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por Cláudio Bueno da Silva

As estações da vida


Na infância, jungido a um corpo frágil, me submeto ao que me rodeia. Começo a aprender, recuperando na memória as imagens, os sons, os sinais, que vou reinstalando em novos moldes. A minha fragilidade pede amor e atenção constantes.

Na juventude, o mundo é grande e eu sou forte o bastante para muda-lo. Não vejo limites, organizo grupos para combater os defeitos sociais, canalizo para a arte minhas inquietações, grito com força, querendo que me ouçam. A minha impetuosidade pede amor e atenção constantes.

Na maturidade vivo a mais longa das fases humanas. A razão afirma que o mundo é pequeno. Enfrento desafios, construo prédios, monto família, busco fortuna, guardo para o futuro. As desilusões vêm, suficientes para me causar preocupações. Penso em mudar a estratégia de vida, cuja manutenção pede mais atenção e amor.

Na velhice, o mundo não é grande como eu imaginei nem tão pequeno quanto me parecia. No concerto universal, não passa de morada modesta, que tem também suas fases de amadurecimento como qualquer organismo vivo.

Nessa etapa final da vida física – a velhice – , costuma-se olhar para trás com mais frequência.

Infância, juventude, maturidade, velhice... Esse ciclo se repete nas encarnações do Espírito, que vai joeirando através do tempo as impurezas naturais da sua imaturidade. Assim como o minuto é fragmento da hora, e o dia partícula do ano, sendo, porém, finitos, esse sopro que vivo é fração da vida eterna.

Todas as fases vividas me mostraram a importância do semelhante na minha formação como homem, e através das escolhas, me serviram para recolher a matéria-prima da vida           – os valores morais.

Hoje, diminuindo a volúpia da marcha, posso observar melhor os estreitos limites do corpo em comparação com as altas exigências do Espírito.

Os fatos materiais vividos foram apenas pretexto, exercícios de progresso do Espírito.

O homem jamais chegará ao seu destino vivendo somente uma vida, e apenas na Terra. Ao término de cada jornada, pensa em modelar com sua própria argila um outro corpo e recomeçar mais preparado. O destino do homem é espiritual e grandioso, como grandioso é Deus.

 

Texto inspirado na crônica “O Homem Novo”, do livro de mesmo nome, de José Herculano Pires, edição Correio Fraterno, 1983.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita