Tentações
O êxito dos falsos profetas, em nossa vida, surge na
proporção de falsidade que ainda abrigamos em nosso
próprio Espírito.
O ouro tenta o homem, mas não move o interesse do corvo.
Os detritos atraem o corvo, mas apenas provocam a
repugnância do homem.
Somos
tentados invariavelmente de acordo com a nossa própria
natureza.
A perturbação não lançaria raízes no solo de nossa alma,
se aí não encontrasse terreno adequado.
Não nos libertaremos, assim, das forças enganadoras que
nos cercam, sem a nossa própria libertação dos
interesses inferiores.
O ouvido que oferece asilo à calúnia, é cultor da
maledicência.
A boca que se detém na resposta ao insulto, naturalmente
estima a produção verbal de crueldade e sarcasmo.
Quem muito se especializa na contemplação do charco,
traz o pântano dentro de si.
Quem se consagra sistematicamente à fuga do próprio
dever, aceita a comunhão com criaturas indisciplinadas
como se convivesse com mártires e heróis.
Quem apenas possui visão para a crítica, encontra prazer
com os censores inveterados e com os incuráveis
pessimistas, que somente identificam a treva ao redor
dos próprios passos.
Tenhamos cautela em nós mesmos, a fim de que a nossa
defensiva contra a mentira e contra a ilusão funcione,
eficiente.
Não seríamos procurados pelos adversários da Luz se não
cultivássemos a sombra.
Jamais ouviríamos o apelo às nossas vaidades se não
vivêssemos reclamando o envenenado licor da lisonja ao
nosso próprio “eu” enfermiço.
Procuremos as situações e os acontecimentos, as
criaturas e as coisas pelo bem que possam produzir,
nunca pelo estímulo ao nosso personalismo desregrado, e
os problemas da tentação degradante estarão resolvidos
em nossa marcha.
“A árvore é conhecida pelos frutos” ensina o Senhor, e
seremos queridos e admirados pelos Espíritos que nos
rodeiam, de acordo com os nossos próprios pensamentos e
as nossas próprias obras.
Sejamos fiéis ao Senhor,
na prática do amor puro, em qualquer confissão religiosa
a que nos afeiçoemos, e as forças infiéis à verdade não
encontrarão base em nossa vida, de vez que a Vontade
Divina, e não o nosso capricho, será então a luz
santificadora de nossos próprios corações.
Do livro O Evangelho por
Emmanuel — Volume I, obra psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier.
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