Nas voragens do pecado
Escolhemos, da conhecida Trilogia Yvonne Pereira[1],
o livro Nas
Voragens do Pecado[2],
ditado pelo espírito Charles à médium Yvonne do Amaral
Pereira, no qual ela se apresentou como a personagem
central – Ruth-Carolina –, uma de suas vidas transatas.
Nessa trama arrebatadora, de sentimentos passionais e
muito comovente – ocorrida no século XVI, quando havia
intenso domínio católico no solo francês –, dentro do
clamor daquela época percebe-se o total desconhecimento
da conhecida Lei de Causa e Efeito.
Apresentamos a nossa sinopse,
na sequência, com o enredo ocorrido na França – inverno
do ano 1572...
A narrativa inicia-se em 20 de outubro de 1572,
Ruth-Carolina instalou-se no Castelo Louvigny-Raymond e
se passava por Otília de Louvigny (um subterfúgio de
vingança premeditada). Junto dela estavam os criados:
Dama Blandina D’Alembert, Camilo e Gregório. A história
retrocede a 24 de agosto do mesmo ano, à matança de São
Bartolomeu a mando do Papa Gregório XIII, mancomunado
com o governo soberano francês; o Duque de Guise – Chefe
da Santa Liga – empreendeu o extermínio dos protestantes
(huguenotes). O texto retorna a outubro do mesmo ano.
Aquela que se passava por Otília aceita a corte de Luís
de Narbonne – o Capitão da Fé.
Antes, uma família de filantropos, que residia no
Nordeste francês, às margens do Rio Reno (próximo da
Alemanha) e era adepta dos ensinos de Martinho Lutero –
a família Brethencourt, que tinha por pai o Conde Carlos
Felipe, o qual incluíra a alcunha La-Chapelle na
designação deles –, fazia cultos em torno das Santas
Escrituras, respaldada pela teologia protestante. Foram
denunciados, e a tropa comandada pelo Capitão Luís de
Narbonne invadiu a propriedade campestre e dizimou o clã
Brethencourt de La-Chapelle.
Luís de Narbonne era filho bastardo do Rei Henrique II
com uma senhora da Corte. A Rainha Catarina de Médicis
(viúva) comandava tudo devido à doença de seu filho
Carlos IX e sabia daquele adultério do Rei. Narbonne foi
recrutado para chefiar as tropas a mando do Duque de
Guise, o qual eliminava os protestantes com muita
crueldade; além de liderar a guarda, Narbonne estudava a
teologia católica e tornou-se radical desta fé, como
filho adotado pelo Monsenhor de B... e como um cavaleiro
da guarda real. Ele comandou a cavalaria que invadiu a
propriedade, assim dizimando todos do clã La-Chapelle.
Ruth-Carolina, bela e jovem caçula daquele lar luterano,
estava ausente e foi salva. O irmão Carlos Filipe II a
levara para se esconder na casa da noiva, Otília de
Louvigny, uma mansão nas terras alemãs, além da
fronteira, separada pelo Rio Reno, e que serviu como
abrigo para a irmã que ficaria órfã; pois o bondoso
irmão previu tudo aquilo que se sucederia com sua
parentela, e assim poupava Ruth-Carolina. Otília adoeceu
e pactuou a vingança com a cunhada, contra o Capitão da
Fé, e contou-lhe sobre o passado dele.
Foi realizado o juramento (pacto) entre as duas mulheres
sobre as Escrituras (Bíblia). Otília pediu a Ruth para
esta regressar a Paris, assumir a identidade dela e
preparar o revide. Transformada em Otília, a jovem filha
dos La-Chapelle (que era desconhecida na capital
francesa) conseguiu que o Capitão da Fé se encantasse
por ela e o atraiu para se vingar da morte de sua
família. Luís era amigo de Artur, irmão de Otília, daí a
aproximação. Todavia, ele desconhecia a verdadeira
Otília. O encontro dos dois amantes aconteceu em uma
missa.
Depois ela também conheceu a Rainha no Palácio – mulher
impassível e calculista. Envolvida com o Conde de
Narbonne (Conde de S...), Ruth conseguiu audiência com a
Majestade e lhe revelou o ardiloso plano. E a Soberana
manteve o Coronel Artur de Louvigny longe por muito
tempo, para que a impostora agisse. Catarina de Médicis
aquiesceu àquela trama por ter sido hábil política,
consentindo em ajudar o plano soez de Ruth (disfarçada).
Ruth (Otília) transformou-se em Condessa de Louvigny e
ganhou acesso ao Palácio do Louvre, como dama dos
serviços secretos da Rainha. Contou a Catarina sobre o
parentesco de Luís – “o bastardo dos Valois” com o Rei
Henrique II (fato sabido de Otília, antes de ela
desencarnar). Foi preparado o casamento deles. Monsenhor
de B..., o tutor de Luís, soube da morte de Otília, e
descobriu a armação da jovem protestante. Ruth passou a
ser subjugada pelo espírito de Otília de Louvigny.
Aconteceu o casamento. A dama de companhia insistiu com
Ruth para que elas fugissem, mas não conseguiu. No baile
para apresentação da Condessa de S... – Princesa de
Narbonne – foi desvendada sua identidade por Reginaldo
de Troulles – oficial particular do Duque de Guise.
Reginaldo de Troulles, anteriormente, denunciara a
família protestante Brethencourt de La-Chapelle.
Juntou-se ao Monsenhor de B... para desmascararem a
farsante. Ruth, casada, recebeu o apoio de Frederico de
G..., que soube na Alemanha da ocorrência. Amigo da
família dela, ele quis socorrer a jovem Ruth. Esta,
confrontada por Reginaldo e Monsenhor de B..., teve sua
verdadeira identidade revelada. Contudo, pediu ao
serviçal Camilo para levar uma carta até a Rainha, como
última tática para incriminar Narbonne.
Luís de Narbonne não a recriminou pelo que ela lhe
fizera, ele a amava. Após toda a constatação do pérfido
plano da esposa, trancou-se com ela no quarto. Ela
conseguiu que saíssem para se confessarem na igreja, e
de lá Ruth alcançaria a fuga para se juntar a Frederico
de G..., na Alemanha. Narbonne, com uma carta da esposa,
se dirigiu ao Palácio do Louvre (armação de Ruth). Foi o
suficiente para que a Rainha mandasse prendê-lo.
Monsenhor de B... e Reginaldo foram interceder por Luís,
sem nada conseguirem. O Capitão da Fé utilizou-se de uma
falsa senha (plano de Ruth) e acabou detido. Ficou como
prisioneiro até a morte na fétida prisão, instalada no
calabouço do Louvre.
Ruth-Carolina, que a despeito de tudo amava Narbonne,
arrependida, tentou retornar da fuga. Entretanto, ficou
consorciada com Frederico de G... Ameaçada por Catarina
de Médicis, ela não poderia regressar à França. Dez anos
transcorreram. O espírito Luís vagava pelos ambientes
conhecidos na pátria francesa, reconheceu a antiga
família espiritual e descobriu a parentela que ele
destruíra covardemente. Recebeu o perdão incondicional
da mãe Carolina. Ruth-Carolina, mesmo casada com
generoso esposo, ficou doente da alma e desencarnou. No
plano espiritual, sob os auspícios da genitora dos
La-Chapelle, Ruth reencontrou-se com Luís de Narbonne.
Otília se encontrava distante, em graves reparações, e
ambos foram informados das futuras reencarnações
reparadoras.
Caros leitores, trata-se de um romance recheado de
ingredientes imprescindíveis a um argumento repleto de
surpresas, ações e interesses habilidosos, com
agravantes do início ao fim, apresentado em um texto
capaz de envolver o ledor na trama apresentada – somente
a reencarnação, oportunidade abençoada pelo Pai, para
endireitar os destinos em face dos agravos cometidos.
Trata-se de uma família espiritual em que os componentes
estavam reunidos desde o terceiro século da era cristã,
apenas Ruth se distanciara dos postulados cristãos.
[1]Nas
Voragens do Pecado – 1960, O Cavaleiro de Numiers –
1973 e O Drama da Bretanha – 1973 (FEB).
[2] Nota do autor: Escolhido pelo tema envolvente, e por
ter sido lançado em 1960 – o ano de meu nascimento. Em
2025 comemoram-se 65 anos de publicação.
Roni Ricardo Osorio Maia reside em Volta Redonda, RJ.