GERSON SIMÕES
MONTEIRO
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
É
preferível
salvar a
vida da
mãe
No caso da
menina de nove
anos estuprada
pelo padrasto,
grávida de
gêmeos e que, em
consequência
disso, corria
risco de morte
devido à
formação
incompleta dos
seus órgãos, é
evidente que a
interrupção da
gravidez, nessa
situação,
realizada pelo
Diretor Médico
da Maternidade
Cisam, em
Recife, está
prevista na
Doutrina
Espírita.
Segundo a
questão 359, de
“O Livro dos
Espíritos”,
publicado por
Allan Kardec em
1857, a prática
do aborto é
preferível
quando não há
outro meio de
salvar a vida da
mãe (aborto
terapêutico),
pois é lógico
que seja
sacrificado o
ser que ainda
não existe a
sacrificar a
vida da
gestante.
A lógica de
interrupção da
gravidez dessa
criança reside
no fato dela,
continuando viva
e
desenvolvendo-se
adequadamente,
poder engravidar
na vida adulta a
partir de uma
união conjugal
estável, e
receber em seu
ventre, como
filhos, os
mesmos Espíritos
que tiveram
frustradas as
atuais
experiências
reencarnatórias.
Queremos deixar
bem claro que,
no caso da
menina, somos a
favor da
interrupção da
gravidez em
razão do risco
de morte que ela
corria, mas não
em virtude da
gravidez
resultar de um
estupro, uma vez
que a Doutrina
Espírita não
aceita a prática
do aborto
Honoris Causa,
ou de ordem
moral.
Aproveito a
oportunidade
para dizer que
os defensores do
aborto,
argumentando que
o Estado é
laico, alegam
que as religiões
não podem
manifestar seus
pontos de vista
sobre a matéria;
por outro lado,
eles se esquecem
que o Estado não
é ateu.
A posição
espírita contra
o aborto é
alicerçada na
sua filosofia
espiritualista e
reencarnacionista,
conforme os
fundamentos
expostos por
Allan Kardec no
Cap. XI de “A
Gênese”, ao
descrever o
processo da
encarnação do
Espírito, dando
ideia clara e
precisa de que a
vida já começa
na concepção.