EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
O
cuidado com a
palavra
A luz do sol
multiplica aves
e árvores, relva
e areia.
Silencia ou
celebra e, para
seu bem sincero,
que abre noite e
estrelas,
Priva o cerrar
da tarde do
incauto
maldizer.
As leis divinas
instrumentalizam
o precioso
recurso da
reencarnação.
Nova
oportunidade é
dada ao
Espírito,
imortal, para
renovar
repertórios
mentais e
afetivos e,
desse modo,
desenvolver um
novo campo de
ação, apto a
ampliar a
percepção para a
verdade que
esclarece,
liberta e
amplia. Com
isso, alarga-se
também a
capacidade de
entendimento do
bem, da
caridade, como
recursos
terapêuticos e
promovedores da
espiritualização
da existência.
Mas, como
espiritualizar a
existência?
Na maioria dos
casos, as
principais
dificuldades do
ser humano estão
enraizadas nos
sentimentos e
pensamentos em
desalinho.
Muitas
alternativas
poderiam ser
sugeridas para a
condução do
realinhamento
mental-afetivo
sobre bases
articuladas e
comprometidas
com o bem.
Contudo, penso
que uma atitude
poderá ajudar
todo aquele que
se preocupa em
iluminar suas
ações por uma
vida atenta das
coisas
essenciais: o
cuidado com a
palavra emitida
e recebida.
“A
conversação
menos digna
deixa sempre o
traço da
inferioridade
por onde passou.
A atmosfera da
desconfiança
substitui,
imediatamente, o
clima da
serenidade. O
veneno de
investigações
doentias
espalha-se com
rapidez. Depois
da conversação
indigna, há
sempre menos
sinceridade e
menor expressão
fraterna”.
(1)
A condicionante
da fala indigna,
expressada no
vício da fofoca,
da calúnia, das
opiniões
ásperas, além de
induzir os que
ouvem ao engano
e ao malogro,
alimenta a
corrupção dos
pensamentos e
sentimentos
bons. A má
conversação, em
palavras
simples,
compromete a
saúde da
estrutura
mental,
obscurece as
energias
trocadas nos
relacionamentos,
o que dá, como
conseqüência
imediata,
endividamento no
plano
consciencial.
Desse modo, se
for para falar
mal, melhor
silenciar; se
for para
internalizar uma
má notícia,
melhor se fazer
de surdo.
Nos painéis da
vida, os
cenários de
relação abrem o
indivíduo, no
mundo, para o
enriquecimento
da capacidade de
enternecimento,
integridade e
troca de
mensagens
positivas. Mais
do que falar de
qualquer jeito,
disciplinar-se e
evitar situações
que fazem da
palavra o
transtorno de
uma ação carente
de bom senso, de
compaixão, de
respeito.
Como sabemos, as
palavras são
portadoras de
intenções e de
sentidos
(significados):
elas, então, são
agentes que
podem dignificar
a vida de
relação (a
prática do bem
dizer) ou
intoxicar a vida
de relação (a
prática do
maldizer). Logo,
o existir
responsável é
exigente também
da vigília nas
experiências
dialógicas.
Se a
indisciplina da
má conversação
está atada a
circuitos
mentais e
afetivos
desequilibrados,
que contaminam
os centros da
consciência e da
vontade, neste
caso, um dos
antídotos
indicados
perpassa pela
prática do
silêncio
(abster-se no
lugar de
maldizer) ou da
não-recepção da
mensagem
negativa, pois
ninguém pode
melhorar-se
aprisionado a
pensamentos e
sentimentos
menores.
Viver e querer
compreender a
vida como
Espírito em mais
uma experiência
corporal
solicita
aproximar-se da
consolação
ofertada pelo
Cristo à
humanidade.
Dessa forma,
para o próprio
bem, deve haver
de nossa parte
um alegre
esforço para dar
concretude, nas
nossas
experiências de
relação, às
palavras de
Emmanuel:
“Quando o
coração se
entregou a
Jesus, é muito
fácil controlar
os assuntos e
eliminar as
palavras
aviltantes”.
(2)
Bibliografia:
(1)
EMMANUEL
[XAVIER,
Francisco
Cândido]. Pão
Nosso. RJ:
FEB, 2006, p.
163.