52. As crises observadas
nos doentes de Morzine,
conforme descrição feita
pelo Sr. Constant,
mostram pessoas
assumindo um estado de
furor, bastante
agitadas, a declarar-se
diabos do inferno
e a bater nos móveis com
força e vivacidade. O
caso Victoire V...,
vinte anos, uma das
primeiras a adoecer
quando estava com
dezesseis anos, é
expressivo. Seu pai
conta que ela jamais
sentira qualquer coisa,
até que um dia foi
tomada na igreja. Certa
vez, ao levar-lhe o
jantar na cúria, onde
ele trabalhava, a jovem
pôs-se a saltar e
atirou-se no chão,
gritando e gesticulando.
Por acaso o cura de
Montriond ali se achava,
mas ela o injuriou. O
cura de Morzine
aproximou-se dela,
quando a jovem se
acalmou, mas a crise
recomeçou logo que ele
fez o sinal da cruz em
sua fronte. Após ter
sido exorcizada várias
vezes, sem sucesso, ele
a levou a Genéve, onde o
Sr. Lafontaine, o
magnetizador, tratou-a
durante um mês. Victoire
retornou curada,
permanecendo tranquila
cerca de três anos.
Depois disso, a doença
voltou, mas ela já não
tinha crises: apenas se
trancava em casa e não
queria ver ninguém, só
comendo vez por outra, o
que a enfraqueceu
sobremodo, a ponto de
não conseguir ficar de
pé. Levada outra vez ao
Sr. Lafontaine, depois
de duas sessões ficou
melhor e até este
momento não mais
enfermara. (PP. 105 a
110)
53. A
Revue transcreve
duas cartas, uma de Albi,
outra de Lyon, em que
seus autores atestam o
efeito positivo que o
conhecimento do
Espiritismo produziu em
suas vidas. “De agora em
diante - diz Michel,
de Lyon - poderei
orar sem temer que
minhas preces se percam
no espaço e suportarei
com alegria as
tribulações desta curta
existência, sabendo que
a minha miséria atual
não passa de justa
consequência de um
passado culposo...” (PP.
111 a 117)
54. Em data de 7/3/1863
um leitor escreveu de
Chauny dando conta de
que na paróquia local o
Padre X..., estranho a
ela, proferiu um sermão
em que falou sobre Deus
e sobre os Espíritos e
suas relações com os
homens, sem qualquer
ataque ao Espiritismo.
Ao reproduzir a missiva,
Kardec diz que, graças a
Deus, esse sermão não é
único no gênero, o que
demonstra que parte do
clero não pactua com os
que atribuem os fatos
espíritas aos demônios.
(PP. 117 e 118)
55. Um casal de Tours,
ele com oitenta anos, a
esposa com sessenta e
dois, decidiu pôr fim às
suas angústias
recorrendo a lamentável
suicídio, que os
adversários do
Espiritismo atribuíram
ao fato de ambos
estarem, nos últimos
tempos, envolvidos com
as práticas espíritas. O
motivo, como acabou
revelado numa carta
deixada pela Sra. F...,
era puramente econômico:
o casal temia a
perspectiva da miséria
que rondava o seu lar,
após ter amealhado uma
pequena fortuna no
comércio de tecidos.
(PP. 118 a 121)
56. Quando a verdadeira
causa foi divulgada na
cidade, o ruído feito
inicialmente contra o
Espiritismo mudou seu
rumo a favor da
doutrina, o que se
expressou no incremento
extraordinário da venda
de livros espíritas.
Segundo o correspondente
da Revue, as
livrarias de Tours nunca
venderam tantas obras
espíritas como a partir
desse episódio. (P. 122)
57. O fanatismo
religioso acrescentou
mais um lamentável caso
ao seu acervo, no início
de 1862, em França. O
casal C... tinha dois
filhos: um menino de
quinze meses e uma
menina de cinco anos,
que jamais eram vistos
pelos vizinhos. Correndo
o boato de que as
crianças sofriam um
tratamento odioso, a
polícia foi até à casa e
contemplou um espetáculo
horroroso: a menina, sem
camisa e sem meias,
apenas com um vestidinho
indiano totalmente sujo
e com a carne dos pés
colada ao couro dos
sapatos, estava sentada
num urinol, apoiada numa
caixa e amarrada com
cordas que passavam
pelas alças da mesma. O
inquérito apurou que a
criança permanecera
naquela posição havia
muitos meses e, mais,
que os pais se
levantavam à noite para
atormentá-la,
despertando-a com
pancadas. Inquirido pela
autoridade policial, o
pai explicou: “Senhor,
eu sou muito
religioso; minha
filha fazia mal as
preces; por isso quis
corrigi-la”. (PP. 122 e
123)
58. Camille Flammarion
publicou na Revue
Française de
fevereiro de 1863 um
artigo, solicitado pela
direção do periódico, em
que escreve sobre a
história e os princípios
do Espiritismo. A
Revue transcreve
parte do artigo, em que
Flammarion se reporta às
primeiras manifestações
verificadas na América,
a sua introdução na
Europa e sua conversão
em doutrina filosófica.
(PP. 123 a 125)
59. O Espírito de Jobard
apresenta, em mensagem
dada na Sociedade
Espírita de Paris, um
novo e zeloso partidário
do Espiritismo, que na
Terra não foi espírita
mas jamais se pronunciou
abertamente contra as
crenças espiritistas.
Trata-se do Espírito de
François-Nicolas
Madeleine, que escreveu
uma página sobre a
indulgência na qual
recomenda, no final, que
devemos ser tão severos
para conosco quanto
indulgentes para com as
fraquezas dos nossos
irmãos. (PP. 125 a 128)
60. São Luís,
comunicando-se na
véspera do Natal na
cidade de Tours, alude à
festa da Natividade do
Menino Jesus para dizer
que os espíritas
deveriam também
alegrar-se e festejar o
nascimento da doutrina
espírita. (PP. 128 e
129)
61. A
Revue de maio é
aberta com novo artigo
-- o quinto e último
- a respeito dos
possessos de Morzine, no
qual Kardec afirma que
referidos fatos têm a
sua fonte na reação
incessante que existe
entre o mundo visível e
o invisível que nos
cerca e em cujo meio
vivemos. Diz o
Codificador: I) Em
Morzine abateu-se uma
nuvem de Espíritos
malfazejos e não será
com duchas nem alimentos
suculentos que eles
serão expulsos. II) Uns
os chamam diabos
ou demônios; o
Espiritismo os chama
simplesmente maus
Espíritos e
Espíritos inferiores,
o que não implica
uma melhor qualidade,
mas indica que se trata
de seres perfectíveis.
III) Os exorcismos
realizados revelaram-se
inúteis, porque sua
eficácia depende não das
palavras e sinais com
que são feitos, mas do
ascendente moral
exercido sobre os
causadores dos
distúrbios. (PP. 131 a
138)
(Continua no próximo
número.)