Tema: Verdadeira riqueza
Somos ricos ou pobres?
A menina estava na segunda série. Tinha tudo de que
precisava: nove irmãos e irmãs para brincar, livros para
ler, uma boneca feita de retalhos e roupas limpas, às
vezes remendadas pelas mãos de sua mãe.
Ela era feliz na escola, com seus cabelos em trança e os
sapatos sempre limpos e engraxados.
Adorava o cheiro de lápis novos e do papel grosso que a
professora distribuía para os trabalhos.
Um dia, subindo os degraus da escola, ouviu uma garota
segredar para a outra, entre risos: Olha, essa é a
menina pobre.
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Mary ficou triste. Olhou para seu vestido e pela
primeira vez notou como era desbotado, um vinco na
bainha denunciando que tinha sido aproveitado.
Olhou para os pesados sapatos de
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menino que estava usando e se sentiu
envergonhada por serem tão feios. |
Quando chegou em casa, também pela primeira vez
descobriu que o tapete da cozinha era velho, que havia
manchas de dedos na pintura meio descascada das portas.
Tudo lhe pareceu feio e acanhado. E perguntou para sua
mãe: Nós somos pobres?
Pobres? – repetiu a mulher, pousando a faca com que
descascava batatas.
Não, não somos pobres. Olhe para tudo que temos.
E apontou para os filhos que brincavam na outra sala.
Através dos olhos de sua mãe, a menina pôde ver o fogo
da lareira que enchia a casa com seu calor, as cortinas
coloridas e os tapetes de retalhos que enfeitavam a
casa.
Viu o prato cheio de biscoitos de aveia sobre a cômoda.
Do lado de fora, o quintal que oferecia alegria e
ventura para dez crianças.
Talvez algumas pessoas pensem que somos pobres em
matéria de dinheiro, mas temos tanto…
E Mary descobriu que a verdadeira riqueza são a família,
o amor, o lar, a escola.
Ela tinha tudo.
Texto publicado no jornal Mundo
Espírita, n⁰1470, em janeiro de 2007.