Na questão número 27 d’O livro dos espíritos,
lemos que Deus, espírito e matéria fazem parte da
trindade universal dos elementos da Natureza. São esses
os três elementos fundamentais, princípio de tudo o que
existe, sob a direção suprema do Criador, a quem Jesus
chamou de Pai. Jesus Cristo é o ser mais perfeito que
Deus designou para governar nosso planeta. Intermediário
entre o espírito e a matéria, o fluido universal é
responsável pela coesão da matéria que, sem sua ação se
dispersaria. É o fluido universal ou fluido cósmico que
dá propriedades à matéria.
Ao elemento material é preciso juntar o fluido universal
(ou cósmico), que desempenha o papel de intermediário
entre o espírito e a matéria propriamente dita, muito
grosseira para que o Espírito possa exercer alguma ação
sobre ela. Embora, sob certo ponto de vista, se possa
classificar o fluido universal como elemento material,
ele se distingue desse por propriedades especiais. Se o
fluido cósmico fosse realmente matéria, não haveria
razão para que o Espírito também não fosse. O fluido
está colocado entre o Espírito e a matéria e é
suscetível, pelas suas inúmeras combinações com esta e
sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade
das coisas de que não conhecemos senão uma ínfima parte.
Esse fluido cósmico, ou primitivo, ou elementar, sendo o
agente de que o Espírito se utiliza é o princípio sem o
qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e
jamais adquiriria as propriedades que a gravidade lhe
dá.
Na subquestão 27a, Kardec deseja saber se o fluido
universal é o mesmo que eletricidade. Em resposta, é
informado de que ele é suscetível de inúmeras
combinações. O que chamamos “fluido elétrico, fluido
magnético, são modificações do fluido universal, que não
é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita,
mais sutil e que se pode considerar independente”. Desse
modo, o fluido universal, seja qual for o nome que lhe
demos, é sempre o intermediário entre o espírito e a
matéria, que os Espíritos afirmam ser independente,
embora seja por meio dele que o Espírito se manifeste.
Sobre esses elementos, espírito e matéria, oferecemos ao
leitor o soneto que intitulamos justamente Espírito e
matéria:
Tudo que engloba volume no espaço:
Sólidos, líquidos, gases e plasmas,
Todo o tipo de massa em pleno estado
É matéria, insensível à ação de miasmas.
Mas além da matéria, está uma alma,
Espírito encarnado, desterrado
Das esferas sublimes e mais altas;
Retorna corrigindo seu passado.
Criado simples, mas ignorante,
É por efeito do seu livre-arbítrio
Que o Espírito se eleva ou se rebaixa.
E só por sua escolha operante
No bem, vence a matéria vil o Espírito,
Que se eleva e não mais à Terra baixa.
O poema acima se inicia com a informação sobre o
conceito do que seja matéria, ou seja, todo o tipo de
massa que ocupa lugar no espaço, embora os Espíritos nos
informem que a matéria existe em condições que a ciência
humana ainda não pode identificar. A matéria pode estar
nestes quatro estados: sólido, líquido, gasoso e
plasmático, que tomamos aqui, metonimicamente, como
fluido universal, haja vista ter descoberto a Ciência
que o plasma se encontra em todo o Universo, assim como
os Espíritos afirmam ocorrer com o que denominaram
fluido universal ou fluido cósmico.
A ciência denomina plasma ao quarto estado da matéria
existente em abundância no Universo; aqui ele é tratado
figuradamente como sinônimo de “fluido universal”, por
suas características semelhantes em seu aspecto
“semimaterial” ou intermediário, como ocorre com o
plasma em determinadas circunstâncias.
Sobre o plasma, o Espírito André Luiz diz o seguinte: “O
fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou
força nervosa do Todo Sábio. Nesse elemento primordial,
vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como
peixes no oceano" (ANDRÉ LUIZ, 2003, p. 19).
Conclui André o primeiro capítulo dessa obra
extraordinária, dizendo:
Cabe-nos assinalar, desse modo, que, na essência, toda a
matéria é energia tornada visível e que toda a energia,
originariamente, é força divina de que nos apropriamos
para interpor os nossos propósitos aos propósitos da
Criação, cujas leis nos conservam e prestigiam o bem
praticado, constrangendo-nos a transformar o mal de
nossa autoria no bem que devemos realizar, porque o Bem
de todos é o seu Eterno princípio.
Compete-nos, pois, anotar que o fluido cósmico ou plasma
divino é a força em que todos vivemos, nos ângulos
variados da Natureza, motivo pelo qual já se afirmou, e
com toda a razão, que “em Deus nos movemos e existimos” (ANDRÉ
LUIZ, 2003, p. 24)
Percebemos, pois, que, ao se referir ao plasma, o
Espírito André Luiz trata do fluido universal, também
conhecido como fluido cósmico.
Em seguida o autor do soneto, informa sobre o Espírito,
que encarnado está submisso à matéria, pela necessidade
de evoluir. Ao se referir à condição de desterrado, o
soneto refere-se à sua descida do plano espiritual à
Terra, mesmo que o Espírito já haja alcançado alto grau
de evolução, para expiação de seu passado. A palavra
“desterrado”, contrariamente ao entendimento de afastado
da terra, metaforicamente significa afastado do plano
espiritual.
Para superar a necessidade de encarnar é que o Espírito
somente se desata da injunção material, após inúmeras
encarnações em que exercita seu livre-arbítrio, na
escolha do bem. Então, conclui o último verso do soneto
que o Espírito “Se eleva e não mais à Terra baixa, ou
seja, torna-se puro, consequentemente, não mais
necessitando reencarnar.
É quando o Espírito passa a executar missões de grande
elevação, no trabalho sempre grato a ele, como cocriador
com Deus, tendo, pois, por missão auxiliá-lo na formação
dos mundos. Também a esses Espíritos puros, como ocorre
com Jesus Cristo, é concedida a missão de governadores
de mundos, auxiliando-se mutuamente nessa função. Sua
felicidade é permanente, e sua atuação é incessante,
pois para eles o trabalho jamais é algo penoso e, sim,
prazeroso.
Referência:
ANDRÉ LUIZ (Espírito). Evolução em
dois mundos. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira. 1. ed. Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira, 2003.
BÍBLIA DE JERUSALÉM. 1. ed. 3. imp. São
Paulo: Paulus, 2004.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. – 13. imp.
Brasília: FEB, 2023.
MUNDO EDUCAÇÃO. Link - Mundo
educação. Acesso
em 17 jul. 2025.