O raio da morte
Em toda parte onde a criatura não se vigia, ei-lo que
surge, como que arremessado pelos abismos da sombra.
É o raio da morte que extermina, implacável, todas as
sementeiras do bem.
Na maternidade — é a força imponderável que provoca o
desastre do aborto ou que fulmina pobres anjos
recém-natos a sugá-la por veneno sutil, à flor do
materno seio.
Na paternidade — é a frustração das mais preciosas
esperanças endereçadas pelo Céu em socorro à família.
No lar — é o espinho magnético, alimentando o sofrimento
naqueles que mais amamos.
No templo — é o assalto das trevas às promessas da luz.
Na caridade — é o golpe da violência colocando o vinagre
do desencanto e o fel da revolta no prato da ingratidão.
Na escola — é a ofensa à dignidade do ensino.
Entre amigos — é o azorrague de brasas crestando as
bênçãos da confiança.
Entre adversários — é o instinto que arma o braço
desavisado para o infortúnio do crime.
Nos moços — é a certidão de incapacidade para servir.
Nos adultos — é punhal invisível degolando sublimes
ensejos de entendimento e progresso.
Por onde passa, deixa sempre um rastro de lodo e sangue,
lágrima e desespero, exigindo a mais ampla serenidade do
tempo e o mais dilatado perdão para que o equilíbrio da
vida se refaça.
Esse raio mortal é a cólera onde aparece.
Para conjurar-lhe o perigo, só existe um remédio justo —
receber-lhe o impacto destruidor no clima do silêncio
sobre a antena da oração.
Do livro Coragem, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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