Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Precisamos de coragem para viver


Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo.
 Mark Twain


A coragem é essencial para a realização de nossa jornada, para o cumprimento mais pleno de nossas tarefas e propósitos.

Virtude muito admirada, devemos ter em mente que a coragem não é valentia, muito menos um exercício de violência. Na realidade, os fortes são corajosos porque tentam resolver seus conflitos e dilemas apoiados na paz, em atitudes pacíficas, nunca reativas ou vingativas.

Quando uma situação adversa se apresenta, o medo surge com suas vestimentas e, para desafiá-lo, a coragem se ergue indispensável. Sim, pois só há a coragem onde há o medo.

Muitas coisas são realizadas por nós no nosso cotidiano apesar do medo: falar em público; começar um novo trabalho; aprender um idioma; dormir no escuro; dirigir numa rodovia desconhecida…

Na educação da criança, uma das coisas importantes para ajudar nosso filho pequeno a lidar com os medos é auxiliar o desenvolver gradativo de uma certa confiança relacionada a um certo tipo de medo, porque, dessa forma, além do próprio medo, dar-se-á espaço para o surgimento da coragem.

Na infância, tive uma amiga que tinha muito medo de um de nossos cachorros. Mas minha mãe, com muita persistência, por diversas vezes em que ela foi à nossa casa, teimou em ficar perto da minha amiga fazendo carinhos no cão.

Certo dia, de maneira inesperada, minha amiga também se agachou e, encorajada pelos exemplos exaustivos da minha mãe, começou a fazer carinhos no cachorro. No início, ela o fez de modo tímido, mas depois, mais confiante, ela o fez de uma maneira tranquila. Isso ocorreu ao longo de algumas semanas.

No dia a dia com as crianças, há muitas  oportunidades para a prática  do desenvolvimento da coragem e de acordo com essas situações simples, triviais: ensinar a cantar uma música; contar uma história para os tios no domingo; provar comidas diferentes; fazer passeios na cidade por lugares  desconhecidos – pracinhas e parques nunca visitados pelas crianças, por exemplo.

Minha avó dizia algo muito interessante: quando uma criança chora ao cair, você não deve pegá-la no colo e de pronto afirmar que tudo ficará bem. Você deve apenas sorrir de modo tranquilo e confiante, anunciando a ela para continuar firme com a brincadeira…

Para muitos isso parece inadequado ou insensível, mas não é. Na realidade, se agir assim, você não estará ignorando os medos do seu filho, estará, sim, mostrando a ele que está seguro, bem e protegido. Você estará encorajando-o, ou seja, dando a ele a chance de saber, pela própria experiência, como é a coragem…

Sempre insisto com os pais: sejam corajosos. Mostrem aos seus filhos, e desde cedo, nas coisas mais singelas, a fé inabalável que vocês têm neles, e eles crescerão apoiados na mesma fé inabalável em si mesmos – e não será essa a fonte autêntica da coragem?
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita