Amealhar, reter e dar
Entesourando as bênçãos divinas, no campo de trabalho
que fomos trazidos a lavrar, aprendamos com a Natureza,
a fim de que estejamos vacinados contra o vírus da
usura.
A represa não congrega inutilmente as águas da fonte no
próprio seio, quando se dispõe a servir, acionando a
engrenagem da usina.
A planta que assimila o oxigênio não lhe recolhe as
vantagens tão somente para si, mas mobiliza-o,
diariamente, na purificação da atmosfera.
A árvore retira do solo a seiva de que se alimenta, mas
não devora os próprios frutos, de vez que os estende,
prestimosa, a benefício de todos.
A enxada recebe a carinhosa atenção do cultivador,
entretanto faz-se com ele a infatigável benfeitora da
sementeira.
Amealhar com sobriedade, para dar no momento oportuno, é
virtude que não nos cabe menosprezar. Todavia,
monopolizar os recursos da Terra e açambarcá-los pela
ânsia da posse desnecessária é moléstia perigosa do
Espírito que, distraído e imprevidente, se arroja ao
inferno da cobiça, onde padece o insulto de acerbas
desilusões.
Assim como a podridão é o salário do poço estagnado e
assim como a ferrugem é a recompensa da enxada
preguiçosa, o martírio moral será sempre a retribuição
da vida aos que lhe segregam as possibilidades sem
ajudar a ninguém.
Valorizemos nossas reservas de trabalho e de amor,
veiculando-as, cada dia, no amparo aos que nos cercam.
A moeda que transformamos em remédio ao doente e em
socorro ao necessitado é bênção com que impulsionamos a
Terra na direção do Céu; e o minuto que convertemos em
felicidade, para os nossos irmãos, é bênção com que
ajudamos a construção do Céu na Terra.
Rendamos culto incessante à genuína fraternidade e,
desse modo, dando quanto pudermos, como pudermos e onde
pudermos, seremos eternamente ricos do Suprimento
Divino, que jamais cessará de fluir, providencial e
generoso, por nossas próprias mãos.
Do livro Intervalos, mensagem
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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