sofrimento.
Como acreditamos
num Deus justo,
bom,
misericordioso e
sábio, como nos
ensina o
Espiritismo, que
a ninguém pune,
percebemos que
Deus deixa que
seja a
consciência de
cada um, mais ou
menos
desenvolvida
pelas
experiências
atuais e
pretéritas, no
pleno uso do
livre arbítrio
que nos concedeu
desde o momento
da criação, ao
sentir que
falhou,
forçosamente
sente a
necessidade de
reparação, para
se libertar do
que entrava o
progresso
espiritual. Não
estamos à espera
do “olho por
olho, dente por
dente”, da Lei
Mosaica, porque,
felizmente, pelo
menos os
Espíritas, já
não acreditamos
nesse Deus
rigoroso, severo
e vingativo da
Lei antiga, que
Moisés teve de
apresentar ao
seu povo, por
ser rude e
incapaz de um
entendimento
mais espiritual
da questão.
Mesmo fora das
lides Espíritas,
as crenças
religiosas mais
tradicionais já
se vão
desligando, de
certa forma, dos
convencionalismos
que apontavam
esse Deus
castigador, para
aderirem ao Deus
amoroso, Deus
Pai apresentado
por Jesus.
Mas, o certo é
que, as Leis
desse Deus Pai e
Criador são tão
perfeitas e tão
sábias que
apenas dentro
dos seus limites
é possível a
justiça, a
harmonia, o
equilíbrio,
sendo, portanto,
o padrão que nos
norteia no rumo
da felicidade. O
que não se
ajusta às Leis
Divinas causa
desarmonia e
desequilíbrio e
carece de
ajustes que nos
reencaminhem a
situações de paz
interior, sem a
qual não nos
sentimos
felizes. Mesmo
quando pensamos
dispensar o Bem
e o Amor e, em
consciência,
optamos por uma
felicidade
temporal baseada
nas conquistas
materiais, essa
felicidade é tão
enganadora, tão
superficial que
acaba por nos
arrastar àquela
sensação de
vazio
inexplicável, a
uma busca de nós
mesmos que se
centrar
exclusivamente
no que é
terreno, não se
realiza
plenamente.
Só o Amor, o
Bem, o Belo, a
Sabedoria são
intemporais e
esses estão
imprimidos nas
leis Divinas,
logo na nossa
Consciência, que
é onde Deus
“escreve” as
Suas Leis. Daí
que,
inexoravelmente,
seja mais cedo
ou seja mais
tarde, pela dor
ou pelo amor,
acabamos por
procurar esse
ajuste, através
da orientação
das
oportunidades
que em cada
existência nos
são oferecidas
no sentido da
prática do que
nos faz
realmente
felizes, na
verdadeira
aceção da
palavra.
É essa busca
pelo
aperfeiçoamento,
através dos
meios que a
própria
Consciência
Espiritual nos
aponta como
necessários que
surge, a dado
momento, a
colheita pela
dor, quando não
lográmos fazê-lo
através do Amor,
ou seja, da
prática do bem.
Disse Jesus que
“O amor cobre a
multidão de
pecados” e
muitas são as
oportunidades
que nos têm sido
dadas de fazer o
ajuste às Leis
Divinas dessa
forma. Mas
também muitas
têm sido as
oportunidades
desperdiçadas
por nós.
Continuamos,
ainda, a
necessitar de
ser espicaçados
pelo grilhão da
dor, que mais
não é do que um
alerta, o
remédio amargo
na hora da
doença. Sim,
porque o mal em
si não existe,
apenas é a
ausência do bem,
a prevalência da
ignorância,
doença do
espírito.
Nesta escolha
das provas e
expiações
necessárias à
nossa evolução
contamos não só
com a nossa
Consciência, que
temos
desenvolvido e
apurado ao longo
das muitas vidas
sucessivas, mas
também pelos
Espíritos
tutelares,
nossos guias e
pelos Espíritos
“especialistas”
em reencarnação,
que nos ajudam a
analisar e a
tomar
consciências das
necessidades
mais prementes e
a selecionar o
que mais nos
convém para a
existência em
preparação. A
intenção de Deus
e dos bons
Espíritos é que
em cada regresso
à Pátria
Espiritual o
façamos
vitoriosos. Daí
que procuram
sempre
afastar-nos de
sobrecargas
existenciais
que, de antemão,
não seja
previsível que
tenhamos estofo
para aguentar.
Um passo de cada
vez, degrau a
degrau se faz a
ascensão a uma
condição melhor.
Cada vitória
aumenta-nos as
forças para
novos resgates
que ainda possam
ser necessários,
caso não tenha
ainda sido feito
o reajuste
devido.
Adapta-se aqui
na perfeição o
dito popular
(pelo menos em
Portugal, não
sei se também no
Brasil) de que
“Deus dá a cada
um segundo as
suas forças”.
Mas a lei de
Ação e Reação
não diz respeito
exclusivamente
ao resgate pela
dor. Cada ação
da nossa parte,
em qualquer
circunstância do
quotidiano, leva
a uma reação, em
nós próprios e
nos nossos
semelhantes. Um
bom pensamento,
uma prece
simples e
sentida, um
sorriso, um
gesto fraternal,
o trabalho
desinteressado a
bem da
comunidade, um
apoio a quem
necessita, uns
ouvidos atentos
num momento
difícil pelo
qual alguém está
passando, uma
palavra amiga a
quem sofre, o
pensamento
sempre centrado
no Bem e no
positivismo, são
atitudes e
sentimentos que
nos afinizam com
as Forças do Bem
que povoam o
Universo e se
encontram muitas
vezes junto de
nós, sem que nos
apercebamos, e
que secundam de
forma eficaz as
boas intenções
que acalentamos.
Funciona aí a
Lei de Ação e
Reação da forma
mais pura e
benéfica para
quem pretendemos
auxiliar e para
nós mesmos que
colhemos dessas
Forças do Bem o
auxílio para os
nossos próprios
problemas na
hora certa, sem
que, a maior
parte das vezes,
demos conta do
facto. As
maiores ajudas
que nos vêm do
Alto vêm de
forma subtil nos
momentos em que
não esperamos.
Não foi à toa
que Jesus disse
“Faz aos outros
o que queres que
façam a ti” e
“Ama o teu
próximo como a
ti mesmo”. Com
os nossos atos e
pensamentos de
Amor atraímos
para a nossa
própria vida se
não aquilo que
queremos (porque
maioritariamente
não é o que irá
contribuir para
a harmonia e a
felicidade), com
toda a certeza,
aquilo de que
necessitamos.
Façamos o Bem,
pensemos o Bem,
desejemos o Bem
para nós e para
os outros,
projetemos o
Bem, que o Alto
se encarregará
de nos ajudar na
concretização. E
tenhamos ainda
presentes uma
outra questão:
que os
sentimentos de
ingratidão por
parte daqueles
que ajudamos não
nos entrave a
ação benéfica a
serviço de
todos. O Bem
será sempre o
Bem, seja ele
reconhecido de
imediato ou não.
As Leis de Deus
são perfeitas. A
Lei de Ação e
Reação não
falha. É ela que
nos conduz ao
caminho certo e,
quando nos
desviamos, está
sempre lá para
nos reconduzir
através de
oportunidades
renovadas.
Maria de Lurdes
Duarte reside em
Arouca,
Portugal.