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Na residência de Chico Xavier tudo seguia em ordem,
quando na noite de 10 de julho de 1927, dois dias depois
de haver recebido a primeira mensagem, Chico viu seu
quarto se iluminar, de repente, quando ele fazia sua
oração habitual. As paredes refletiam a luz de um
prateado lilás. Ele estava de joelhos, conforme seus
hábitos católicos, e descerrou os olhos tentando ver o
que se passava. Viu, então, perto de si uma senhora de
admirável presença, que irradiava a luz que se espraiava
pelo quarto. A dama iluminada fitou uma imagem de Nossa
Senhora do Pilar que ele mantinha no quarto e, em
seguida, falou-lhe em castelhano, que ele compreendeu,
embora ignorasse o idioma:
– Francisco – disse-lhe pausadamente –, em nome de Nosso Senhor
Jesus Cristo, venho solicitar o seu auxílio em favor dos pobres,
nossos irmãos.
A emoção lhe possuía a alma toda, mas ele pôde perguntar-lhe,
embora as lágrimas que lhe cobriam o rosto:
– Senhora, quem sois vós?
Ela lhe respondeu:
– Você não se lembra agora de mim, no entanto eu sou Isabel,
Isabel de Aragão.
Ele não conhecia senhora alguma que tivesse este nome e
estranhou o que ela dizia, entretanto uma força interior o
conteve e calou qualquer comentário. Em seguida, então,
perguntou:
– Senhora, sou pobre e nada tenho para dar. Que auxílio poderei
prestar aos mais pobres do que eu mesmo?
Ela disse:
– Você nos auxiliará a repartir pães com os necessitados.
Clamei com pesar:
– Senhora, quase sempre não tenho pão para mim. Como poderei
repartir pães com os outros?
A dama sorriu e lhe esclareceu:
– Chegará o tempo em que você disporá de recursos. Você vai
escrever para as nossas gentes peninsulares e, trabalhando por
Jesus, não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas
que você produzir, mas vamos providenciar para que os
Mensageiros do Bem lhe tragam recursos para iniciar a tarefa.
Confiemos na Bondade do Senhor.
Em seguida a estas palavras, a dama se afastou deixando o quarto
em plena escuridão.
Chico chorou sob emoção, para ele inexplicável, até o amanhecer
do dia imediato.
Sentindo-se a sós com a lembrança da inesquecível visão, ele
passou então a orar todas as noites, pedindo a Nossa Senhora que
alguém o socorresse com as informações que julgava necessárias.
O médium não entendia, por exemplo, o que significava a palavra
“peninsulares” e as pessoas próximas também não.
Do livro Chico, diálogos e recordações, de Carlos Alberto
Braga Costa.
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