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Clássicos do Espiritismo
Ano 2 - N° 52 - 20 de Abril de 2008

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

O Fenômeno Espírita

(1a
Parte)


Gabriel Delanne

Iniciamos hoje o estudo do clássico O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne, conforme o texto da 4a edição publicada pela Federação Espírita Brasileira com base em tradução de Francisco Raymundo Ewerton Quadros. O estudo será aqui apresentado em 12 partes.

Questões preliminares  

A. Como Delanne define o Espiritismo?

R.: Delanne diz que o Espiritismo é uma ciência cujo fim é a demonstração experimental da existência da alma e sua imortalidade. E observa que, se o movimento espírita não ocupou ainda o primeiro lugar, deve-se isso a que seus adeptos negligenciaram pôr sob os olhos do público os fatos espíritas bem averiguados. (O Fenômeno Espírita, págs. 13 e 14.)

B. A evocação dos mortos era praticada pelos antigos hindus?

R.: Sim, mas o segredo da evocação era, segundo expõe Louis Jacolliot, em “Le Spiritisme dans le monde”, reservado àqueles que tivessem quarenta anos de noviciado e obediência passiva. (Obra citada, págs. 18 e 19.)

C. No Egito antigo e na Grécia conhecia-se a evocação?

R.: Sim. No Egito antigo é certo que evocavam os mortos, pois Moisés proibiu formalmente que os hebreus se entregassem a essas práticas, o que não impediu que o rei Saul consultasse uma pitonisa de Endor e se comunicasse, por seu intermédio, com a sombra de Samuel. Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Todos os templos possuíam as pitonisas, encarregadas de proferir oráculos, evocando os deuses. Homero conta, na “Odisséia”, como Ulisses conversou com a sombra de Tirésias. Tertuliano, na “Apologética”, diz que as mesas que profetizam eram um fato vulgar, mas, na antigüidade, o poder teocrático e o poder civil se uniram para interditar de uma forma generalizada as evocações. Não convinha que as almas dos mortos viessem contradizer o ensinamento oficial dos padres e dar a conhecer a verdade. (Obra citada, págs. 19 a 21.)

D. Por que a prática das evocações nunca interessou à Igreja Católica?

R.: Conforme Tertuliano observou, não convinha que as almas dos falecidos viessem contradizer o ensino oficial dos padres. Eis o motivo pelo qual a Igreja Católica, mais do que ninguém, combateu tais práticas, perseguindo e fazendo milhares de vítimas, sem piedade, pelo simples fato de haverem evocado os Espíritos. (Obra citada, págs. 20 a 22.)  

Texto para leitura

1. Gabriel Delanne abre este livro afirmando que o Espiritismo é uma ciência cujo fim é a demonstração experimental da existência da alma e sua imortalidade. Para Delanne, se o movimento espírita não ocupou ainda o primeiro lugar, deve-se isso a que seus adeptos negligenciaram pôr sob os olhos do público os fatos espíritas bem averiguados. (P. 13)

2. As obras francesas têm sido, segundo ele, meras repetições, com exceção dos livros de Eugène Nus, Louis Gardy e dr. Gibier, ou então não apresentam originalidade alguma, fato que contribuiu para retardar o movimento espírita. (P. 14)

3. A escola positivista baseia-se na experimentação. Imitemo-la: nenhuma necessidade temos de apelar para outros métodos, porque os fatos, como diz Wallace, são obstinados e deles não é fácil desembaraçar-se. (P. 14)

4. Em vez de apresentar aos incrédulos toda a doutrina codificada por Kardec, devemos dar-lhes, simplesmente, a ler  os trabalhos de mestres como Robert Hare, Crookes, Wallace, Zöllner, Aksakof, Oxon – os principais campeões do Espiritismo, conforme a opinião de Delanne. (P. 14)

5. Como diz Charles Richet, uma boa e completa experiência vale por cem observações. Melhor ainda – diz Delanne –, vale por dez mil negações, seja quem for o vulto que subscreva ditas negações. (P. 16)

6. O livro que ora examinamos não tem outras pretensões senão expor ao público as experiências feitas por homens eminentes, por mestres na difícil arte da observação exata, os quais nos deram provas evidentes da imortalidade da alma. (P. 16)

7. As crenças na imortalidade da alma e nas comunicações entre vivos e mortos eram gerais na antigüidade, mas o intercâmbio com os desencarnados constituía apanágio exclusivo dos padres, que monopolizavam essas cerimônias. (P. 17)

8. O livro dos Vedas, considerado o mais antigo código religioso que se conhece, afirma claramente a existência dos Espíritos e descreve sua ação sobre os encarnados. (P. 18)

9. Louis Jacolliot, em “Le Spiritisme dans le monde”, expõe claramente a teoria dos hindus sobre os Pitris, isto é, Espíritos que vivem no espaço depois da morte corporal, e diz que o segredo da evocação era reservado àqueles que tivessem quarenta anos de noviciado e obediência passiva. (P. 18)

10. A iniciação, entre os hindus, comportava três graus: I) no primeiro, eram formados todos os brâmanes do culto vulgar e os ecônomos dos pagodes ([1]) encarregados de explorar a credulidade da multidão. II) o segundo grau era composto dos exorcistas, adivinhos e profetas evocadores dos Espíritos. III) no terceiro grau, os brâmanes dedicavam-se apenas ao estudo das forças físicas e naturais do Universo e não mais tinham relação direta com a multidão. (PP. 18 e 19)

11. No Egito antigo é certo que evocavam os mortos, pois Moisés proibiu formalmente que os hebreus se entregassem a essas práticas, o que não impediu que o rei Saul consultasse uma pitonisa de Endor e se comunicasse, por seu intermédio, com a sombra de Samuel. (P. 19)

12. Apesar da proibição mosaica, houve sempre em Israel investigadores tentados por essas evocações misteriosas. “Qualquer pessoa que – diz o Talmud –, sendo instruída nesse segredo (a evocação dos mortos), o guarda com vigilância em um coração puro pode contar com o amor de Deus e o favor dos homens...” (PP. 19 e 20)

13. Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Todos os templos possuíam as pitonisas, encarregadas de proferir oráculos, evocando os deuses. Homero conta, na “Odisséia”, como Ulisses conversou com a sombra de Tirésias. (P. 20)

14. Tertuliano, na “Apologética”, diz que as mesas que profetizam eram um fato vulgar, mas, na antigüidade, o poder teocrático e o poder civil se uniram para interditar de uma forma generalizada as evocações. Não convinha que as almas dos mortos viessem contradizer o ensinamento oficial dos padres e dar a conhecer a verdade. (PP. 20 e 21)

15. A Igreja Católica, mais do que ninguém, tinha necessidade de combater tais práticas, e foi por isso que durante a Idade Média milhares de vítimas foram queimadas sem piedade, pelo fato de haverem evocado os Espíritos. (P. 21)

16. A heróica e casta figura de Joana d’Arc mostra como as comunicações com os Espíritos podem dar resultados grandiosos e inesperados. A história dessa jovem pastora, expulsando os ingleses de seu país, guiada pelos Espíritos, pareceria um conto de fadas caso a História não a tivesse registrado em seus anais. (P. 22) (Continua na próxima edição.)

 

[1]
Notas:

Pagode: templo que alguns povos asiáticos destinam ao culto e adoração dos seus deuses. Brâmane: entre os hindus, membro da mais alta das quatro castas e que, tradicionalmente, era votado ao sacerdócio, e se ocupava do estudo e do ensino dos Vedas. Ecônomo: eclesiástico incumbido da administração dos bens de uma abadia, um benefício, etc. 
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita