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por Rogério Coelho

 

O discípulo do Cristo é o braço do evangelho


Como sal da Terra, urge dar sabor à cultura da humanidade.


“Quanto mais clara a nossa luz, mais alta a nossa dívida com as sombras”. - 
Emmanuel[1]


“Muito se pedirá àquele que muito recebeu”, 
já alertava Jesus! Portanto, quanto mais sublimes e expressivos são os talentos de que dispomos, maiores e melhores ecônomos devemos ser no socorro às vítimas do mal.

Enquanto muitos cristãos se imobilizam e malversam talentos ante a imagem do Cristo pregado – sanguinolento e paralítico – na cruz da ignomínia, os Espíritas-Cristãos devemos nos transformar em Seus braços despregados para as muitíssimas e diversificadas tarefas da Sua Vinha, Vinha essa muito grande e que conta com poucos tarefeiros fiéis e abnegados...

O trabalho em favor do próximo, em especial dos sofredores, aliado à humildade, é bem a expressão - na prática - do amor que cobre a multidão de pecados, pois ambos, unidos e bem dinamizados, imunizam o homem contra o vírus do personalismo soez, do egoísmo, da vaidade e do orgulho, esses contumazes dilapidadores de talentos e, por outro lado, favorecem a alforria espiritual.

Os sofredores de hoje, de todos os matizes, são aqueles que não souberam multiplicar os talentos no passado: malversaram os valores e o tempo. Agora buscam socorro e compreensão...  Não seja, portanto, dos que abrem os braços à dor, mas exigem, avinagram e abandonam rápido, saturados, os tentames do bem. Quando a falta de recursos econômicos se faz presente, sempre temos algo para doar: a prece, o passe, a água fluidificada, a palavra de incentivo e encorajamento... Não se lhes pode recusar o amor.

Diz Joanna de Ângelis[2]“(...) se esperas encontrar à tua disposição a Misericórdia Divina, amanhã, sê, agora, o mensageiro dela em relação aos que te batem à porta, te pedem e te buscam, executando o mais meritório esforço na caridade sem jaça: dar e dar-se sempre sem limite”.

No prefácio de seu primeiro livro, na condição de Espírito, Deolindo Amorim, através da mediunidade de Elzio Ferreira de Souza, alerta: “nosso papel não é o de requisitar luzes no palco da vida física para qualquer espécie de estrelato, mas de acendermos no próprio coração a luz da compreensão, a fim de poder ajudar àqueles que ainda permanecem nas sombras, estagiando na aprendizagem com suas lutas naturais tão necessárias ao aperfeiçoamento do indivíduo”.

Através da mediunidade abençoada de Divaldo Franco, o Dr. Bezerra de Menezes, paternal como sempre, enviou também uma mensagem de alerta para todos nós, por ocasião do encerramento do VII ENTRADESP – Encontro de Trabalhadores e Dirigentes Espíritas, em Foz do Iguaçu - PR: “(...) estamos no limiar de uma nova era. A nós espíritas, falidos de outros tentames, está reservada uma tarefa de dignificação. Nós não somos outros.  Somos espíritos que nos comprometemos muito. Nosso contato com Jesus não é de primeira vez.  Muitas vezes Lhe prometemos fidelidade, e logo depois traímos-Lhe a confiança.

Nós ouvimos as vozes do além diante das fogueiras acesas, nas grutas e nas montanhas do Himalaia e do Tibet e, logo depois, descemos ao rio Ganges e ao rio Indo para matar. Escutamos a boca profética na intimidade dos santuários egípcios, para logo depois descermos o rio Nilo, disseminando a morte e a destruição. Nós ouvimos as vozes da Imortalidade no Panteon da história grega e nos grandes templos de Roma; e depois de inebriados pelas vozes, atiramo-nos nas cidades-estado, ou nas legiões devoradoras, espalhando a morte e a destruição. Nós ouvimos Jesus e os Seus discípulos, e em Seu nome levantamos instrumentos de flagício, ateamos fogueiras, fizemos peregrinações, construímos tribunais, em nome do amor, para destruir...

Que a nossa atitude diante do Espiritismo seja diferente!...

As vozes que vêm da Imortalidade conclamam-nos ao renascimento espiritual, a uma mudança de atitude para com a vida. Não é importante o que façam conosco, mas é de alta valia o que nós façamos com os outros. Que não seja levada em consideração a agressão que chega até nós, mas que tenhamos em mira não agredir a ninguém. Fomos convidados, como sal da Terra, para dar sabor à cultura da humanidade. Que sejamos aqueles que não apenas carreguemos a luz, porque uma luz erguida sobre a cabeça projeta sombra no chão; que sejamos homens e mulheres-luz, para que a claridade se esparja em todas as direções.

Hoje é o dia; não amanhã.  Agora é a hora; não mais tarde...

Entoemos hinos de beleza à vida, de amor à humanidade e de gratidão a Deus, e levemos conosco, onde quer que estejamos, o sopro alentador da fraternidade.

Sejamos nós aqueles que amemos, aqueles que entendamos, aqueles que construamos o novo mundo. Nós precisamos muito de Jesus, mas Jesus precisa muito de nós.   Ele vai falar ao mundo pela nossa voz, vai ver o mundo pelos nossos olhos, vai ouvir as dores do mundo pelos nossos ouvidos, mas vai atender o mundo através das nossas mãos.  Que sejam nossas as mãos que edifiquem o Reino de Deus no coração da humanidade!...”     

 

[1] - XAVIER, Francisco Cândido. Escada de luz. S. Paulo: CEU.

[2] - FRANCO, Divaldo Pereira. Leis morais da vida. 3.ed. Salvador: LEAL, 1986, cap. 59.


 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita