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por Rogério Coelho

 

Os suaves cânticos da renovação


A felicidade em Cristo é possível, na medida em que se começa a vivenciá-lo.


Eu creio, Senhor! mas ajuda a minha incredulidade!" - Marcos, 9:24


A busca da perfeição é o desiderato que deve ser almejado por toda criatura de Deus; daí conclamar Jesus[1]: "sede vós, pois, perfeitos, como  é  perfeito  o vosso Pai que está nos  Céus”.

Árdua e longa é a caminhada e traiçoeiras são as veredas!Na luta íntima para a desejada renovação cristã enfrentaremos não só os inimigos internos, acólitos do "homem-velho", mas,  também,  toda  sorte  de  vicissitudes  externas, capitaneadas por mentalidades malsãs, encarnadas e desencarnadas, depressivas e perversas... Portanto, os anseios cristãos de renovação permanecem,  de ordinário, em rota de colisão com as milenares sedimentações atávicas psicológicas de comportamentos inadequados, ignorância, incúria e até mesmo crueldade!

É a inevitável luta quando se alça mais altos voos em busca da interação com o Pai. Não obstante, Jesus já nos ofereceu o roteiro ao afirmar[2]:  “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.

Escrevendo aos gálatas, Paulo enfatizava sua condição de prisioneiro do Cristo[3]: "Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim".

Estar em Cristo e Cristo estar  em  nós  em quaisquer situações felizes e infelizes é atingir a plenitude de ser. Longe de tal atitude caracterizar misticismo piegas, é, na verdade, uma realidade a ser alcançada. Difícil de lograr? Sim, mas não impossível! Como começar?! Ora, Jesus deixou a fórmula que o Espírito de Verdade ratificou: a Caridade!

"O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei".[4]

"Espíritas  amai-vos..."[5] 

É o mesmo  apelo  à Caridade!

Acompanhemos o raciocínio de L. Palhano Jr., pinçado da  2ª  parte  do  livro  "aos  efésios"  no  capítulo intitulado “em Cristo”, no qual podemos ler o seguinte: "(...) a felicidade em Cristo é possível,  na medida em que se começa a vivenciá-lo, em princípio, quebrando  a dureza  que há em nossos corações, substituindo-a  pela  piedade. Para alcançarmos esse resultado temos três recursos à nossa disposição:

1- A vigilância - sobre pensamentos e  atos, para que não sejamos apanhados em concupiscência;

2 – A oração -  que nos colocará em contato com os Agentes da Luz;

3 – A meditação -  que nos  possibilitará  o controle  sobre  nossos próprios pensamentos, fazendo com  que  a nossa quietude interna aflore e domine a agitação exterior”.

Para sustentação desses recursos, não poderão faltar doses maciças de humildade, de desprendimento e de sublimação das energias interiores... Enfim, trata-se de um combate ferrenho movido contra as forças coagulantes dos pensamentos que procedem das furnas milenares do "homem-velho", desencadeadoras dos ímpetos da imperfeição.

Não seria esse bom combate que caracteriza o verdadeiro espírita?  Kardec enfatizou muito bem isso, quando afirmou[6]: "reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações”.

Lembremo-nos de que nesse combate necessário, a hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas melhores energias.  Somente aquele  que confia  consegue  perseverar  no levantamento  dos degraus que o conduzirão à altura da  renovação em Cristo que deseja atingir.

Com toda razão enfatiza o apóstolo[7]: "(...) o que  duvida  é semelhante  à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte”.

Afirma Emmanuel[8]: "(...) quem duvida de si próprio, perturba o auxílio  divino em si mesmo.  Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.

Compreendendo  o impositivo da confiança  que deve  nortear-nos para frente, insistamos no bem,  procurando-o com todas as possibilidades ao nosso alcance. Abandonemos a pressa e olvidemos o desânimo. Não importa que a nossa conquista surja  triunfante  hoje  ou amanhã. Vale  trabalhar e fazer o melhor que pudermos, aqui e agora, porque a vida se incumbe de trazer-nos o que buscamos.

Avançar sem vacilações, amando, aprendendo e servindo infatigavelmente - eis a fórmula de caminhar com êxito, ao encontro de nossa vitória”.

Enfatiza - poeticamente - João de Deus: “guarda a fraternidade por bandeira/ E a lição de Jesus por novo guia./ Seja teu canto a glória que anuncia/ Renovação à humanidade inteira...”         


 

[1] - Mt., 5:48.

[2] - Jo., 14:6.

[3] - Gálatas, 2:20.

[4] Jo., 15:9 a 12.

[5] - KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. VI, item 5, § 5º

[6] - KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. XVII, item 4, § 5º.

[7] - Tiago,1:6.

[8] -XAVIER, F. Cândido. Fonte viva. 10.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, cap. 165.

 
  
    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita