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Professora aposentada, com licenciatura plena em
Matemática, Maroísa Forster Pellegrini Baio (foto) nasceu
em Limeira (SP), onde reside. Vincula-se ao
Grupo Espírita Allan Kardec, na mesma cidade,
exercendo atualmente o cargo de vice-presidente
e também coordenadora de Estudos Doutrinários e
do Evangelho. Expositora espírita, é autora do
livro Allan Kardec em Revista, publicado
pela Casa Editora O Clarim.
Como se tornou espírita?
Embora meus pais fossem católicos (não
praticantes) nunca me obrigaram a frequentar a
Igreja. Com 18 anos recebi um exemplar de O
Evangelho segundo o Espiritismo de uma amiga da
nossa família e foi aí que começou meu interesse
pela Doutrina Espírita. E assim se passaram
cinquenta anos. O período da faculdade, a
atividade profissional e depois os cuidados com
os filhos pequenos limitaram durante alguns
períodos as atividades espíritas. Com a
aposentadoria, passei a ter mais tempo para me
dedicar ao estudo e à divulgação do Espiritismo!
Como surgiu seu interesse pelo estudo
comparativo entre as bem-aventuranças e suas
virtudes?
Desde 2013 iniciamos um grupo de estudos do
Evangelho conhecido como "miudinho", versículo a
versículo. Escolhemos grupos temáticos e
chegamos ao Sermão do Monte. Durante a pandemia
tive a oportunidade de ouvir muitos estudiosos
da Doutrina Espírita abordando esse tema.
Naturalmente, o assunto foi se formando em minha
mente e fui anotando cada apontamento novo que
surgia para mim e quais obras espíritas tratavam
do tema. Descobri quanta riqueza de conteúdo o
Espiritismo tem para nos oferecer nesse sentido!
Especificamente a virtude da humildade, como
situá-la devidamente no contexto das virtudes?
Poucas pessoas sabem que o Sermão do Monte
começa com as bem-aventuranças e que a humildade
é a primeira das virtudes. É a base de todas as
outras e, no entanto, é a mais difícil de ser
conquistada! Como diz Cairbar Schutel: sem a
humildade, nenhuma virtude se sustenta. Isso
significa que qualquer virtude tem em si, de
forma implícita, a humildade como base. Por
exemplo: não é possível ter compaixão sendo
orgulhoso, não é mesmo?
Como a humildade se liga à conhecida
bem-aventurança que a cita como "pobres de
espírito"?
Na primeira bem-aventurança Jesus teria dito:
bem-aventurados os pobres de espírito pois deles
é o Reino dos Céus. Como é difícil compreender o
significado de "pobres de espírito", geralmente
confundida com a pobreza material! Somente
aquele que é humilde consegue sentir que é
"pobre" de virtudes, que tem limitações e
fraquezas, que sabe quanto é pequeno diante da
Criação.
Podemos ter uma definição mais exata sobre
humildade?
O benfeitor Emmanuel, no livro Pensamento e
Vida, trata no capítulo 24 exclusivamente
dessa virtude e define a humildade como sento o
reconhecimento de nossa pequenez diante do
Universo. Afirma também que ser humilde não é
ser submisso, mas sim ser portador de liberdade
interior para poder renovar-se sempre no bem!
Por que ela é situada como a primeira a ser
conquistada?
Jesus não dizia e nem fazia nada ao acaso. Isso
também se aplica à ordem em que as
bem-aventuranças foram pronunciadas por Ele. São
nove bem-aventuranças e há uma sequência lógica
nessa ordem, mas para compreendê-la é preciso um
estudo minucioso de cada uma. Ao colocar a
humildade como a primeira das virtudes, logo na
primeira bem-aventurança, Ele nos mostra a
necessidade da submissão à Vontade Divina e,
sobretudo, que somos todos irmãos!
Existe uma receita prática de exercício e
conquista dessa virtude?
A "receita" como ensinam os benfeitores
espirituais está justamente em reconhecermos que
somos Espíritos imperfeitos, que temos um longo
caminho a percorrer até alcançarmos nossa
própria redenção. Por sermos imperfeitos,
precisamos aceitar que estamos sujeitos a erros,
que temos muitas limitações e, com isso, a
necessidade do perdão recíproco. Como dizia
Jesus: quem quiser me seguir tem que vivenciar
três condutas e a primeira delas é negar-se a si
mesmo! Não é nada fácil diminuir a prioridade
das nossas necessidades em favor do outro, não é
mesmo?
Qual o maior obstáculo nessa direção de
conquista da virtude em referência?
Como dissemos na pergunta anterior, vencer o
orgulho que caracteriza nosso atual estágio
evolutivo. Aceitar que há pessoas melhores, mais
bondosas, mais inteligentes, mais competentes e
mais desprendidas do que nós mesmos!
Qual sua visão pessoal sobre essa virtude?
Novamente nos lembramos das palavras de
Emmanuel. Diz o benfeitor que, por enquanto,
temos apenas "ensaios" das virtudes. Então, há
situações nas quais naturalmente a humildade já
aparece no nosso modo de ser, mas há inúmeras
outras nas quais é o orgulho que nos
caracteriza. Vamos continuar ensaiando até o dia
em que a humildade se tenha incorporado
naturalmente ao nosso modo de ser!
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Estudando as bem-aventuranças vamos conhecendo o
significado de cada virtude e também descobrindo
em qual delas temos mais dificuldade e qual
delas mais nos encanta. Vamos estudar e fazer
essa descoberta juntos?
Suas palavras finais.
Considero o estudo em grupo do Evangelho, à luz
da Doutrina Espírita, como uma verdadeira
terapia da alma! Por isso, quando tiver essa
oportunidade, não a deixe passar! Somente no
futuro, seja no plano espiritual ou em novas
existências, é que poderemos dimensionar o
enorme bem que esses estudos nos proporcionaram!
Como dizia Eurípedes Barsanulfo aos seus alunos:
"Vem ao estudo, pois o estudo engrandece!".
Convidamos você a acompanhar a série “As
bem-aventuranças e suas virtudes”, pelo YouTube,
que passamos a apresentar na companhia do
querido amigo Orson Peter Carrara! Toda segunda,
às 10 horas, pelo canal Agenda Espírita Brasil.
Os episódios estão com média de 20 minutos,
distribuídos em playlist com o mesmo título, no
citado canal.

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