A necessidade da prática do bem
A História do Espiritismo no Brasil é dividida em dois
grandes momentos, antes e depois de Chico Xavier.
Entre suas grandes realizações, Chico nos ensinou a
necessidade de praticarmos a caridade para com o
semelhante que cruzasse o nosso caminho.
Inicialmente essa prática da caridade pode ter sido
interpretada como um assistencialismo voltado para a
grande necessidade material da população, porém com o
tempo passamos a perceber que o exercício da caridade é
uma via de mão dupla que beneficia tanto aquele que
recebe ajuda, quanto aquele que a dá.
Num primeiro momento ficamos em dúvida sobre o porquê da
necessidade do exercício da caridade, que Kardec
expressamente mencionou em conhecida frase de sua
autoria: "Fora da caridade não há salvação", e o
poeta Manoel Monteiro assim explicitou:
“Caridade - o doce alívio
Àquele que pede à porta;
Entretanto, além do amparo,
A frase que reconforta;
O socorro em que te mostras
Onde o bem se faz preciso,
Colocando em cada gesto
A dádiva de um sorriso”. 1
Quais seriam as explicações para compreendermos a
relação entre o exercício da caridade e a nossa evolução
enquanto espíritos imortais?
Essa pergunta muitos se fazem ainda hoje nas Casas
Espíritas!
Por que a caridade funcionaria como um dínamo que
potencializaria nosso processo de transformação moral?
Uma pergunta interessante de ser feita!
"Fora da caridade não há salvação" significa que a
prática da caridade, entendida como amor e benevolência
para com o próximo, é essencial para o progresso
espiritual e a conquista da felicidade, tanto nesta vida
quanto na vida futura.
Essa frase, frequentemente associada ao Espiritismo, mas
com raízes no Cristianismo Primitivo, enfatiza que a
salvação, ou seja, o progresso espiritual e a libertação
das imperfeições, não se alcança por meio de rituais,
dogmas ou pertença a uma determinada religião, mas sim
através da prática do amor e da caridade ao semelhante
necessitado.
A caridade, nesse contexto, não se limita à esmola ou
ajuda material, mas abrange a benevolência, o perdão, a
indulgência e o amor ao próximo em todas as suas formas.
Amar ao próximo como a si mesmo; Jesus, em seus
ensinamentos, resumiu toda a lei e os profetas no
mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo, e a caridade é a chave para
cumprir este mandamento.
Segundo o Apóstolo Paulo:
“A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade
não é injubilosa; não é temerária, nem precipitada; não
se enche de orgulho; não é desdenhosa; não cuida de seus
interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa
alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a
injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta,
tudo crê, tudo espera, tudo sofre. Agora, estas três
virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem;
mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade”. 2 (Paulo,
1a Epístola aos Coríntios, 13:1 a 7 e
13.)
O desenvolvimento da caridade leva ao progresso
espiritual, pois ajuda a eliminar o egoísmo, o orgulho e
outras imperfeições que impedem a evolução do espírito.
A mensagem da caridade é universal, pois não está
restrita a nenhuma religião ou crença específica. Todos
podem praticar a caridade e, assim, trilhar o caminho da
salvação.
A salvação é um processo individual, que se dá através
das ações e escolhas de cada um, e a caridade é a
ferramenta fundamental para esse processo de Reforma
Íntima e ressignificação da nossa vida.
O conhecimento que vamos agregando à nossa bagagem de
vida nos leva a fazer uma releitura da nossa existência,
de forma que os acontecimentos ou erros ocorridos no
início da nossa vida tendem a ser ressignificados na
proporção em que vamos evoluindo.
Dessa forma não justifica alimentar um ressentimento por
séculos, se evoluímos e passamos a compreender que os
erros aconteceram, mas nos cabem aprender a perdoar e
relevar, uma vez que a verdade que detemos hoje é
diferente do conhecimento que tínhamos, quando cometemos
um equívoco ou fomos penalizados pelo próximo.
Em resumo, a frase "Fora da caridade não há salvação"
nos lembra que a prática do amor e da benevolência para
com o próximo é o caminho para a nossa própria evolução
espiritual e para a conquista da felicidade,
independentemente de nossa crença ou religião.
Nos explicam os espíritos que o exercício da caridade e
da prática do amor ao semelhante, modifica o nosso
padrão vibratório, estimulando uma empatia da nossa
parte para com o sofrimento de quem passar e por um
momento difícil. Dessa forma nos aproximamos do próximo
pela dor, buscando acolher aquele que passa por um
momento de provação, assim como um dia também passamos.
Essa iniciativa minimiza as diferenças energéticas
negativas para com nossos antigos e possíveis desafetos,
quando nos aproximamos daqueles que sofrem e tentamos
ajudá-los através da caridade moral ou da caridade
material.
“Tudo seguirá amanhã como iniciamos hoje.
A vida nos responde segundo os nossos desejos.
Qualquer realização será levada a efeito conforme
pensamos.
Acautelemo-nos, portanto, com a nossa imaginação e com
os nossos propósitos, porque, de conformidade com o
nosso “agora”, seremos acrescentados “depois”. ”3
O amor cobre uma multidão de pecados na medida em que
renunciamos ao nosso egoísmo em favor daquele que sofre.
Tudo um processo que leva uma trajetória em nossas
existências.
Bibliografia:
1) Xavier,
Francisco Cândido; Caridade (1978) - “Espíritos
Diversos”; 2 - O Dom de Deus (Manoel Monteiro) Ed. IDE.
2) Kardec,
Allan; O Evangelho Segundo o Espiritismo; Cap. XV
- Fora da caridade não há salvação; 6 e 7 - Necessidade
da caridade, segundo Paulo; Ed. FEB.
3) Xavier,
Francisco Cândido; Mentores e Seareiros (1992);
Acréscimo (Emmanuel): Ed. UEM.
4) Wikipédia (Enciclopédia
Livre) - “consultas de artigos”.
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