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por Eder Andrade

 

A necessidade da prática do bem


A História do Espiritismo no Brasil é dividida em dois grandes momentos, antes e depois de Chico Xavier.

Entre suas grandes realizações, Chico nos ensinou a necessidade de praticarmos a caridade para com o semelhante que cruzasse o nosso caminho.

Inicialmente essa prática da caridade pode ter sido interpretada como um assistencialismo voltado para a grande necessidade material da população, porém com o tempo passamos a perceber que o exercício da caridade é uma via de mão dupla que beneficia tanto aquele que recebe ajuda, quanto aquele que a dá.

Num primeiro momento ficamos em dúvida sobre o porquê da necessidade do exercício da caridade, que Kardec expressamente mencionou em conhecida frase de sua autoria: "Fora da caridade não há salvação", e o poeta Manoel Monteiro assim explicitou:

“Caridade - o doce alívio

Àquele que pede à porta;

Entretanto, além do amparo,

A frase que reconforta;

O socorro em que te mostras

Onde o bem se faz preciso,

Colocando em cada gesto

A dádiva de um sorriso”. 1

Quais seriam as explicações para compreendermos a relação entre o exercício da caridade e a nossa evolução enquanto espíritos imortais?

Essa pergunta muitos se fazem ainda hoje nas Casas Espíritas!

Por que a caridade funcionaria como um dínamo que potencializaria nosso processo de transformação moral? Uma pergunta interessante de ser feita!

"Fora da caridade não há salvação" significa que a prática da caridade, entendida como amor e benevolência para com o próximo, é essencial para o progresso espiritual e a conquista da felicidade, tanto nesta vida quanto na vida futura.

Essa frase, frequentemente associada ao Espiritismo, mas com raízes no Cristianismo Primitivo, enfatiza que a salvação, ou seja, o progresso espiritual e a libertação das imperfeições, não se alcança por meio de rituais, dogmas ou pertença a uma determinada religião, mas sim através da prática do amor e da caridade ao semelhante necessitado.

A caridade, nesse contexto, não se limita à esmola ou ajuda material, mas abrange a benevolência, o perdão, a indulgência e o amor ao próximo em todas as suas formas.

Amar ao próximo como a si mesmo; Jesus, em seus ensinamentos, resumiu toda a lei e os profetas no mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, e a caridade é a chave para cumprir este mandamento.

Segundo o Apóstolo Paulo:

“A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é injubilosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade”. (Paulo, 1a Epístola aos Coríntios, 13:1 a 7 e 13.)

O desenvolvimento da caridade leva ao progresso espiritual, pois ajuda a eliminar o egoísmo, o orgulho e outras imperfeições que impedem a evolução do espírito.

A mensagem da caridade é universal, pois não está restrita a nenhuma religião ou crença específica. Todos podem praticar a caridade e, assim, trilhar o caminho da salvação.

A salvação é um processo individual, que se dá através das ações e escolhas de cada um, e a caridade é a ferramenta fundamental para esse processo de Reforma Íntima e ressignificação da nossa vida.

O conhecimento que vamos agregando à nossa bagagem de vida nos leva a fazer uma releitura da nossa existência, de forma que os acontecimentos ou erros ocorridos no início da nossa vida tendem a ser ressignificados na proporção em que vamos evoluindo.

Dessa forma não justifica alimentar um ressentimento por séculos, se evoluímos e passamos a compreender que os erros aconteceram, mas nos cabem aprender a perdoar e relevar, uma vez que a verdade que detemos hoje é diferente do conhecimento que tínhamos, quando cometemos um equívoco ou fomos penalizados pelo próximo.

Em resumo, a frase "Fora da caridade não há salvação" nos lembra que a prática do amor e da benevolência para com o próximo é o caminho para a nossa própria evolução espiritual e para a conquista da felicidade, independentemente de nossa crença ou religião.

Nos explicam os espíritos que o exercício da caridade e da prática do amor ao semelhante, modifica o nosso padrão vibratório, estimulando uma empatia da nossa parte para com o sofrimento de quem passar e por um momento difícil. Dessa forma nos aproximamos do próximo pela dor, buscando acolher aquele que passa por um momento de provação, assim como um dia também passamos.

Essa iniciativa minimiza as diferenças energéticas negativas para com nossos antigos e possíveis desafetos, quando nos aproximamos daqueles que sofrem e tentamos ajudá-los através da caridade moral ou da caridade material.

“Tudo seguirá amanhã como iniciamos hoje.

A vida nos responde segundo os nossos desejos.

Qualquer realização será levada a efeito conforme pensamos.

Acautelemo-nos, portanto, com a nossa imaginação e com os nossos propósitos, porque, de conformidade com o nosso “agora”, seremos acrescentados “depois”. ”3

O amor cobre uma multidão de pecados na medida em que renunciamos ao nosso egoísmo em favor daquele que sofre. Tudo um processo que leva uma trajetória em nossas existências.


Bibliografia:

1) Xavier, Francisco Cândido; Caridade (1978) - “Espíritos Diversos”; 2 - O Dom de Deus (Manoel Monteiro) Ed. IDE.

2) Kardec, Allan; O Evangelho Segundo o Espiritismo; Cap. XV - Fora da caridade não há salvação; 6 e 7 - Necessidade da caridade, segundo Paulo; Ed. FEB.

3)  Xavier, Francisco Cândido; Mentores e Seareiros (1992); Acréscimo (Emmanuel): Ed. UEM.

4) Wikipédia (Enciclopédia Livre) - “consultas de artigos”. 


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita