Corrupção: uma opinião espírita
A Terra é um planeta muito pouco evoluído, onde o Mal se
sobrepõe ao Bem. Os Espíritos superiores enquadram-na
como planeta de expiações e provas. A corrupção é um
veneno social que terá de ser extirpado. O que pensa a
doutrina espírita?
Nunca se falou tanto em corrupção como nos dias de hoje.
É certo que actualmente existem mais e melhores meios de
comunicação e, esta prática comum desde sempre na
Humanidade, espraia-se, em virtude do aumento
populacional na Terra (mais de 8 mil milhões de
encarnados – dentro do corpo de carne).
Um outro factor é a sensação de impunidade, que gera a
tentação e, o seguir o exemplo de quem supostamente
devia ser o exemplo social – governantes, dirigentes,
elites, etc. – a par da ganância, do egoísmo, do
orgulho, chagas morais que minam o bem-estar comum. A
corrupção, seja a que nível for, deriva de uma falta de
valores ético-morais, falta de educação social e
espiritual, que deviam começar na infância, em casa,
para serem reforçadas nas escolas.
Os bons exemplos deviam ser apontados como atitudes a
seguir; os ídolos a estimular deviam ser as
personalidades que se destacaram pelo bem-comum, ao
invés de lutadores e guerreiros, muitas vezes
imaginários. Os “influencers” (influenciadores)
deviam ser os pais moralizados, não os adolescentes e
jovens desconhecidos, que nas redes sociais,
genericamente, debitam banalidades.
O que é que o Espiritismo tem a ver com a corrupção?
O Espiritismo (doutrina dos Espíritos ou doutrina
espírita) – que não é mais uma religião ou seita, mas
sim uma filosofia de vida espiritualista – demonstrou
experimentalmente a imortalidade e a comunicabilidade
dos Espíritos, a reencarnação e a Lei de Causalidade
(Causa e Efeito). O objectivo do Espiritismo não é
arrebanhar adeptos, mas sim contribuir para a melhoria
do tecido social, daí a importância da sua disseminação.
Quando o Homem tiver consciência da sua espiritualidade,
da imortalidade, das vidas sucessivas, dos planetas em
diferentes níveis de evolução, vai perceber no seu
íntimo que cada atitude, pensamento, sentimento geram
ondas mentais que nos aliviam ou aprisionam; vai
perceber que dentro da Lei de Causa e Efeito, somos hoje
o somatório das aquisições intelectuais e morais
semeadas em vidas passadas e, hoje semeamos o que
seremos amanhã, no mundo espiritual e em futura
reencarnação.
Aqueles que hoje roubam o dinheiro do seu povo, na
condição de governantes, dirigentes, financeiros,
cientistas etc., quando desencarnarem ver-se-ão no mundo
espiritual tal como são actualmente – cegos ao bem-estar
comum, orgulhosos, egoístas, corruptos. Como no mundo
espiritual não conseguimos ludibriar-nos mutuamente, a
nossa condição espiritual é facilmente identificada pelo
estado de alma.
Este estado de alma pode ser de horror, ao
consciencializarmo-nos que, por termos sonegado o
dinheiro alheio, retirámos oportunidades evolutivas a
muitas pessoas ou o estado de alma de tranquilidade,
derivado do facto de termos tido uma vida correcta,
embora com dificuldades (in “Evangelho segundo o
Espiritismo”, causas actuais e anteriores das
aflições).
Muitos dos corruptos não aguentarão a descoberta que a
vida continua e o desnudar das suas atrocidades na
Terra, entrando em dolorosos estados de loucura, por
tempo indefinido, não por castigo divino, mas por uma
autoscopia inevitável, onde colhemos no íntimo, de
acordo com o semeado nas nossas atitudes, sentimentos e
pensamentos.
Outros, solicitarão o regresso à Terra, em nova
reencarnação, a fim de conseguirem esquecer as dores da
alma e tentarem reerguerem-se ao nível moral, escolhendo
situações sociais sóbrias e até difíceis, a fim de não
voltarem a cair nos mesmos erros.
Quando as pessoas souberem que a vida continua e que a
reencarnação é hoje uma realidade científica, quando
interiorizarem esse conhecimento no seu quotidiano, nas
suas atitudes, operar-se-á na Terra a tal renovação
social que é o objectivo primário do Espiritismo.
Com esse conhecimento, o racismo, xenofobia, diferença
entre sexos, estratos sociais, desaparecerão para dar
lugar a uma Sociedade mais justa e fraterna, dentro dos
ensinamentos ético-morais que Jesus de Nazaré deixou na
Terra (o maior “influencer” de sempre, que muitos
dos nossos filhos desconhecem).
Pugnemos, pois, pelo fim da corrupção, começando em nós,
nas pequeninas atitudes, sentindo o “prazer” da
honestidade, exigindo seriedade aos nossos
representantes políticos e sociais. Não nos deixemos
corromper, semeemos atitudes luminosas de auxílio mútuo,
fraternidade, solidariedade (“Fora da caridade não há
salvação”), a fim de que um dia a Terra venha a ser
um planeta de regeneração (onde o Bem se sobrepõe ao
Mal), sem corrupção…
“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem
cessar, tal é a Lei.”
José Lucas reside em Óbidos, Portugal.
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