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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 101 – 5 de Abril de 2009

GERSON SIMÕES MONTEIRO 
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

   

É preferível salvar a
vida da mãe

 
No caso da menina de nove anos estuprada pelo padrasto, grávida de gêmeos e que, em consequência disso, corria risco de morte devido à formação incompleta dos seus órgãos, é evidente que a interrupção da gravidez, nessa situação, realizada pelo Diretor Médico da Maternidade Cisam, em Recife, está prevista na Doutrina Espírita.

Segundo a questão 359, de “O Livro dos Espíritos”, publicado por Allan Kardec em 1857, a prática do aborto é preferível quando não há outro meio de salvar a vida da mãe (aborto terapêutico), pois é lógico que seja sacrificado o ser que ainda não existe a sacrificar a vida da gestante. 

A lógica de interrupção da gravidez dessa criança reside no fato dela, continuando viva e desenvolvendo-se adequadamente, poder engravidar na vida adulta a partir de uma união conjugal estável, e receber em seu ventre, como filhos, os mesmos Espíritos que tiveram frustradas as atuais experiências reencarnatórias.

Queremos deixar bem claro que, no caso da menina, somos a favor da interrupção da gravidez em razão do risco de morte que ela corria, mas não em virtude da gravidez resultar de um estupro, uma vez que a Doutrina Espírita não aceita a prática do aborto Honoris Causa, ou de ordem moral. 

Aproveito a oportunidade para dizer que os defensores do aborto, argumentando que o Estado é laico, alegam que as religiões não podem manifestar seus pontos de vista sobre a matéria; por outro lado, eles se esquecem que o Estado não é ateu.

A posição espírita contra o aborto é alicerçada na sua filosofia espiritualista e reencarnacionista, conforme os fundamentos expostos por Allan Kardec no Cap. XI de “A Gênese”, ao descrever o processo da encarnação do Espírito, dando ideia clara e precisa de que a vida já começa na concepção.

Por isso é que os espíritas são contrários ao aborto, sejam por razões demográficas, econômicas, morais ou sociais de rejeição, seja por motivo eugênico, quando o nascituro apresenta anomalias físicas ou mentais. Portanto, o Espiritismo somente admite o aborto terapêutico, previsto em “O Livro dos Espíritos” (questão nº 359), para salvar a vida da mãe.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita