Entrevista

por Orson Peter Carrara

Vivência espírita: uma experiência que vale a pena conhecer


 
Natural de Itanhaém (SP), onde também reside, Jaqueline de Barros Ribeiro (foto) tem formação e profissão em Letras – pedagogia e psicopedagogia – e cursa no momento o 4º ano da psicologia. Nas lides espíritas, participa do Centro Espírita André Luiz, que preside. Entrevistamo-la sobre sua vivência espírita e sobre a iniciativa do Diskardec.

 

Tendo nascido de família espírita, foi um processo natural aceitar e participar do movimento espírita? Fale-nos da influência de seus pais.

Foi natural até certo ponto, porque era essa verdade, “o Espiritismo”, que me foi apresentada desde pequena. Entretanto, com relação à mediunidade, aos fenômenos que me acompanharam desde pequena, eu tive medo, e foi com o acolhimento, o amor e o conhecimento que tudo isso passou a ser natural para mim. A influência dos meus pais sempre foi muito positiva, principalmente pelo exemplo. Meu pai era muito ativo, trabalhador incansável, fundador juntamente com outras pessoas de casas espíritas aqui na cidade. Meus pais estavam sempre envolvidos em ações de caridade. Então essa foi a natureza da minha infância. Meus pais eram sempre procurados por pessoas da cidade que enfrentavam os desafios da encarnação, a perda de entes queridos, a mediunidade...

Agora na maturidade, o que mais lhe chama atenção no Espiritismo?

Essa é uma pergunta difícil de responder, eu diria que a ação da doutrina em minha vida sempre foi e é essencial.

Como surgiu o DisKardec?

O Diskardec surgiu em 1984 pela sensibilidade, esforço e perseverança de um grupo de jovens espíritas que já haviam fundado em 1979 o CVV de Ribeirão Preto e o Centro Espírita Aprendizes do Evangelho em 1981. Estes jovens sentiram a inspiração para a criação de um trabalho de apoio emocional e humanitário com características religiosas. O nome Diskardec foi sugerido pelo então jornalista Valentim Lorenzetti (jornalista do jornal Folha de São Paulo, escritor espírita e um dos fundadores do CVV em São Paulo).

Entre 1984 e 1989 o Diskardec funcionou a título de experiência tornando-se, então, pessoa jurídica e constituindo-se em uma sociedade civil, religiosa, filantrópica, cultural, sem fins lucrativos e mantida pelos voluntários. Em 1991 filiou-se à USE Intermunicipal de Ribeirão Preto; em 1992 registrou sua logomarca e no ano de 2000 foi reconhecido como de utilidade pública municipal (Lei Municipal 8.977/2000).

Inicialmente instalado na rua Dr. Loyola, na Vila Tibério, junto ao Centro Espírita Aprendizes do Evangelho, o Diskardec iniciou o trabalho de atendimento telefônico em um corredor simples dessa casa espírita. Posteriormente mudou-se para uma sala do edifício Padre Euclides na rua Visconde de Inhaúma e então para uma sala localizada dentro de uma farmácia na rua Padre Anchieta, cedida por voluntários. Com a construção da nova sede do Centro Espírita Aprendizes do Evangelho, na rua Machado de Assis, 260, foi convidado a ocupar uma sala e ali manteve suas atividades até 2007, quando finalmente muda-se para sua sede própria, na rua Machado de Assis, 169, onde permanece até hoje.

Conhecemos o Diskardec aqui na Baixada Santista através do companheiro Paschoal, numa conversa com o Allan sobre fazer uma atividade de escuta para idosos. E a partir daí, conhecemos o Eduardo que prontamente nos apresentou o trabalho maravilhoso que realizavam. Fizemos pela Use Baixada Santista um primeiro curso para que as pessoas fizessem um treinamento (virtual) para capacitar pessoas, mas até então o Diskardec era um atendimento por telefone.  Um tempo depois, o Eduardo entrou em contato para fazer uma pequena formação, mas aí eles já tinham desenvolvido o atendimento por chat. Eu comecei aí.

E como funciona?

O Diskardec é um serviço de utilidade pública aberto a todas as pessoas e que objetiva, principalmente, o atendimento fraterno por bate-papo (chat) ou telefone, auxiliando quem necessita desabafar ou apenas conversar. É um serviço independente, que funciona com ajuda de voluntários e não está ligado a nenhum Centro Espírita. Trata-se de um serviço gratuito. Não solicita doações de qualquer espécie.
Qualquer pessoa que se sinta desesperada, desamparada ou simplesmente solitária pode entrar em nosso site e iniciar um bate-papo sem se identificar. Caso deseje também pode telefonar para conversar com um voluntário sob total sigilo e sem custo algum (apenas o da ligação). Nosso telefone: (16) 3630-3232.

É possível instalar em outras cidades e regiões? Como proceder?

Na verdade, não é necessário, somos trabalhadores em todo Brasil, basta vontade e treinamento. Se alguém desejar fazer parte deste trabalho será muito bem-vindo. Podem entrar em contato pelo e-mail contato@diskardec.com.br ou pelo WhatsApp (13) 99718-7356.

O que mais colheu dessa experiência?

Ser voluntária no Diskardec tem sido uma das experiências muito significativas na minha vida. Desde o início, percebi que não se trata apenas de oferecer palavras, de acolher corações que muitas vezes chegam cheios de dor, dúvidas ou solidão, mas um grande aprendizado pra mim. Cada atendimento é um encontro de almas, onde aprendo tanto quanto compartilho.

No espaço do chat, encontro pessoas que buscam conforto, esclarecimento e, sobretudo, um ouvido atento. A ideia de que, muitas vezes, a escuta sincera e sem julgamentos é só o que a maioria de nós precisa. É emocionante perceber como uma conversa simples pode trazer alívio e esperança a alguém.

Essa vivência também me transforma diariamente. Ao acolher o outro, encontro em mim mesma forças, aprendizados e uma fé renovada. O Diskardec não é apenas um canal de ajuda — é um verdadeiro exercício de amor e fraternidade, que me ensina a olhar a vida e as pessoas com mais empatia e compreensão.

Sou profundamente grata por fazer parte desta equipe, que se dedica com tanto carinho e responsabilidade. Ser voluntária aqui é ter a certeza de que, mesmo em pequenos gestos, podemos iluminar caminhos e semear paz.

Dessa vivência toda no movimento espírita, o que mais a marcou?

Participar do movimento espírita tem sido uma grande escola para mim. Cada tarefa é uma oportunidade de aprender, servir e crescer espiritualmente, sempre em clima de fraternidade e amor.

No trabalho espírita, encontro a chance de colocar em prática os ensinamentos do Evangelho. É onde tenho a oportunidade de transformar teoria em ação, exercitando a caridade e a solidariedade de forma concreta, e principalmente perceber que tenho muito a aprender nas relações humanas. O que mais me toca no trabalho espírita é poder acolher pessoas que chegam em busca de consolo, orientação e esperança. Cada encontro é uma troca de sentimentos que fortalece a todos.

O movimento espírita me ajuda a ser uma pessoa melhor. Ao mesmo tempo em que sirvo, sou também transformada pelas experiências e pelos exemplos que encontro. O trabalho no movimento espírita nos faz refletir e refletir, incessantemente sobre minhas ações, sobre o quanto estou no caminho de Jesus. É uma missão de amor que dá sentido e alegria à minha vida.

Da atividade de unificação e de palestrante o que gostaria de dizer?

A unificação nos convida a conectar corações e mentes, buscando harmonizar diferentes pontos de vista e fortalecer a fraternidade no movimento. É um trabalho de ouvir, dialogar e construir juntos, sempre com respeito e amor. Não me considero uma palestrante, mas falar sobre o evangelho de Jesus é uma grande responsabilidade, uma oportunidade de buscar o aprendizado da teoria, compartilhar a maneira que entendo os conhecimentos espíritas, às vezes, levar conforto às pessoas.  Falar sobre Espiritismo, é um exercício constante de aprendizado e humildade. É um momento que percebo que ainda tenho muito a aprender. Essas atividades me fazem bem e reafirmam o quanto o movimento espírita é um caminho de serviço, transformação e amor.

Algo mais a acrescentar?

O que posso acrescentar aqui é dizer quanto essa doutrina maravilhosa me trouxe tudo que procuramos como trabalhadores a fazer, acolher, consolar, esclarecer e orientar (orientar ainda muito pouco).

Nos momentos mais desafiadores da minha vida, sempre encontrei as respostas no Espiritismo.

Suas palavras finais.

Agradeço pelo convite de participar desta conversa, e dizer que estamos diariamente aceitando ou não o convite de Jesus para servir. E quando somos convidados a um trabalho, que pensemos naqueles que realmente se dedicaram a servir, e façamos a reflexão: Se Jesus batesse à sua porta e lhe oferecesse um trabalho, você aceitaria?

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita