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por Wagner Ideali

 

Reencarnação, diálogo entre espiritualidade e filosofia


Filosofia é um campo muito interessante do conhecimento humano.

A reencarnação é um dos pilares fundamentais do Espiritismo, servindo como ponte entre a espiritualidade e a filosofia. Este conceito não apenas explica a continuidade da existência da alma, mas também promove uma visão racional e de progresso sobre a evolução do espírito ao longo de suas múltiplas existências.

A relação entre a reencarnação e a justiça divina se apresenta, no entendimento espírita, como uma forma pela qual os espíritos evoluem moral e intelectualmente através de sucessivas experiências na Terra e em outros mundos habitados.

Cada existência é uma oportunidade para corrigir erros do passado, desenvolver virtudes e ampliar conhecimentos, promovendo um aprendizado contínuo rumo à perfeição espiritual, quando deixaremos de ser espíritos errantes para nos tornarmos um ser pleno, no dizer de Joanna de Ângelis, identificado totalmente com os valores do bem, da paz, do conhecimento e do amor.

Do ponto de vista filosófico, a reencarnação responde questões sobre a existência, o sofrimento e a desigualdade humana. Por que alguns nascem em condições favoráveis, enquanto outros enfrentam adversidades desde o nascimento? No Espiritismo, essas diferenças são compreendidas como consequências das ações passadas, reforçando a lei de causa e efeito. Assim, a reencarnação harmoniza-se com princípios de responsabilidade moral e livre-arbítrio.

Para o Espiritismo não existe o nada, em tudo há algo, seja material ou espiritual. O universo é completo, mas ainda com muitos segredos não desvendados pelo homem e diferenças evolutivas nos diferentes orbes. O mundo espiritual se perde em suas múltiplas estruturas em diferentes planos evolutivos, tal como no mundo físico. Assim a reencarnação dá o suporte necessário para identificar essas diferenças e o processo evolutivo fica claro, onde a filosofia e a espiritualidade se encontram.

A espiritualidade, por sua vez, ilumina essa compreensão ao demonstrar que a vida não se resume à existência material. Os relatos mediúnicos coletados por Kardec em obras como O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo confirmam que os espíritos mantêm sua identidade e continuam sua jornada após a morte física, reencarnando conforme suas necessidades evolutivas.

Com a reencarnação transforma-se nossa forma de enxergar a vida. Se nossas ações influenciam nosso futuro espiritual, torna-se essencial cultivar valores como amor, caridade e paciência. Além disso, essa compreensão incentiva o perdão e a empatia, pois reconhecemos que os desafios atuais podem ser reflexo de experiências passadas e oportunidades para o nosso aprendizado.

No Espiritismo, a reencarnação é um elo entre espiritualidade e filosofia, oferecendo uma visão muito ampliada de nossa existência. Mais do que uma crença, ela é uma lei natural que explica o progresso dos espíritos, evidenciando que somos artífices do nosso destino e que cada vida é um capítulo de uma longa jornada rumo à perfeição.

Sem a reencarnação toda a filosofia espírita não teria estrutura adequada, pois a doutrina é baseada no processo evolucionista. Toda sua base está na moral e no conhecimento, e somente com sucessivas reencarnações vamos conseguir obter esses valores profundos, sem os quais não acontece a evolução.

Evolução para a eternidade, mas não aquela baseada no ócio, mas um processo sustentado pela luta e desenvolvimento interior através das oportunidades que nos são oferecidas pela espiritualidade superior.

Quando a filosofia se abeirar dos conceitos espíritas, terá uma ferramenta de estudos e observações ilimitadas, mas, para isso, necessário que a academia, a universidade derrubem toda a vaidade e tenham a compreensão de que, como dizia Sócrates, nada sabemos e temos tudo a aprender.

Vamos refletir em tudo que estamos vivenciando em nossas vidas. Vamos orar, amar, perdoar e seguir em frente.  A doutrina espírita nos oferece uma ciência experimental, uma religião baseada profundamente nos ensinos de Jesus e uma filosofia alicerçada na ética, na moral e na busca do conhecimento.

As aquisições do saber e a vivência nos postulados de Jesus vão marcar nossa passagem pela vida, oferecendo a nós um despertar de consciência para vivermos a vida em profunda harmonia com o reino de Deus, que está dentro de nós mesmos.

 
  
    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita