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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 100 – 29 de Março de 2009

WALDENIR APARECIDO CUIN
wacuin@ig.com.br
Votuporanga, São Paulo (Brasil)  
 

Recordando nossos “mortos”


 “– A visita ao túmulo dá mais satisfação ao Espírito que uma prece feita em sua intenção?
 

– A visita ao túmulo é um modo de manifestar que se pensa no Espírito ausente: é a imagem. Já vos disse: é a prece que santifica o ato de lembrar; pouco importa o lugar, se ela é ditada pelo coração” (Questão 323, de O Livro dos Espíritos – Allan Kardec). 

Incontestavelmente, a maior dor que alguém pode sentir, vivendo na Terra, é a separação dos entes queridos, pela desencarnação, pois, em realidade, ante o estágio evolutivo em que mourejamos, ainda não estamos devidamente preparados para ficar distantes, mesmo que por um tempo, daqueles que amamos. 

Normalmente, no seio social, onde vislumbramos grande carência de religiosidade e intensos apelos ao apego e à vida imediatista, os indivíduos são preparados para possuir, para ter, para reter, isso tanto no aspecto material como moral. Assim, cresce o homem “possuindo” bens, “tendo filhos” e “retendo a família”, o que vem dificultando o seu desprendimento, fator que causa dores e intensos sofrimentos quando se vê às voltas com o retorno de um ser amado à Pátria Espiritual. 

E, embora não queiramos, entenderam as Leis de Deus, dentro de um sábio Código de Amor, que o melhor seria a vida no planeta por um certo período, para que o Espírito reencarnado pudesse auferir as experiências devidas e colher as lições que lhes são imprescindíveis, no caminho do progresso espiritual, meta de todos nós. 

Então, deixar o corpo, no processo da desencarnação, é um fato corriqueiro, pois em realidade ninguém morre, apenas o corpo tem a sua vitalidade extinta, mas nós, Espíritos, continuamos a viver, obviamente, em outra dimensão, mas vivendo em toda a plenitude e lucidez. 

Uma vez estando vivos, fora da matéria física, muito natural que mantenhamos o vínculo, um estreito laço entre os dois mundos: o físico e o espiritual. Temos saudades daqueles que nos precederam na grande viagem de volta ao Mundo dos Espíritos e eles, por sua vez, também se lembram de nós, pois nos informam os amigos de “mais além” que a saudade tem mão dupla, tanto dói daqui para lá, como de lá para cá, isso porque a morte não mata ninguém, apenas nos transfere de plano, enquanto a vida segue firme, na Terra ou fora dela. 

Assim, cabe então refletir sobre a forma de lembrar-se dos nossos “mortos”, pois o que chega até eles é o pensamento, ou seja, a prece sincera, nascida do coração e revestida do mais puro sentimento, não dependendo de onde estejamos e do que façamos. O exterior pouco significa, importa o interior, o que realmente sentimos e desejamos. 

Portanto, mesmo com saudades e um vazio no peito, melhor será lembrarmo-nos deles com equilíbrio, resignação e total confiança em Deus, nosso Pai de eterna bondade, que jamais faria um filho Seu sofrer por capricho ou por indiferença. Dessa forma, dispensáveis se tornam os aparatos exteriores: velas, flores, símbolos, mausoléus etc., valendo sim, convictamente, o sentimento sincero, a prece objetiva e a lembrança serena, procurando, em homenagem ao desencarnado, realizar o bem que ele desejaria fazer. 

Dessa forma, se realmente amamos nossos entes queridos que vivem na espiritualidade, aprendamos a conviver com a ausência deles, trabalhando em favor dos que sofrem, pois, atuando em benefício dos necessitados, estaremos enviando, àqueles que desencarnaram, uma mensagem de esperança, fé, coragem e plena confiança na justiça e bondade das Leis de Deus. 

Onde estivermos, com quem estivermos e fazendo o que estejamos fazendo, lembremos dos nossos “mortos/vivos”, ofertando-lhes o nosso coração em forma de serviço na direção dos “pequeninos”, pois, segundo Jesus, quem fizer a um desses é a Ele que estará fazendo. 

Morrer, em verdade, ninguém morre. A vida continua aqui e muito além, isso é incontestável.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita