MARCELO HENRIQUE
PEREIRA
cellosc@floripa.com.br
Florianópolis,
Santa Catarina
(Brasil)
A propaganda do
cartão VISA e a
idéia da
programação
encarnatória
Assisti, com
curiosidade, a
uma nova
propaganda dos
cartões de
crédito VISA,
que provoca
reflexões
interessantes.
Nela, uma voz
infantil
apresenta duas
pessoas: um
homem e uma
mulher, dizendo
que eles serão,
respectivamente,
seu pai e sua
mãe. Mas,
curiosamente, a
narradora diz
que “Eles não
sabem, ainda”.
As cenas vão
evoluindo,
apresentando
situações de
relativa
proximidade
entre os
protagonistas, e
a iminente
aproximação.
Tudo em face da
utilização do
tal cartão, que
paga refeições,
cinema,
viagens...
A cena final
coloca ambos,
lado a lado, em
poltronas de um
avião, dando a
entender que,
“enfim”, o
processo de
aproximação
entre tais seres
e a
possibilidade da
geração de um
filho
(encarnação do
Espírito)
tornam-se
evidentes.
O tema leva-nos
a oportunas
digressões, à
luz do
ensinamento
espírita.
A primeira delas
tem a ver com a
lei das
afinidades. Em
diversos
cenários da
vida, a simples
freqüência
(estada) em um
dado ambiente
favorece a
aproximação, a
conversa, a
sintonia, o
relacionamento.
Isto porque,
numa festa, num
show, num evento
comemorativo,
ou, até, numa
boate, estádio
de futebol,
cinema ou
teatro,
percebe-se uma
(relativa)
afinidade de
gostos e
preferências que
favorece o
início (ou não)
de um diálogo e,
havendo
interesse de
ambas as partes,
a amizade ou o
romance podem
acontecer. É o
que fica
evidente na cena
final, em que,
convivendo por
algum tempo (até
horas,
dependendo do
percurso aéreo),
aquelas pessoas
irão –
provavelmente –
conversar e
ampliar, por
certo, o
conhecimento
interpessoal, em
momentos
futuros.
A segunda
direciona-se ao
planejamento em
si, e a
perspectiva de
aproximação
entre seres
“comprometidos”.
Embora admitamos
a idéia de que
não existe um
“determinismo”
que prescreve
quem serão
aqueles seres
que
“forçosamente”
participarão de
nossas vidas, há
um planejamento
que significa,
no mínimo, a
proximidade de
certos Espíritos
em relação a
nós, como os que
convivem em
nossas famílias,
os amigos de
nossos amigos,
os vizinhos, os
colegas de
trabalho ou
estudo, etc.
Assim, a partir
da proximidade
física
(“forçada” ou
“apoiada” nas
contingências
dos eventos ou
cenários em que
estivermos),
torna-se
possível
conhecer novas
pessoas (novas,
no sentido de
que, antes,
nesta vida,
ainda não
tínhamos travado
com elas nenhum
contato, de vez
que, em variadas
situações, são
“velhos” amigos
– ou inimigos –
que se
reencontram).
A terceira e
última refere-se
ao direito de
escolha. Escolha
de afazeres,
ambientes,
objetos,
lugares, etc.
Escolha
decorrente de
gostos,
preferências.
Quem vai a um
show de
determinado
artista irá
encontrar,
invariavelmente,
“outros” fãs ou
admiradores do
trabalho daquele
profissional.
Isto, por si só,
já é elemento de
afinidade,
facilitando o
intercâmbio. É
comum dizer que
as pessoas se
completam,
porque são
diferentes entre
si, e encontram
– no outro –
aquilo que
“falta” em si
mesmas. Mas, é
impossível “ser
diferente em
tudo”, porque
tal
circunstância,
se real,
resultaria no
completo
distanciamento
entre os seres.
Senão, vejamos:
um adora música
clássica; o
outro prefere
música popular
brasileira. Um
adora futebol; a
outra prefere
balé clássico.
Um é “caseiro”;
a outra,
“festeira”. Uma
prefere a praia;
o outro, o
campo. E, assim,
sucessivamente...
Por fim, quero
mencionar a
“idéia” espírita
contida na fala
da criança, que
deseja
reencarnar:
“Eles não sabem,
ainda”. Não
sabem –
conscientemente
– porque o “véu
do esquecimento
do passado” não
permite, em
regra, que
tenhamos
detalhes dos
planos
pré-encarnatórios
(admitamos, como
exceção, as
lembranças do
passado em
fenômenos de
déjá-vu), de
modo que sejamos
inteiramente
livres para as
escolhas do
presente.