Para entendermos o enunciado acima, preciso será uma
longa viagem na história da nossa humanidade a fim de
identificarmos onde se iniciou o processo educativo da
criatura humana e quanto ainda falta para que ela atinja
os páramos mais elevados da educação.
Primeiramente, precisaríamos compreender que o Espírito
é o ser inteligente da Criação, tendo iniciado sua
trajetória simples e ignorante, mas destinado à
perfeição.
Assim, perfeição é algo que não se adquire da noite para
o dia, razão pela qual outro imperativo se faz
necessário, que é entender o processo reencarnatório.
Nas sucessivas reencarnações, o Espírito desenvolve seus
implementos básicos, corpóreos e espirituais, físicos e
morais.
O processo reencarnatório proporciona a educação do
Espírito e, neste tocante, importante ressaltar que,
antes que o Espírito se sujeite a um sistema educacional
formal, ele está atrelado à pedagogia da existência na
carne, aprendendo a defender-se e a prover à sua
subsistência.
Muitos séculos e milênios se passaram até que principiou
a articular a linguagem, manifestando tudo o que lhe
acerca. Após o despertar do raciocínio desbrava,
primeiramente, o mundo ao seu redor, para, numa etapa
seguinte, cogitar das questões mais íntimas do seu
interior. Somente muito mais tarde, irá indagar sobre o
princípio das coisas e, no período clássico da Grécia,
entre os séculos V e IV antes da era cristã, dar-se-á o
florescimento das escolas, onde lhe será oferecido o
estudo formal.
Com relação a este, o estudo formal, ele praticamente
começa com a invenção da escrita, por volta do quarto
milênio antes de Cristo. A primeira escrita, cuneiforme
(formato de cunha), foi desenvolvida pelos sumérios, na
região da mesopotâmia. Posteriormente, adviria a escrita
hieroglífica, às margens do Rio Nilo, no antigo Egito. O
primeiro alfabeto surgiu com os fenícios, por volta do
século XIII a.C., tendo sido o mesmo aperfeiçoado pelos
gregos, pouco mais tarde, possibilitando os registros
dos feitos da humanidade, já que tudo se transmitia via
oral. Finalmente, vieram as escolas.
Com a escrita e as escolas, surgem as primeiras obras de
cunho pedagógico, principalmente destacando-se Homero e
Hesíodo, formadores do pensamento grego e, a partir do
século VI a.C., com o advento da Filosofia, os textos
proliferaram e, a consequência disto, uma forte
tendência a formar consciências, através do pensamento
exteriorizado.
E o processo educacional prossegue e foi ganhando novos
contornos, rompendo com as tradições míticas do passado
para alcançar, com Pitágoras, Tales, Heráclito,
Demócrito e tantos outros, a fórmula do desenvolvimento
do raciocínio filosófico. Os sofistas vieram a ser os
primeiros professores da História, criando um modelo de
ensino que continua atual em todo o mundo civilizado.
Seus instrumentos de trabalho: a retórica (arte da
palavra) e a erística (argumentação), tendo seu expoente
maior em Protágoras. Porém, este encontra opositores
ferrenhos, entre os quais se destacaram Sócrates e
Platão. Sócrates foi considerado “o mais espantoso
fenômeno pedagógico da História do Ocidente”, que
utilizava a técnica da “maiêutica” para promover o
“parto” das ideias. Sócrates dizia que “a vida sem exame
é indigna do homem”. É de se frisar que os métodos de
ensino, os recursos pedagógicos, o conceito de educação
mudou, mas, o modelo básico ainda permanece.
Posteriormente, apesar de os caminhos da cultura estarem
de certa forma desbravados, os homens continuavam
incultos e bárbaros, pois faltava-lhes a educação no
sentido real da palavra. Surge, então, no cenário,
Jesus, “assinalando o aparecimento do horizonte
espiritual” no feliz dizer de Herculano Pires, que com
sua pedagogia inigualável elevou a educação a níveis
jamais vistos até ali. Sua Doutrina é a do Amor, mas o
Amor no sentido divino, sublime e numa única síntese,
expõe o Sermão do Monte e crava ali a porta estreita da
educação humana.
Quando Jesus veio ao mundo, os caminhos da cultura
estavam de certa forma desbravados e, embora houvesse
instrução, faltava a educação no sentido real da
palavra, pois os homens daquela época, de um modo geral,
ainda eram incultos e bárbaros. Na realidade, faltava o
destaque para o trato moral, que o Mestre viria a
oferecer.
Considerado hodiernamente por muitos como o maior
pedagogo que já passou pelo orbe, Jesus elevou a
educação a níveis jamais vistos até ali.
Sua Doutrina é a do Amor, no sentido divino e não como
os homens julgavam, tão pobre e falho.
Sua pedagogia, como um educador perfeito, revela belos e
elevados ensinos, atingindo a culminância quando expõe o
Sermão do Monte e crava ali a porta estreita da educação
humana.
O Reino dos Céus, que não se encontra em nenhum lugar
geograficamente falando, está dentro de nós e, para a
conquista deste reino, haveremos de buscar o
conhecimento, não mais com as letras e a formalidade
educacional, mas, com o desenvolvimento dos princípios
éticos e morais que, consequentemente, atingirão o
imenso campo do problemático comportamento humano.
Sua pedagogia é gradual e utiliza a arte de interrogar
em alto grau; seus ensinamentos são claros e intuitivos,
com um toque de autoridade, que ele exerce com suavidade
e bondade.
Para todos os títulos que a Ele foram dados, aceita
apenas o de Mestre, sendo para todos nós, “O Caminho, a
Verdade e a Vida”. Assim, ninguém chegará ao Pai sem
assimilá-lo, sem compreendê-lo.
Várias máximas foram deixadas para que o orgulho fosse
dissipado, como perdoar quantas vezes fosse necessário,
servir do que ser servido, e tantas outras que
encontramos na sua Doutrina, derrogando o Mosaísmo, com
seu olho por olho, e o dente por dente.
Em seus sermões e parábolas, usou o poder de síntese e a
linguagem poética para atingir seus ouvintes. Pelas
Parábolas, adequava-se aos costumes do povo, aproveitava
as situações do cotidiano e, portanto, a experiência
diária dos que o ouviam. Não dava aulas de metafísica
abstrata, mas ensinava, por histórias compreensíveis,
princípios claros de moralidade. Sua capacidade didática
permitia se achegar ao educando, em seu nível de
interesse, de vivência e de compreensão.
O conhecimento da Lei Divina transbordava de seus lábios
e guardará sempre a solidez da eternidade, o perfume da
elevação, o sabor da poesia e a força da verdade.
Os maiores educadores foram os que tentaram imitá-lo e
seguiram seus ensinamentos. Pestalozzi o amava
ternamente, Montessori o cita em que cada texto seu,
Comenius procurava servi-lo, Bach o louvava pela vida e
pela música, Gandhi se inspirava nele e Kardec nos deu a
chave para melhor compreendê-lo, liberto dos dogmas
irracionais.
Assim, justo examinarmos sua conduta pedagógica. Mestre
dos Mestres, ele pode nos dar o modelo de educador a que
devemos aspirar, dentro de nossas limitações.
Apesar da lentidão dos processos evolutivos, nosso
destino é atingir a altura daquele que nos serve de polo
de atração para o alto.
Tudo o que pensarmos em termos de educação, de melhora
da criatura humana, de novos paradigmas morais e
espirituais, Jesus será sempre o Mestre a seguir. Por
isso, nossa humanidade se dividiu em antes e depois
Dele.
E, para finalizar, um pensamento bastante oportuno do
grande Léon Denis, em sua obra Depois da Morte:
“Todas as chagas morais são provenientes da má educação.
Reformá-la, colocá-la sobre novas bases traria à
Humanidade consequências inestimáveis... a sabedoria por
excelência consiste em nos tornarmos melhores”.
Quem, melhor do que o nosso Mestre Jesus, oferece as
bases para adquirirmos a melhor educação e consequente
conquista moral?