A religiosidade na promoção
humana
Em O Evangelho segundo o Espiritismo,
capítulo VIII, item 10, temos um ensinamento que
assim diz: “Toda religião que não torna o homem
melhor não atinge o seu objetivo”.
Primeiramente, necessário fazermos uma pequena
colocação quanto ao aspecto religioso da
Doutrina dos Espíritos, que muitos não aceitam,
por não adotar o Espiritismo cerimônias e
rituais - o que representa uma verdade - mas daí
a ignorar o seu aspecto religioso há uma grande
diferença.
Edgard Armond, no
livro Religiões e Filosofias, mostra-nos
com muita clareza que esse entendimento é
totalmente infundado, pois “o
culto e a religião são coisas distintas. Culto é
a roupagem com que se vestem as religiões, é o
indumento mais ou menos aparatoso de que os
homens se servem para materializar o sentimento
religioso. Podemos prescindir de toda e qualquer
forma litúrgica, conservando inalterável a
consciência religiosa que, como sabemos, é
indispensável à evolução, por constituir
poderoso estímulo de caráter moral”.
Podemos citar, apenas para esclarecer um pouco
além, o sentido de religião que Jesus pretendeu
dar à samaritana quando lhe disse: “A hora vem e
agora é em que verdadeiros adoradores adorarão o
Pai em espírito e verdade, pois são estes que o
Pai procura para seus adoradores”. “Deus é
espírito; é preciso, portanto, que os que O
adoram o façam em espírito e verdade.”
Eis que temos com o divino Mestre a definição do
que seja religião ou consciência religiosa,
coisa muito afastada, como se vê, de uma
organização temporal e hierárquica em que o
culto exterior e mundano se coloca em primeiro
lugar.
Assim, a verdadeira religião é aquela que reúne
um conjunto de atitudes, ideias e sentimentos
afinados com as diretrizes das Leis divinas ou
Naturais e que, observados, traduzem a
verdadeira conotação de religiosidade que deve
ser resgatada do nosso indesejável religiosismo
milenar.
Desse modo, estudando a Doutrina dos Espíritos,
perceberemos que não lhe faltam os elementos
norteadores da conduta religiosa a ser seguida,
elementos esses obedientes às Leis Divinas,
independentemente de não ter a Doutrina dos
Espíritos cultos ou qualquer tipo de hierarquia.
A situação atual do mundo, que permanece
angustiado e carente de fé, aumenta, dia a dia,
a responsabilidade daqueles que, tendo
conquistado maior parcela de conhecimentos e
esclarecimentos espirituais, libertos dos
dogmatismos exclusivistas, do materialismo
corruptor e reacionário e do terror político
organizado, que ameaçam o mundo por toda a
parte, exige que às almas seja dado com urgência
o alimento espiritual adequado à conquista da
paz interna, como também exige a restauração do
entendimento religioso nas bases autênticas do
Evangelho do divino Mestre, revividas, em nossos
dias, em espírito e verdade, pelo Espiritismo
Cristão.
Assim, compete-nos, espíritas que somos,
plenificar o amor em atitudes; trabalharmos pela
vitalidade de nossos ideais de aproximação e
convivência salutar, ajustando-nos à
transformação pelos princípios do Homem de Bem.
Trabalhemos em atitudes cristãs pelos ofícios da
seara espírita e certamente angariaremos
créditos na expansão da luz da Boa Nova para
toda a humanidade.
Sem isso, será fazer do Espiritismo mais uma
religião que poderá terminar enquadrada no
alerta do codificador: “toda religião que não
torna o homem melhor não alcança o seu
objetivo”.